Buda e o Budismo – cronologia essencial
Numerosas lendas envolvem o nascimento de Buda. A mãe concebeu-o depois de o ter visto penetrar no seu seio com o aspecto de um elefante branco.
Ao nascer, a terra começou a rugir, uma chuva de flores caiu do céu, a água do mar perdeu o seu sabor a sal, os doentes curaram-se milagrosamente.
Veio a este mundo à sombra de uma figueira e tinha no corpo 32 sinais, símbolo da sua futura grandeza. Numerosos deuses, entre eles Brama, assistiram ao acontecimento.
Buda – nascido Siddharta Gautama converte-se em Buda (o «Iluminado»)
563 a.C – Nasce em Lumbini, perto de Kapilavastu (no norte da Índia), Siddharta (em sânscrito, «o que chegou à sua meta») Gautama (nome de um sábio védico), que a seguir se converteria no Buda (o «Iluminado»).
Antes da iluminação, a tradição dá-lhe o nome de Bodhisattva (em sânscrito, «o predestinado à iluminação»). Era filho de Suddharta, um rajá do clã dos Sakya, e da sua mulher Maya.
547 a.C. – Aos 16 anos, Siddharta Gautama casa-se com a bela Yasodhara, sua prima, de quem teve um filho, Rahula.
534 a.C. – Siddharta vê a dor do mundo, abandona os seus bens e a família e parte em busca da Verdade.
Aos 29 anos de idade, Siddharta saiu do seu palácio, onde levava uma vida dourada e segura, e teve uma quadrúpla visão decisiva: viu um velho, um doente, um morto e um asceta mendigando.
De repente, compreendeu que a existência humana é dolorosa. E, daí em diante, a sua vida modificar-se-á. O jovem príncipe tinha descoberto o sofrimento e abandona todos os seus bens por compaixão pelos homens.
Com o cabelo rapado e um vestido cor de açafrão (ainda hoje é o hábito dos monges budistas), entregar-se-á à vida errante e mortificação dos ascetas.
A Roda da Lei
528 a.C. – Siddharta atinge a iluminação e converte-se no Buda. Sermão de Benares, com o qual «se põe em movimento a roda da lei»1.
Numa noite de lua cheia, num lugar hoje chamado Budh-Gaya, no sul do Ganges, Gautama senta-se debaixo duma figueira. De repente, sente que alcança a revelação suprema, e, na quarta noite, penetra no segredo da verdade.
Vê as coisas como são e não como queria que fossem. Converte-se no «Iluminado», no Buda. A partir deste momento, deve comunicar aos homens a boa nova.
Depois da iluminação, Buda dirige-se a Benares, onde pronunciar o seu primeiro sermão, durante i qual define as «quatro verdades nobres»:
– “A dor penetra em todos os lugares.”
– “A origem da dor está no desejo: a sede dos prazeres, o apego às coisas terrestres.”
– “O cessar da dor depende da suspensão de todo o desejo.”
– “A nobre senda de oito sulcos deve ser seguida para suprimir o desejo e chegar o nirvana, ao desinteresse total de tudo.”
Encontro com Lao-Tse e Confúcio
517 a.C. – Encontro de Lao-Tse e Confúcio, sábios chineses que fundaram, respectivamente, o taoísmo e o confucionismo.
Lao-Tse viveu no século VI a.C. Escreveu um livro com cerca de 5.000 caracteres: o Tao-teh-king. Esta obra expõe os seus pontos de vista sobre o tao – quer dizer – «o caminho», o «princípio primordial» – e sobre a virtude.
Ensina que é necessário não se opor ao curso das coisas e que se deve seguir uma via intermédia.
Confúcio (de 551 a.C. a 479 a.C.) é o nome pelo qual o Ocidente conhece o sábio Kung Fu-Tse. Filho de um modesto soldado, nunca pretendeu fundar uma religião.
Era um filósofo e um moralista. Queria ajudar o homem a seguir a lei da moderação em tudo, tendo favorecido o culto dos antepassados.
Morte de Buda e início dos concílios
483 a.C. – Morte de Buda. Concílio de Rajagriha: redacção dos dois primeiros «Açafates» da Tripitaka ou cânone doutrinal budista.
Aos oitenta anos, e depois de ter falado, uma vez mais, das «quatro verdades» e do difícil caminho da virtude, Buda encosta-se e entrega-se a uma profunda meditação. Soa uma melodia divina. Buda entra docemente no nirvana.
A primeira pitaka ou «açafate» contém as regras disciplinares dos monges. A segunda contém os sutra, quer dizer, os discursos e parábolas do mestre. E a terceira, análises posteriores da doutrina budista.
373 a.C. – Concílio de Vaiçali: tenta-se reconciliar as diversas tendências do budismo; organização da comunidade budista.
264 a.C. – O Imperador Asoka (Índia) converte-se ao budismo. Daí em diante, difunde o budismo por todo o seu reino e envia missionários a outros países, conseguindo introduzi-lo em Ceilão (Sri Lanka, Sri Lanca ou Seri Lanca, oficialmente República Democrática Socialista do Sri Lanka).
245 a.C. – Concílio de Pâtâliputra: redacção do terceiro «Açafate» com o qual se fixa, definitivamente, o cânone doutrinal budista.
232 a.C. – Morte de Asoka. Aparecimento do mahâyâna, o «grande veículo», frente ao hînayâna, o «pequeno veículo».
Expansão do budismo pelo Oriente
Século I – Aparecimento do cristianismo. O budismo decai gradualmente na Índia, começando, no entanto, a difundir-se pela China.
Século II – O confucionismo converte-se em religião oficial da China, pelo que alguns imperadores perseguirão o budismo.
Século III – O budismo no Vietname.
Século IV – O budismo na Coreia.
Século V – O budismo estende-se pelo Cambodja, Birmânia, Sumatra e Java.
Século VI – o budismo no Japão.
Século VII – Introdução do budismo no Tibete. Aparecimento do vajrayâna, o «veículo de diamante», a terceira grande tendência budista.
Ano de 632 – Morte de Maomé, fundador do Islamismo. Saber mais…
Séculos VIII-IX – Predomínio do budismo na Insulíndia.
Século X – O conquistador mongol Kubilai favorece o budismo na China. O budismo desaparece na Índia.
Século XIV – O Laos converte-se ao budismo, que é proclamado religião oficial do Sião, mas decai na Coreia. Aparecimento do lamaísmo no Tibete.
Século XV – O budismo é ultrapassado em Java pelo hinduísmo e em Sumatra pelo islamismo.
Século XVIII – No Japão, o shintô transforma-se na religião do Estado e ultrapassa do Budismo.
Século XX (1949) – Os comunistas tomam o poder na China. O budismo será combatido na China e no Tibete, no Vietname e no Cambodja.
Notas:
1 A «roda da lei», símbolo do Sol, é também a imagem simbólica da doutrina budista. A mesma atividade doutrinadora de Buda é descrita nos textos antigos como o movimento interior de uma roda.
Este símbolo está em conexão com um mito indiano no qual se fala de um soberano que se deixa levar sobre um disco voador, em redor de toda a Terra, unificando-a pacificamente sob a sua soberania.
Transladado isto para a doutrina de Buda, a roda representa a ideia da expansão pacífica de tal doutrina por todo o globo terrestre.
A doutrina de Buda foi transmitida oralmente, e só numa época posterior se inscreveu no cânone páli, composto por uma grande quantidade de livros que só no núcleo da obra se refere ao próprio Buda.
Imagem de destaque | Bibliografia: textos adaptados de Alfa Estudante – Enciclopédia Juvenil | História Universal Comparada