Abraão, «pai de inúmeros povos»
Abraão
O primeiro grande patriarca da nação de Israel, Abraão é também venerado por cristãos e muçulmanos como a epítome da fé humana na vontade de Deus.
Abraão é venerado como o pai da nação hebraica
O primeiro livro da Bíblia, o «Génesis», descreve como ele se fixou na Palestina, a pátria bíblica dos Judeus.
À parte de ser uma importante figura judaica, ocupa também um lugar relevante na doutrina cristã que o descreve como um homem de fé indiscutível.
De Ur, na Caldeia, a Hebron, em Canaã
Abraão
viveu originariamente na terra dos Caldeus, na cidade de Ur, situada na confluência dos rios Tigre e Eufrates, no que é hoje em dia o Iraque.
Era então conhecido por Abraão (que significa «Pai excelso»).
Partiu de Ur aos setenta e cinco anos, com a sua mulher Sarai e o sobrinho Lot, e viajaram durante muitos meses pelos atuais Iraque, Turquia e Síria até chegarem a Hebron (atualmente o Sul de Israel).
O povo de Abraão era tradicionalmente nómada, viajando com os seus rebanhos de pastagem em pastagem.
Contudo, estas deslocações do povo de Abraão eram feitas intencional- mente, pois Abraão acreditava que Deus lhe ordenara que partisse de Ur e fundasse uma nova pátria para os seus descendentes, embora fosse velho e não tivesse filhos.
Adotou o nome de Abraão, «o pai de muitas nações», e a mulher tornou-se Sara, «princesa».
A obediência de Abraão à vontade de Deus
Abraão
esteve muitos anos sem ter filhos e, como a mulher era já velha, recorreu a Agar, escrava da mulher, que lhe deu um filho, Ismael.
Contudo, Sara, que já desesperava de ter um filho, teve a resposta às suas preces com o nascimento de lsaac.
Para comprovar a fé de Abraão, Deus ordenou-lhe que conduzisse Isaac ao cimo de uma montanha e o sacrificasse pela morte.
Embora entristecido com a missão, Abraão levou o filho para o monte Mória, amarrou-o e preparou-se para o matar.
Satisfeito por Abraão estar disposto a obedecer-Lhe até ao ponto de perder o filho querido, Deus ordenou-lhe, no último instante que, amarrasse um cordeiro pelos chifres aos arbustos mais próximos e o sacrificasse em substituição do filho.
Pai de inúmeros descendentes
Abraão
viveu até aos cento e setenta e cinco anos de idade, segundo a Bíblia, e quando morreu foi sepultado numa caverna, a primeira parcela de terreno que comprara ao chegar à «Terra Prometida».
Por intermédio de Isaac e de seu filho Jacob (Israel), que teve doze filhos, os descendentes de Abraão povoaram a terra e formaram a raça judaica, conforme fora prometido a Abraão ao deixar a terra dos Caldeus. 1
O chamamento de Abraão
O momento em que Deus chamou Abraão para que deixasse a sua pátria em destino a uma terra desconhecida marca o primeiro grande ponto de viragem na história bíblica.
Nas primeiras narrativas do Génesis – de Adão e Eva a Noé, à Torre de Babel – Deus foi sempre mostrado tratando com a humanidade inteira.
Mesmo quando salvava pessoas individuais como Noé e a sua família, salvava-os de uma condenação que se aplicava a todo o mundo.
Em Abraão há uma diferença: Deus escolhe um determinado homem e a sua família para serem os recebedores da sua revelação, do seu cuidado e das suas promessas especiais.
A princípio, nada se diz da razão por que Abraão foi escolhido; o livro do Génesis limita-se a contar a história, iniciando com ela uma saga familiar, a história do povo escolhido, que continua longo da Bíblia.
À medida que avança, a narrativa revela-nos Abraão como um homem de fé e obediência admiráveis, que se eleva e fica digno da proteção de Deus.
Mas é Deus o ator principal: Deus decide chamar Abraão, condu-lo a uma nova terra que promete aos seus descendentes, salva Abraão dos seus próprios erros e falhas, dá-lhe um filho e experimenta a sua fé, e continua a sua aliança com os descendentes de Abraão.
Abraão recebe todas estas dádivas, promessas e provações com fé, gratidão e uma nobre submissão – merecendo na verdade ser chamado «o pai de todos nós» (Rm 4, 16). 2
1 “Personagens da História” (editado e adaptado)
2 “Grandes Personagens da Bíblia” – Dicionário Biográfico Ilustrado
