A antiga Região de Turismo da Serra do Marão

A antiga Região de Turismo da Serra do Marão abrangia um território extenso e diversificado: dentro das suas fronteiras, podiam encontrar-se paisagens próprias do Minho, do Douro e de Trás-os-Montes.

As Terras de Basto

As paisagens minhotas, correspondentes às chamadas Terras de Basto, são verdes, alegres e maneirinhas, salvo no topo das montanhas, onde parece aflorar a rudeza de Trás-os-Montes.

Um bom cliché para as definir seria uma videira de enforcado, enrolada no tronco de um choupo, na borda de um milharal, com serra por fundo.

Aspeto de vinha de enforcado

Nas povoações, geralmente escassas e concentradas, avultam solares, muitas vezes rodeados de sebes de buxo que os defendem de olhares estranhos.

Mas a espécie vegetal que marca os seus jardins é outra, mais delicada: a japoneira ou camélia, uma árvore vistosa e delicada que se desentranha em flores e perfume no seu tempo. Celorico de Basto é conhecida por ser a Capital das Camélias!

Quanto à parte achegada ao Douro, temos ainda de considerar duas partes distintas.

O Douro Vinhateiro

Aquelas que mais prontamente associamos ao chamado Douro vinhateiro têm uma orografia pronunciada, com grandes montes sobranceiros ao rio, em muitos dos quais se erguem capelas e miradouros: São Domingos, São Leonardo de Galafura, Senhora da Azinheira

Os montes aceitam o cultivo da vinha em socalco até altitudes consideráveis; cá ao fundo, junto ao rio, reina a laranjeira.

As cristas dos montes, sáfaras, são geralmente coroadas de pinhal ou eriçadas de penedos.

A imagem dominante. contudo, é dada pelos vinhedos, a que a geometria dos geios dá um toque quase de jardim.

Também aqui as aldeias são notavelmente concentradas. Toda a terra é pouca para o cultivo da vinha.

Esta paisagem acompanha o troço do rio Douro na sua descida até Barqueiros.

A partir daí, o microclima mediterrânico desaparece. Passa a dominar o pinhal, com horta e milharal nas terras férteis.

Vale do rio Douro em Mesão Frio

Trás-os-Montes

As paisagens transmontanas caracterizam-se pela grandeza e pela solenidade austera; são muitas vezes pedregosas, como na Serra do Alvão, onde incontáveis blocos de granito parecem ter sido derramados a capricho.

As terras fundas dos pequenos vales que bordejam as linhas de água podem ser notavelmente férteis.

Como estamos em zona de minifúndio, a terra arável é então uma manta de retalhos, em distintos tons de verde que se harmonizam entre si.

Bonito de ver, o diálogo entre o rude e estas pequenas manchas de feracidade.

Dominam espécies arbóreas de grande porte, como o castanheiro e o carvalho roble, que dão carácter e nobreza à paisagem.

Nas pequenas aldeias, há casas que assentam muitas vezes diretamente sobre a rocha ou fazem mesmo desta a parede mestra. Quando não são rebocadas, parecem elas mesmas um acidente da natureza, e não um produto do engenho do homem.

Paisagem de montanha com espigueiros

Paisagens naturais

Apesar de tão diferentes nas suas feições físicas, estas três paisagens têm em comum a amplidão dos horizontes e a pureza dos ares.

Depois, cada uma delas tem os seus atrativos próprios, muitas vezes com o picante de constituírem quase um segredo que se vai desvendando e ainda assim permanece segredo.

É uma região que proporciona o lazer e a leitura dos itens recomendados pelos roteiros, mas também um conhecimento profundo dos valores paisagísticos, ambientais e humanos.

Na área da região encontra-se uma das mais importantes e interessantes áreas protegidas do País, o Parque Natural do Alvão.

 

Para ler: Algumas razões para visitar Amarante, a “Princesa do Tâmega”

 

A caça e a pesca

Existem também boas condições para a caça e a pesca.

Ainda há, em muitos lugares, perspectivas razoáveis de fazer um bom cinto, seja de caça menor, como a perdiz, o coelho e a lebre, seja de caça grossa, como o javali.

De igual modo, as inúmeras linhas de água criam diversas espécies piscícolas, das quais a truta é rainha, para os amantes das emoções da pesca à cana.

As albufeiras do Douro são uma reserva inesgotável de espécies desportivas muito apreciadas pela maneira como se debatem na ponta da linha, como o barbo ou a carpa.

Os rios, especialmente o Douro e o Tâmega. prestam-se à fruição da alegria de sentir no rosto a brisa que corre à flor da água enquanto se passeia de barco ou se pratica algum desporto aquático.

As gentes

Tanto como a paisagem e o ambiente, a gente que as habita é um motivo de atração.

O mundo rural conserva modos de ser e de estar, usos e tradições, manifestações culturais e vivências de trabalho e ócio, que despertam interesse.

No fundo, é um reencontro com as raízes rurais que são comuns a todo o homem.

São inúmeros os aspetos suscetíveis de motivar uma visita. As festas, feiras e romarias, por exemplo.

Vale a pena passar duas horas perdido entre o povo anónimo que celebra numa romaria a sua devoção por um santo.

Procissão a sair de uma capelinha no alto da serra

E observá-lo: a fazer duas ou três mercas nas tendas que dão colorido ao recinto; a engolir uma bucha na tenda de comes-e-bebes; a rezar, cumprir promessas e acompanhar a procissão; depois, a puxar do cabaz da merenda e repartir dela com quem venha; e por fim, a tentar uma subida ao pau ensebado na mira de ganhar um bacalhau, um cabrito ou um garrafão de vinho.

O artesanato regional

No artesanato – que não é mais do que o produto do engenho do homem perante os desafios da vida do campo, e que o homem citadino aprendeu a aprecia, respeitar e colecionar – vale a pena referir, pela perfeição da obra acabada, os linhos que mãos rudes mas amorosas tecem nas aldeias serranas, em velhos teares manuais, os barros negros de Bisalhães, os bordados, a cestaria, a latoaria.

Artesanato típico: barro negro de Bisalhães

Tudo isto está hoje acessível, quer por estrada, quer por caminho-de-ferro, quer por avião, quer ainda por via fluvial.

Fonte: Brochura promocional editada pela antiga Região de Turismo da Serra do Marão