Arquitetura em Portugal ao longo dos tempos

Arquitetura em Portugal

A «Arquitetura portuguesa, como todos os aspetos da cultura de Portugal, é marcada pela história do país e os vários povos que se instalaram e influenciaram o atual território português.

Estes incluem os romanos, Suevos entre outros povos germânicos relacionados, visigodos e árabes, bem como a influência dos principais centros artísticos europeus a partir do qual foram introduzidos para os estilos arquitetónicos gerais: românico, gótico, renascentista, barroco e neoclássico.

Entre as principais manifestações locais da arquitetura portuguesa estão o manuelino, a versão portuguesa exuberante do gótico; e do estilo pombalino, uma mistura do barroco tardio e neoclassicismo que se desenvolveu depois do Grande Terramoto de Lisboa de 1755.»

A arquitetura megalítica

Para nos encontrarmos com os mais antigos monumentos arquitetónicos que a passagem dos homens deixou inscritos no território que é hoje Portugal, é necessário recuar no tempo, até ao III milénio a.C.

De facto, embora este extremo ocidental da Europa tenha sido povoado desde tempos muito mais remotos, é durante a época megalítica (que os arqueólogos datam entre 2300 a.C. e 1500 a. C.) que nos aparecem os dólmenes ou antas, os menires ou cromeleques e, ainda, as cisternas e os túmulos de falsa cúpula.

As antas ou dólmenes, na sua forma mais simples, têm apenas três elementos – dois esteios (pedras colocadas ao alto, formando uma parede) e a tampa.

Está hoje cientificamente provado que se destinavam a enterramentos.

A sua densidade em certos pontos é tal que nos leva a pensar que o Alentejo, por exemplo, devia nesses tempos ser mais povoado do que atualmente.

A arquitetura castreja

Extinta a cultura megalítica, os homens, durante longos séculos, não nos assinalaram a sua passagem por meio da arquitetura.

É só cerca do séc. VI a.C., com o advento da importante civilização castreja, que vemos não só reaparecer a arquitetura mas surgir um verdadeiro urbanismo.

Os castros ou citânias são povoações fortificadas, de casas de pedra, com ruas e muralhas, implantadas na maior parte dos casos em elevações de terreno e abrangendo, por vezes, áreas bastante extensas. (…)

A cultura castreja desenvolveu-se, sobretudo, ao norte do rio Douro, continuando pelo território da vizinha Galiza.

A casa castreja pode ter planta circular ou retangular – esta mais raramente. (…) As paredes são formadas de pedra solta, em feitio de cunha, colocadas em duas fiadas paralelas, com os intervalos preenchidos por terra ou barro. (…)

Um dos enigmas desta arquitetura diz respeito ao seu tipo de cobertura.

Telhado cónico, de colmo?

Telhado de colmo, mas de duas águas – ou só de uma?

Falsa cúpula?

Todas estas hipóteses têm sido debatidas, mas sem ter sido possível chegar a uma conclusão definitiva.

A arquitetura da época Romana

Os Romanos, que durante séculos ocuparam a Península Ibérica, deixaram no nosso país numerosos e importantes vestígios, infelizmente quase sempre em ruínas, com exceção das pontes, algumas das quais, como a de Chaves, que ainda hoje preenchem a sua função.

Conjuntos urbanísticos como o de Conímbriga, pela beleza e importância dos seus restos, atestas a elevada categoria das obras arquitetónicas realizadas em território português.

Em Évora, conservam-se os restos de um templo monumental, a que a tradição, aliás sem fundamento, atribui a invocação de Diana.

Em Lisboa há restos de um teatro romano que existiu na cidade e de que se conhecem referências literárias e até desenhos, que as atuais escavações têm demonstrado ser rigorosamente verdadeiros.

Outros vestígios, como a torre de Centum Coeli, perto de Belmonte, ou a Cova de Viriato, em Viseu, que é um acampamento legionário, não deixam dúvidas acerca da importância da estadia dos Romanos nesta faixa da Península

Por onde quer que passemos… mais explícita menos explícita… a presença constante do trabalho humano.

A arquitetura pré-românica

Entre as primeiras hordas de bárbaros que invadem este recanto do Império Romano e o advento das formas românicas da arquitetura, media um período pouco definido de muitas incertezas e interrogações.

No entanto, conhecemos hoje alguns edifícios dessa época e que se podem atribuir ao estilo que se convencionou apelidar de visigótico.

Citamos as basílicas  de Idanha-a-Velha, de Balsemão e de Famalicão da Nazaré.

Podemos, ainda, aqui incluir a igreja atualmente consagrada a Santo Amaro, em Beja.

A igreja de São Frutuoso

Um monumento muito discutido por muitos como um exemplar de arte visigótica, e sem dúvida dos mais belos de toda a Península, é a pequena igreja de S. Frutuoso, junto de Braga.

Construída na segunda metade do séc. VII, inspira-se no mausoléu de Galla Placídia, e, Ravena.

Apresenta a mesma planta em cruz de braços iguais, o mesmo corpo central de planta quadrada e os mesmos telhados de duas águas.

Já o material é diferente, pois que o tijolo utilizado na Itália é na capela minhota substituído pelo granito rijo, tão comum nas construções do norte. (…)

Os Muçulmanos, que ocuparam o Sul do País até ao reinado de D. Afonso III, pouco nos deixaram da sua arquitetura.

O edifício mais importante dessa época é a antiga mesquita transformada em templo cristão, que é hoje a igreja matriz de Mértola.

Capitéis de favo e outros restos soltos de edifícios destruídos, existentes em vários museus ou reaproveitados e ainda alguns elementos integrados em edifícios de carácter militar, documentam também as atividades dos construtores muçulmanos.

A arquitetura Românica

Arquitetura Românica faz a sua aparição – tardia – em Portugal, acompanhando o Conde D. Henrique, nos finais do séc. XI, e com ele a influência de Cluny, através dos monges beneditinos que o acompanharam na reconquista.

É hábito dividir a nossa arquitetura românica religiosa em dois grupos distintos:

– os das catedrais (Braga, Porto, Coimbra, Lamego, Lisboa e, em certa medida, Évora)

– e o das pequenas igrejas que enxamearam o norte do país.

A mais antiga igreja românica é a Sé de Braga, construída durante o bispado de S. Geraldo.

Hoje pouco se conserva da sua construção inicial: na fachada, de duas torres, existem restos de um portal com típica decoração da época.

O interior duma igreja românica

Como nota distintiva, temos a Sé Velha de Coimbra, que possui uma fachada sem torres com um corpo central saliente, onde se rasga o portal profundo, com várias arquivoltas repousando sobre colunelos decorados.

Este tipo de portais é comum a todas as igrejas românicas portuguesas.

Regra geral, o interior de uma igreja românica era sempre sombrio e nunca tinha em conta a visibilidade.

As paredes de pedra, nuas e austeras, são apenas rasgadas por estreitas frestas.

Os arcos que suportam o principal peso da abóbada estão assentes em pilares muito grossos, que deixam poucos espaços livres e tornam a igreja sombria.

A decoração é muito simples.

Os artífices são dispunham, nem de instrumentos nem de técnica que lhes permitisse trabalhar bem a pedra.

Os temas de decoração são geralmente imagens de santos, que servem para os fiéis analfabetos aprenderem os dogmas.

Muitas vezes, porém, o artista dava largas à sua imaginação e à sua criatividade, gravando na pedra cenas da vida quotidiana e outros motivos que estavam fora do campo religioso.

As grandes catedrais e a pequenas igrejas lado a lado

Ainda dentro da arquitectura românica, ao lado das grandes catedrais, pulularam as pequenas igrejas, sobretudo no norte do país, onde o desenvolvimento das ordens religiosas provocou a construção de inúmeros edifícios conventuais, (…) da maior parte das quais apenas chegaram até nós as igrejas, transformadas em paróquias.

Estas igrejas são, na sua maior parte, de factura rude e simples.

A decoração concentra-se nos portais, (…) nas janelas e nos capitéis (…).

Nos capitéis dos portais é usual existir uma temática decorativa característica, em que predominam os elementos vegetalistas e geométricos.

São raros os temas animais e as representações humanas. (…)

No entanto, o portal da igreja de Bravães exibe uma Anunciação de grande rudeza de execução (…).

Os tímpanos com representações humanas são igualmente raros (…) mas encontram-se na igreja de S. Pedro de Rates.

(…) Outros portais oferecem-nos uma enorme teoria de personagens, como acontece na antiga igreja de Vilar dos Frades. (…)

Sobre a planta e a cobertura

No que se refere à planta e cobertura destas pequenas igrejas, a maior parte possui apenas uma nave, coberta de telhado com travejamento de madeira.

As absides apresentam-se, na sua maioria, de planta retangular, e outras, em menor número, são semicirculares.

«A arquitetura civil do período românico está representada entre nós apenas por um monumento, a célebre Domus Municipalis de Bragança, que é dos raríssimos vestígios da arquitectura civil do séc. XIII existente no nosso país.

O bonito nome latino que lhe dão é uma fantasia dos eruditos românicos; o que o povo lhe chamava era “casa da água“.

É possível que o edifício tivesse sido construído para servir de reservatório de água da povoação.

Este edifício compõe-se de uma sala de planta pentagonal, irregular, erguido sobre uma cisterna, com janelas de arcos redondos, por cima das quais corre uma cornija de granito, sustentada por uma cachorrada.

Mas essa cornija, aparentemente com função decorativa, contém a explicação do edifício: a pedra está desbastada por cima, e funciona como um grande algeroz a toda a volta do edifício, recolhendo as águas da chuva do telhado e depositando-a na cisterna.» (1)

A Arquitectura Gótica

Em Portugal, a arquitectura românica prolongou-se por todo o século XIII, e o estilo gótico só muito tardiamente consegue impôr as suas formas.

Embora com raízes desde o século XIII (D. Sancho II), só conhece o seu período de desenvolvimento a partir de D. Afonso III, e anda ligado ao estabelecimento, no nosso país, das ordens mendicantes.

É, principalmente, um gótico de grandes abadias, revestindo-se de uma grande simplicidade, quer na estrutura dos edifícios, quer na decoração.

O Mosteiro de Alcobaça é o primeiro monumento gótico português. A ausência de ornamentação, associada à brancura da pedra em que foi construído, cria aquele ambiente de austeridade tanto de acordo com as prescrições de S. Bernardo.

O claustro, a sala do capítulo, o dormitório, o refeitório, subordinam-se às mesmas regras.

O claustro assume especial significado, pois é a partir dele que foram planeados os das grandes catedrais românicas de Coimbra, Lisboa e de Évora.

Mas foi esta, talvez, a única contribuição de Alcobaça para o gótico português.

O Mosteiro de Santa Maria da Vitória

O perfeito exemplar do gótico português é o Mosteiro da Batalha, dedicado a Santa Maria da Vitória, começado a construir em 1388, em consequência de um voto de D. João I e comemorando a batalha de Aljubarrota.

É, em certos aspetos,  mais significativo do que Alcobaça, não só pela sua originalidade em relação à arquitetura estrangeira da época, como pelo influência que exerceu na arte portuguesa.

Na construção deste monumento podem distinguir-se diversas épocas.

A primeira deve-se ao arquiteto Afonso Domingues, cuja obra realizada é de estrita inspiração nacional e que se reflecte sobretudo no traçado.

Sucede-lhe mestre Huguet ou Ougguete (inglês ou francês) que traz um espírito inteiramente diferente, denotando profundo conhecimento da arquitectura gótica de Inglaterra.

São trabalho seu as abóbadas do Claustro Real e da Sala do Capítulo; a fachada poente, a “Capela do Fundador” e as “Capelas Imperfeitas“, espécie de panteão inacabado da dinastia de Avis e que denunciam já uma fase avançada, a do gótico flamejante.

Ao ciclo da Batalha ligam-se: a Igreja do Carmo, em Lisboa, a Sé da Guarda e São Francisco de Guimarães.

O Românico opõe-se ao Gótico

A oposição entre o Românico e o Gótico traduz a oposição entre duas conceções de vida.

Entre o Românico e o Gótico há elementos comuns que tomam formas diferentes, reflectindo a evolução da atitude do Homem perante a vida.

Assim, a arquitectura românica apresenta uma submissão às leis e à ordem, visíveis principalmente na sua construção geométrica, enquanto que a arquitectura gótica segue a lógica da vida: a fachada é mais leve e cheia de movimento.

No gótico quase tudo é novo: a estrutura da construção, a inspiração, a decoração.

A abóbada de nervuras permite distribuir o peso pelas colunas que a suportam, libertando as paredes.

Estas passam a ser mais finas, mais altas e a poder ser rasgadas com grandes aberturas, que serão decoradas com vitrais – os janelões e as rosáceas.

Em contraste com as igrejas românicas “agarradas à terra” as igrejas góticas aparecem elevadas, em direcção ao céu, o que demonstra bem as modificações de atitudes do Homem para com a Igreja e para com o Mundo.

As formas decorativas são múltiplas, constituindo um autêntico livro de imagens, feito em pedra, que conta a história de uma religião.

Ao entrar na igreja, o fiel encontra na fachada cenas da vida de Cristo, dos Santos, do Antigo e do Novo Testamento, que o acolhiam e preparavam para o acto que ia assistir.

A Arquitectura Manuelina

Ao longo do século XVI, a influência renascentista vai-se fazendo sentir em toda a Europa, derrotando a pouco e pouco o gótico.

Mas nem todas as zonas criaram formas artísticas idênticas.

Vamos, por isso, encontrar na Europa outros estilos à escala nacional, que nascem por influência de elementos diversos.

Em Portugal está, neste caso, o estilo Manuelino, assim chamado por os seus monumentos mais representativos datarem do tempo de D. Manuel I, e que aprece como uma consequência dos descobrimentos marítimos.

É um misto do gótico flamejante europeu e da decoração naturalista da Renascença, com o cunho vincado da nossa múltipla experiência marítima.

O que caracteriza os edifícios manuelinos é, sem dúvida, a decoração. “Sinfonia naturalista transposta em pedra” lhes chamou Bazin.

É de facto uma sinfonia em que os elementos ligados à arte da natureza (folhas, frutos e até animais) se interligam com elementos ligados à arte da marinharia (cordas, instrumentos náuticos), etc.

A igreja do Mosteiro dos Jerónimos

A primeira das grandes igrejas-salão de três naves da época manuelina é a igreja de Jesus em Setúbal, obra do francês Diogo Boitaca.

Mas a mais original, e, sem dúvida, uma das mais notáveis de toda a Europa, é a de Santa Maria de Belém, vulgarmente conhecida como igreja dos Jerónimos, em que uma abóbada única cobre as três naves à mesma altura.

Esta cobertura singularíssima constitui uma das características mais originais da arquitetura Manuelina.

Arquiteto de vulto na construção do Mosteiro foi, também, João de Castilho, sendo motivo de grande interesse o cruzamento de estilos entre os dois arquitetos.

Esse fenómeno é particularmente saliente no claustro onde a solidez da abóbada de cruzaria de pendor nitidamente gótico (Boitaca) se funde harmoniosamente com a arte plateresca de Castilho, visível no tratamento delicado das faces dos arcos e das pilastras.

A Diogo de Arruda se deve a célebre Charola de Tomar, e ao irmão, Francisco de Arruda, a Torre de Belém, obra prima da arquitectura militar portuguesa, onde se misturam elementos do último gótico e decorações renascentistas.

Arquitectura Renascentista

O renascimento italiano em Portugal, ao nível da arquitectura, terá tido o seu início cerca de 1495, durando cerca de quarenta anos, durante os quais formas clássicas rompiam, timidamente, pelo meio de um gótico final – manuelino – que, por vezes, as engolia na voragem exótica da sua decoração.

Assim, temos um Renascimento fugaz, que surge em algumas soluções construtivas e decorativas do Mosteiro dos Jerónimos, a par de uma fortíssima infraestrutura gótica e de elementos que vão do plateresco até ao manuelino.

Deparam-se-nos edificações, algo dispersas, em que a temática renascentista assume a exclusividade, casos da minúscula joia que é o templo tomarense de Nossa Senhora da Conceição, e da discutível igreja do Bom Jesus de Valverde, em Évora. (1)

Arquitectura Maneirista

Em Portugal, o maneirismo prolonga-se pelo século XVII, fazendo a transição do classicismo renascentista para o barroco, que aqui se afirma tardiamente.

Os seus principais centros localizaram-se em Lisboa, Évora, Coimbra e Porto, e a influência italiana dominou Portugal durante os séculos XVI e XVII, através de arquitetos italianos como Serlio e Filippo Terzi.

Este último fundou em Lisboa uma conhecida escola de arquitetura e dirigido a construção de diversos monumentos importantes como, por exemplo, São Vicente de Fora, em Lisboa.

Entre as mais belas joias desta arquitetura devem mencionar-se a Sé Nova de Coimbra, a Igreja de S. Bento, no Porto, e a Igreja da Graça de Évora.

Os Jesuítas

 A conceção jesuítica da religião e o seu método de ganhar almas para Deus mediante um chamamento de atenção e de imaginação populares, tiveram grande impacto na arquitectura.

A maior parte das igrejas jesuíticas (S. Roque, em Lisboa, Espírito Santo, em Évora), não tinham praticamente alas laterais, reduzindo-se a maioria das capelas a nichos na parede.

Desta maneira, toda a igreja surgia como um vasto salão, obrigando os olhos e os espíritos fiéis a voltarem-se apenas para o púlpito e o altar-mor.

Este género de templo teve, também, o seu modelo em Itália, na importante igreja de Gesú, em Roma.

No interior das igrejas surgiu e desenvolveu-se um tipo de decoração extremamente rico.

Incluía azulejos de cores variadas e a famosa talha dourada cobrindo por completo os altares.

O Barroco em Portugal

O barroquismo é uma modalidade especial de visão de formas, fora do tempo e da própria evolução dos estilos, caracterizado por um dinamismo de linhas, planos e volumes, que se desenvolvem no espaço, criando perspectivas aéreas, sentido de assimetria e de profundidade, em tudo oposto à harmonia e equilíbrio das formas clássicas.

Em Portugal, o barroco tem uma expressão mais decorativa do que arquitectural.

No século XVII, é mais no interior do que no exterior dos monumentos que a sua originalidade se revela.

A talha dos altares, tectos, púlpitos, órgãos e cadeiras, com o revestimento azulejado dos muros, constituem elemento primordial e o mais expressivo da nossa arte barroca.

Existe uma diferença, por vezes frisante, entre o barroco do Norte e o do Sul.

No Norte dominam como materiais, o granito e o castanho, a par de uma tradição arcaisante, enraizadas por dois séculos de românico.

No Sul domina o mármore e a forte tradição da Renascença, de que não só Coimbra, mas também Évora, foram centros de irradiação e sobrevivência.

A Biblioteca da Universidade de Coimbra

A expressão do barroco em terras portuguesas atingiu uma extensão verdadeiramente extraordinária.

Em Coimbra, aponta-se a construção da Biblioteca da Universidade, cujo autor se desconhece, mas que possui uma das mais notáveis decorações da época.

Na arquitetura de Mafra sentem-se as influências das grandes abadias do Sul da Alemanha e da Áustria, e das construções do barroco romano do século XVII.

Foi arquiteto desta obra gigantesca, “monumento maior do que o reino”, o famoso Ludovice.

Outro grande arquiteto estrangeiro foi o toscano Nicolau Nasoni, que dominou  arquitetura no Porto e as suas irradiações no Norte.

A sua obra-prima foi a Torre dos Clérigos.

A planta elíptica dos Clérigos traduz logo nessa forma, rara entre nós, o seu barroquismo.

Mas é a fachada e a sua decoração talhada no granito, com um sentido de volume e uma prolixidade de formas que deram ao barroco de Nasoni uma exuberância que não tivera na própria Itália.

A Torre dos Clérigos, ponto de mira dos navegantes da costa  é, certamente, a mais bela de Portugal, pelo elegância das suas proporções e formas, e pelo carácter semi-austero e semi-exuberante da sua decoração granítica.

O Neoclássico

O Neoclassicismo entrou em Portugal pela mão de estrangeiros (franceses, italianos e ingleses) antes dos nossos arquitectos terem iniciado o ciclo nacional deste novo estilo.

Os arquitectos portugueses nunca sentiram com grande entusiasmo o espírito da Renascença, por isso, não admira que também não sentissem nem adoptassem com grande ansiedade o estilo neoclássico, isto é, a volta às formas da Renascença, um gosto que não estava nas suas tradições e sensibilidade assimilar.

Por isso, nas suas primeiras obras sobrevivem, ainda, reminiscências do barroco nas igrejas, como na talha decorativa dos altares, e em várias formas ornamentais como a ourivesaria, o mobiliário e o azulejo.

Em rigor, só depois de 1770 é que o nosso neoclassicismo domina a evolução arquitetónica, sendo, por isso, também conhecido como arte de D. Maria I.

A influência neoclássica fez-se sentir sentir já no Palácio de Queluz, da autoria do arquiteto Mateus Fernandes e do francês Robilon.

Aí se ergueu, num pavilhão a poente, uma elegante colunata dórica, fazendo intervir elementos neoclássicos no conjunto do barroco anterior.

A igreja da Estrela integra, também, o novo ciclo, assim como a igreja da Memória à Ajuda.

Também o Picadeiro de Belém, onde funcionou, até há bem pouco tempo, o Museu dos Coches.

A arquitectura neoclássica permanece em Lisboa até bem dentro do século XIX com a construção do novo teatro de ópera, que se chamou de S. Carlos, e do teatro D. Maria II.

Fontes: Flórido de Vasconcelos in “A Arte em Portugal” (textos adaptados) | (1) – José Hermano Saraiva, in “O Tempo e a Alma” II vol.

Curiosidades

A toponímia dá-nos excelentes possibilidades de localizarmos a existência atual ou remota de monumentos megalíticos.

Nomes de localidades, tais como: Anta, Antela, Mamoa, Mamoinha, Meimoa, Arca, Arcela, Orca, etc., são evidente sinal da existência de dólmenes.

“O termo barroco, na sua significação histórica aplicada à arte, indica o período que fica entre o classicismo do século XVI e o neo-classicismo do século XVIII. (…)

Pretende-se que barroco provenha de uma palavra portuguesa ou espanhola que quer dizer pérola irregular, e nesta designação, inicialmente pejorativa, está o elemento fundamental da sua definição.

Com efeito, a estética barroca, substituindo a linha pelas massas, o equilíbrio pelo movimento, a cor uniforme pela policromia, tem um carácter essencialmente dinâmico…”. (Enciclopédia Luso-Brasileira)

Dizeres sobre a arquitectura:

Olho de mestre é régua, nariz é compasso.

Não se regula o pão pela côdea, nem a casa pela frontaria.