Turismo em Portugal

Alto Douro Vinhateiro – património mundial

A tradição do vinhedo do Douro remonta à Era Romana.

Esta foi a primeira região demarcada do mundo, criada em 1756 pelo marquês de Pombal.

Durante séculos, produziu apenas o famoso Vinho do Porto, sendo o vinho de mesa considerado um produto de menor qualidade.

Mas esta filosofia mudou e os vinhos de consumo aqui produzidos são agora tão nobres como o Vinho Fino.

Na região existem centenas de quintas produtoras de vinhos, muitas delas com belos solares, onde se pode visitar as vinhas e a adega, provar a comprar vinho ou participar em trabalhos vitícolas.

Nesta região, a vinha é tradicionalmente plantada em terraços ou socalcos, que compõem a inconfundível paisagem do Douro.

Graças às novas tecnologias, apareceu, recentemente, o chamado plantio ao alto, que facilita todo o trabalho de produção, mas que vem alterar profundamente a paisagem.

O Vinho do Porto é, efetivamente, o maior embaixador de Portugal nos quatro cantos do mundo, mas, na verdade, foram os Ingleses que o inventaram, no século XVII, ao acrescentarem aguardente aos vinhos do Douro, para não azedarem na viagem até Inglaterra.

Viram que quanto mais forte e doce, melhor era o vinho, e a receita foi sendo aperfeiçoada até hoje. Para muitos, a pisa em lagares e o envelhecimento em cascos de carvalho são essenciais para a qualidade do vinho. (1)

Douro: património natural e cultural

No mosaico da paisagem natural portuguesa sobressai a paisagem vinhateira do Alto Douro. Um rio, vindo de longe, sulcou os montes xistosos e graníticos criando vales profundos. A inspiração e o labor do homem duriense moldaram, por seu turno, as encostas em socalcos de vinhedos admiráveis.

A adaptação desta paisagem-recurso à atividade vinhateira multissecular, enraizada em diversas culturas, levou a UNESCO a considerar, a 14 de Dezembro de 2001, o Alto Douro Vinhateiro como uma “paisagem cultural, evolutiva e viva” – um valor excecional e universal de paisagem vitícola.

Todavia, a região duriense não possui apenas um património mundial (o Alto Douro Vinhateiro).

É detentora de uma notória concentração de arte rupestre ao ar livre: a Arte Rupestre do Vale do Côa, classificada a 2 de Dezembro de 1998 como sendo “uma obra-prima do génio criador humano”.

 

Para ler: O Alto Douro, visto pelos olhos de Miguel Torga

 

O Douro preserva ainda no seu espaço um número significativo de

Áreas Protegidas

– Parque Natural do Alvão,

– Parque Natural do Douro Internacional e a

– Paisagem Protegida da Albufeira do Azibo.

O rio liga, igualmente, a outro bem da Humanidade: o Centro Histórico do Porto, outro património consagrado pela UNESCO em 1996.

Venha conhecer e apreciar uma rota excecional que liga o Natural, o Histórico, o Cultural e o Humano, pontuado por três marcos mundiais.

Douro: a história multissecular de um rio e de um vinhedo

A presença humana no Vale do Douro remonta à época pré-histórica, sendo inúmeros os sítios arqueológicos que atestam a sua ocupação (Arte Rupestre do Vale do Côa).

Por volta do século XII, chegam ao Vale do Douro os monges brancos de Cister (Rota de Cister).

Criam mosteiros (São João de Tarouca, Santa Maria de Salzedas, S. Pedro das Águias) e ensinam as gentes durienses a aperfeiçoar o cultivo da vinha e a fabricar diferentes vinhos.

Da Idade Média, permanece ainda no território uma rede de castelo edificados ou reconstruídos, em grande parte no reinado de D. Dinis (XII-XIV), para a defesa do reino contra os inimigos leonês e castelhano (Lamego, Carrazeda de Ansiães, Mogadouro, Freixo de Espada à Cinta, Bemposta, Miranda do Douro, Numão).

 

Para ler: Favaios – Aldeias Vinhateiras do Douro

 

Na Idade Moderna

No dealbar da Idade Moderna, D. Manuel favorece o transporte e o comércio dos vinhos do Douro até à cidade do Porto.

A ligação do Douro ao Porto começa a cimentar-se nesse período (barcos rabelos).

No século XVII, surge a primeira alusão ao “vinho do Porto”.

Neste mesmo século, o vinho do Porto já é exportado para Inglaterra.

O Tratado de Methuen (1703) veio impulsionar ainda mais o comércio do vinho do Porto para Inglaterra.

No século XVIII, a crise nas exportações do vinho do Porto leva a grandes vinhateiros a pedirem a intervenção do Estado.

O ministro de D. José I, Sebastião José de Carvalho e Melo (mais tarde Marquês de Pombal), cria, em 1756, a “Companhia Geral da Agricultura das Vinhas do Douro”.

O Douro converte-se, assim, na mais antiga Região Demarcada do Mundo.

Figuras notáveis do Douro no séc. XIX e os vinhos

No século XIX, ficam nos anais da viticultura duriense duas figuras notáveis:

Dª Antónia Ferreira, uma excecional gestora de várias Quintas do Douro,

– e o 1º barão de Forrester, Joseph James Forrester, um dos principais comerciantes dos vinhos do Porto, na altura.

As castas

O aperfeiçoamento do plantio das diferentes castas de vinha (Touriga Franca e Nacional; Tintas Roriz e Barroca; Tinto Cão) e o processo de fermentação do mosto com a aguardente vínica garantiram, desde tempos afastados, um vinho excecional (Vinho do Porto).

Contudo, os vinhos do Douro não são apenas os vinhos generosos denominados por vinhos do Porto (tawny, ruby, vintage, late bottled vintage – LBV), apresentam também uma extensa variedade de vinhos de mesa, de espumantes e de moscatel.

A ligação ferroviária ao mundo

Nos finais do século XIX, na década de 70, foi construída a linha do caminho-de-ferro, ligando o Porto ao Pinhão ou a Barca D’Alva.

O comboio era, na época, um transporte moderno e fundamental para o desenvolvimento da região.

Hoje, é um marco da “paisagem cultural, evolutiva e viva” (Alto Douro Vinhateiro – Património Mundial) e um produto turístico de exceção (Comboios Históricos do Douro; linhas do Douro, Corgo e Tua).

Por tudo isto, vale a pena vir admirar e fruir o território onde se produzem dos melhores vinhos do mundo.

Douro: um território onde a tradição e a inovação se encontram

A história, a tradição, a herança de antanho estão gravadas no património material e imaterial do Douro.

Do património religioso e monumental ficaram

– as sés-catedrais (Sé de Lamego, Vila Real, Miranda do Douro, Moncorvo),

– as inúmeras igrejas e santuários (Nossa Senhora dos Remédios, Nossa Senhora da Assunção)

disseminados um pouco por todo o território.

Do património construído, sobressaem

– as Quintas produtoras de vinho generoso (Rota do Vinho do Porto),

– as casas/casais vernaculares dos cavadores e agricultores (Aldeias Vinhateiras: Provesende, Salzedas, Ucanha, Barcos, Favaios, Trevões),

– as pontes,

– as calçadas,

– os caminhos,

– as estações do caminho-de-ferro (Régua, Pinhão, Foz do Tua, Barca de Alva),

– os miradouros (S. Leonardo de Galafura, São Domingos, Santo António, São Salvador do Mundo, Nossa Senhora das Neves),

– os muros em xisto,

– os socalcos,

– os vinhedos…

No que se refere ao património imaterial, a região do Douro guarda lendas e histórias dos povos de outrora.

As cantigas entoadas nas vindimas, nas lagaradas, nas festas de fim de vindima são elementos intangíveis desse acervo único.

O linguarejar das rebuçadeiras da Régua e o vocabulário das vindimas são raridades linguísticas e culturais e proteger.

As tradições festivas e os costumes associados à viticultura recriam as vivências ancestrais das gentes durienses.

As festas das Vindimas e as romarias (Nossa Senhora dos Remédios, Nossa Senhora da Assunção, Nossa Senhora da Lapa) alegram as gentes do Douro e os seus visitantes.

A gastronomia do Douro

A gastronomia do Vale do Douro está também intimamente ligada aos costumes da viticultura.

Do pão regional aos enchidos caseiros, do cabrito assado às pataniscas de bacalhau com arroz de legumes, aos peixes do rio e afluentes (Corgo, Tedo, Tua) é-nos oferecida uma cozinha recheada de iguarias que desperta os mais secretos sentidos.

Ao longo dos tempos foram-se enraizando certos rituais na tradição gastronómica duriense associados ao ciclo temporal, no Inverno, a matança do porco, a caça, a batida, e as provas dos vinhos.

No Douro, os repastos transformam-se em prolongadas celebrações.

O azeite (Rota do Azeite), com méritos internacionais reconhecidos, é o acompanhante por excelência dos sabores durienses.

Da doçaria e dos salgados regionais ensaiados nos conventos e mosteiros da região guardam-se as receitas nas confeitarias com tradição,

– em Vila Real (toucinho do céu, cristas de galo, São Marcos, pitos de Santa Luzia; covilhetes),

– em Lamego (bola de carne, presunto, sardinha, bacalhau, etc., doces conventuais),

– na Régua (rebuçados da Régua).

As delícias açucaradas são acompanhadas com a fruta perfumada das encostas durienses (cereja, pêssego, figo, maçã, laranja, amêndoa).

O turismo…

O Douro tem, já, na área da gastronomia, um centro de formação de qualidade na Escola de Hotelaria de Lamego. As novas gerações aí aprendem a arte de receber e de valorizar os produtos durienses.

Nas margens do Douro, oferece-se um alojamento variado e requintado. Os visitantes podem pernoitar em quintas seculares, em casas de turismo de habitação, em hotéis, em hotéis vínicos, em unidades de turismo de espaço rural, etc.

A arte outrora produzida na região ficou conservada

– na dimensão sacra (talha dourada nas igrejas e capelas),

– na pintura (painéis de Grão Vasco – Museu de Lamego),

– e na ourivesaria (ourivesaria sacra – Museu de Lamego).

O artesanato local mais significativo está ligado às atividades agrícolas (cestaria, tanoaria, latoaria, máscaras de madeira, tecelagem de linho, olaria, etc.) e à produção de compotas caseiras de frutos durienses (cereja, pêssego, figo, uva, laranja, etc.) em várias quintas.

As atividades agrícolas (vindimas, lagaradas), e comerciais (provas e vendas de vinho) e culturais (festas das vindimas e romarias) propagam-se por todo o Douro.

 

Para ler: Provesende – Aldeias Vinhateiras do Douro

 

Douro: espaços culturais e artísticos

Os museus da região, com destaque para o Museu do Douro subdividido em onze pólos museológicos temáticos:

– Pão e Vinho (Favaios, Alijó),

– Amêndoa (Vila Nova de Foz Côa),

– Arrais e Cereja (Resende),

– Vinho (S. João da Pesqueira),

– Seda (Freixo de Espada à Cinta),

– Sumagre – planta utilizada para o curtimento de peles – (Muxagata, Vila Nova de Foz Côa),

– Barqueiros (Barqueiros, Mesão Frio),

– Imaginário (Tabuaço),

– Gastronomia (Lamego),

– Chegada do Caminho-de-ferro (Barca D’Alva, Figueira de Castelo Rodrigo)

– e Estação Eléctrica do Biel (Vila Real),

bem como muitos outros espaços museológicos:

– Museu de Lamego,

– Museu Eduardo Tavares (S. João da Pesqueira),

o Museu de Arqueologia e Numismática,

– Museu do Som e Imagem em Vila Real,

e o Museu da Vila Velha, igualmente em Vila Real,

– Museu do Ferro e da Região, em Torre de Moncorvo,

entre outros, demonstram a história e a memória das gentes locais.

Outros equipamentos culturais

Hoje, no Douro, as artes e as inovações culturais são expostas em espaços artísticos de qualidade:

– Teatro Ribeiro da Conceição em Lamego;

Teatro de Vila Real,

– Conservatório de Vila Real,

– Cine-Teatro de Torre de Moncorvo),

nos modernos centros museológicos municipais, nas Casas de Cultura, nas Bibliotecas Municipais.

A tradição e a inovação artísticas e culturais renascem nos trabalhos dos vários grupos teatrais, musicais, pictóricos dispersos um pouco por todo o Douro.

Aceite o convite: venha assistir à festa da vindima, pisar as uvas no lagar, provar os excecionais vinhos do Douro, saborear os inúmeros produtos gastronómicos; e, sobretudo, deixar-se seduzir pelas vistas deslumbrantes e pelos perfumes estonteantes da vinha e dos vinhos que andam no ar.

Venha usufruir do silêncio, de um lugar único no mundo… o Douro.

In Folheto editado pelo Turismo do Douro (DOURO – património | vinhos | cultura | paisagem | excelência) – adaptado | (1) Norte de Portugal e Galiza – Guia American Express (adaptado)