Caminhos de Santiago – Caminho Português Interior

Caminho Português Interior

LOCI – IACOBI – O Projeto

O objetivo deste projeto é desenvolver os percursos de peregrinação até Santiago.

Não só pelo seu interesse turístico, mas principalmente para relançá-los como o mais importante itinerário cultural europeu, criando e promovendo materiais turísticos novos e enriquecidos, destinados aos próprios turistas e para o setor turístico, com base nas novas tecnologias de informação e comunicação.

O projeto envolve cinco países da UE:

– França (Le Puy-en-Velay),

– Espanha (Galícia),

– Portugal (Vila Pouca de Aguiar),

– Bélgica (Namur), Itália (Assis)

– e a Federação Europeia dos Caminhos de Santiago.

O Projeto destina-se a agências e operadores de viagens, profissionais do setor e autoridades do turismo, turistas em geral e peregrinos.

Caminhos de Santiago

O nome Santiago surge a partir de São Tiago que, após a ressurreição de Cristo, teve a tarefa de evangelizar a Península Ibérica. Ele foi decapitado no regresso à Palestina com receio que se tornasse demasiado notório.

Os seus discípulos, Atanásio e Teodoro, levaram o seu corpo e transportaram-no secretamente, de barco, pelos caminhos onde tinha pregado para lhe dar, por fim, um funeral digno, na Galiza.

Nos séculos seguintes, as marcas do funeral foram-se perdendo, até que o eremita Pelayo foi guiado por uma chuva de estrelas até um montículo de terra que indicava o túmulo de São Tiago, como lhe foi revelado pelo próprio apóstolo num sonho.

Ele informou o Bispo, que verificou o evento e as notícias rapidamente chegaram ao Papa e aos governantes da época, dado, assim, origem à veneração de Santiago.

Caminho Português do Interior

A “Via Interior” cobre cerca de 205 km de território português, passando pelas cidade de Viseu, Castro Daire, Lamego, Peso da Régua, Santa Marta de Penaguião, Vila Real, Vila Pouca de Aguiar e Chaves.

Atravessa a fronteira em Vilarelho da Raia, que cobre cerca de 180 km da Via de la Plata, em solo espanhol, antes de chegar, finalmente, a Santiago de Compostela.

Os símbolos

Cabaça: cantil escavado numa cabaça para ser dependurado no bordão/bastão.

Bastão: para se apoiar quando estiver cansado, ajuda a seguir em frente e a afastar o perigo.

Vieira: sinal de vida, renascimento e purificação, mas também um receptáculo do qual poderá beber ao longo do caminho.

Cruz: uma espada invertida que pode ser espetada no chão como uma cruz, para que se possa rezar.

Viseu

Antiqua et nobilissima“, o lema do brasão reflete a antiguidade de Viseu.

Os monumentos locais são uma fonte de descoberta, não só da da história da cidade como também do país.

As janelas renascentistas e manuelinas da Catedral e a arquitectura barroca são alguns dos exemplos da abundância de atividade artística em Viseu, já para não mencionar o grande mestre Vasco Fernandes, a quem o Museu Grão Vasco deve o seu nome.

Viseu é também conhecida como a cidade-jardim, e os habitantes locais têm particularmente orgulho neste título e nos numerosos espaços verdes que a cidade tem para oferecer.

A não perder…

Arte & Cultura: Forte de Viriato, Praça da catedral, Painel de azulejos do Rossio, Museu Grão Vasco, Alminhas.

Natureza: Parque do Fontelo, Rio Pavia.

Dificuldade: Moderada. É necessária atenção redobrada nas descidas em Soutulho (Farminhão – Viseu), na estrada romana de Pousa Maria (Viseu – Almargem) e na descida para Cabrum (Almargem – Ribolhos).

Castro Daire

A localização distinta de Castro Daire faz desta região um lugar único, com o seu magnífico cenário natural.

A paisagem resulta de um planalto por onde passa o Rio Paiva, considerado excelente para o rafting, e as características de altitude da Serra do Montemuro – um sítio designado na rede Natura 2000.

A palavra “Castro” significa tipo de aldeia fortificada, típica das paisagens montanhosas antes da ocupação romana.

A não perder…

Arte & Cultura: Pelourinho de Mões, Igreja de S. Pedro (em Mões), Capela de Santiago (em Baltar), Capela de Santiago (em Moura Morta), exposição etnográfica do Mezio (pelo caminho).

Natureza: Pedras da travessia do Rio Paiva, Praia Fluvial de Folgosa, cenário da Serra de Montemuro.

Dificuldade: Moderada (escalada acidentada desde a ribeira de Cabrum até Vila Meã).

Lamego

Lamego é a porta de entrada para a região do Alto Douro Vinhateiro, Património Mundial da Humanidade da UNESCO desde 2001.

Este título, atribuído unanimemente, classifica a região vinhateira demarcada mais antiga do mundo, ordenada pelo Marquês de Pombal, em 1756.

A região vinhateira do Douro combina as vantagens do solo de xisto e a privilegiada exposição solar com as características únicas do seu microclima, juntamente com o trabalho árduo do homem.

A sua paisagem salienta três aspetos principais: a singularidade do território, a relação natural entre o vinho, as oliveiras e as amendoeiras, e a diversidade da arquitetura local.

A região do Douro, onde se produzem as denominações de origem “Porto” e “Douro”, cobre 250 000 hectares, dos quais 48 000 estão ocupados com vinhas, e engloba 22 concelhos.

Nesta etapa (Lamego  – Vila Real), o Caminho de Santiago também atravessa o território dos municípios de

– Peso da Régua (onde se atravessa o Rio Douro, através de uma ponte pedestre restaurada)

– e Santa Marta de Penaguião.

A não perder…

Arte & Cultura: O Santuário de Nossa Senhora dos Remédios (Lamego), Catedral de Lamego, Museu de Lamego, Museu do Douro (Peso da Régua), Igreja de São Miguel de Lobrigos (Santa Marta de Penaguião).

Natureza: Parque Biológico de Lamego, Parque Natural do Douro Internacional.

Dificuldade: Moderada (dificuldade acrescida de Peso da Régua a Santa Marta de Penaguião, devido à inclinação acentuada do percurso de montanha).

Vila Real

Vila Real engloba 20 freguesias e, apesar da natureza urbana da sua sede principal, mantêm muitas das características rurais.

O território é caracterizado por dois tipos de paisagem:

– a zona montanhosa, com as serras do Marão e do Alvão, separadas pelo Vale da Campeã,

– e a zona a sul, onde os terrenos elevados são marcados com vinhas tradicionais.

Existem muitos cursos de água pelo território, mas o Rio Corgo é aquele que mais vale a pena salientar.

Ele atravessa Vila Real num vale pequeno e estreito, criando um cenário pitoresco e único!

Esta região, onde Vila Real se eleva a 450m, mostra vestígios de ter sido habitada desde a era do paleolítico.

O primeiro foral medieval foi concedido por D. Afonso III, em 1272. Mas foi só em 1289 que D. Dinis fundou oficialmente a cidade de “Vila Real de Panóias“, que, mais tarde, se tornou a atual Vila Real.

A sua importância nos séculos XVII e XVIII era tão grande que era vista como o centro real da Província de Trás-os-Montes e Alto Douro.

Hoje em dia, vários brasões antigos em muitas casas são testemunho desse período auspicioso na história de Vila Real.

Mais tarde, a cidade obteve o título de capital da província. Na primeira metade do século XX, dois atos reforçaram o estatuto da cidade:

– a elevação de Vila Real a “Cidade“, em 1925,

– e a criação da diocese, em 1922.

A não perder…

Arte & Cultura: Igreja do Mosteiro de São Domingos / Catedral de Vila Real (século XV), Capela de São Brás (século XIII), Palácio de Mateus (século XVIII), Museu de Arqueologia e Numismática.

Natureza: Parque Corgo, Jardim Botânico da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, Parque Natural do Alvão (Centro Interpretativo).

Dificuldade: Moderada (pontos difíceis: por volta de Parada de Cunhos, na aproximação da estrada nacional, e a travessia do Rio Corgo em Vilarinho da Samardã).

Vila Pouca de Aguiar e Chaves

No coração de Trás-os-Montes, o último dia de percurso em território português é fortemente caracterizado por paisagens rurais enquadradas

– pelas serras do Alvão e da Padrela,

– e o vale fértil que se estende desde Vila Real até Chaves.

A exploração de granito e as águas medicinais prevalecem ao longo do percurso; o Castelo «Aguiar Pena» (monumento nacional desde 1982), com vista para o vale e assente numa rocha de granito gigante, é um sinal claro do usos dos recursos naturais deste território, que também é conhecido como “capital do granito”.

No vale aguiar, o parque termal das «Pedras Salgadas», com a sua vegetação exótica e edifícios da belle époque, fornece uma ligação única com a natureza e a história do spa, reconhecido nacionalmente desde inícios do século XX.

O caminho continua até Vidago, uma localização termal com um deslumbrante hotel termal, e depois segue-se para Chaves.

O percurso atravessa o Tâmega, um eixo fluvial importante através do território flaviense, onde o desenvolvimento precoce foi determinado pela construção de uma ponte de pedra.

Inaugurada durante a governação do imperador Trajano, liga esta capital romana «Aqua Flaviae» a outras capitais a noroeste da península ibérica.

Ao longo dos tempos medievais e modernos, a sua localização fronteiriça tem tido um papel predominante. Na definição do território nacional e na subsequente defesa da independência do reino de Portugal.

Atualmente, Chaves é um dos melhores exemplos de vestígios históricos de urbanismo, enquadrados pelas distintas fortificações de pedra.

A não perder…

Arte & Cultura: Castelo de Aguiar da Pena (Pontido – Vila Pouca de Aguiar), Parque Termal das Pedras Salgadas, Ponte Romana de Trajano (Chaves), Torre de Menagem (Chaves), Igreja matriz (Chaves).

Natureza: Rede Aguiarnature, para interpretação de espaços naturais (6 percursos pedestres, em Vila Pouca de Aguiar), ecotrail do Vale do Corgo (Vila Pouca de Aguiar), ciclovia na margem do Rio Tâmega (Chaves).

Dificuldade: Fácil / moderada.

Fonte: folheto turístico