Cronologia essencial sobre o Islão ou Islamismo
Cronologia essencial sobre o Islão
O Islão ou Islamismo, religião fundada por Maomé, experimentou nos primeiros séculos da sua história uma expansão fulgurante.
Em apenas cem anos, os muçulmanos, que uniram a fé em Alá com a língua árabe, conquistaram países tão diferentes como a Espanha, o Norte de África e o vale do Indo.
Fundaram uma civilização brilhante que alcançou o seu apogeu entre os séculos VIII e X, tendo conhecido grande desenvolvimento nas artes, filosofia, medicina, matemática e astronomia.
Hoje, o islamismo é ainda uma religião viva que conta com 1,6 bilhão de fiéis, sendo a segunda religião mais difundida, depois do cristianismo.
Início: o nascimento de Maomé
570 ou 571 – Nascimento de Maomé (cujo verdadeiro nome é Muhammad ibn ‘Abd Allah), em Meca;
595 ou 596 – Maomé (25 anos) casa com Khadija (40 anos). Ela será pois a primeira esposa e a primeira crente do Profeta do Islão;
610 – Primeiras visões de Maomé: o arcanjo Gabriel anuncia a Maomé que será profeta de Alá;
613 – Maomé leva a revelação aos habitantes de Meca e consegue os seus primeiros fiéis;
615 – Êxodo dos seguidores de Maomé para a Abissínia, a atual Etiópia;
619 – Morte de Khadija em Meca;
622 – Partida, ou fuga, dos muçulmanos e de Maomé, de Meca para Yathrib, mais tarde designada Madînat Al-Nabî (A Cidade do Profeta), ou simplesmente, Medina. Esta emigração marca a Hégira, o início da era islâmica ou do calendário muçulmano;
623 – Maomé casa-se com Aisha, filha de ‘Abu Bakr, o seu primeiro discípulo. Constituição do ano I da era islâmica e criação da Umma ou Comunidade dos Crentes. Fátima, a filha favorita do Profeta, casa-se com Ali ibn Abu Talib, o homem que mais tarde irá protagonizar o grande cisma do Islão (entre sunitas e xiitas);
630 – Maomé entra triunfalmente em Meca, que se transforma no centro do islamismo. Destruição dos ídolos Ka’ba (Caaba). O recinto deste santuário é declarado sagrado (haran). Difusão do islamismo para a parte ocidental da Arábia;
Para ler: As guerras púnicas – Roma contra Cartago
Maomé morre em Medina
632 – Maomé faz a «peregrinação do adeus» a Meca e morre em Medina.
Depois de uma disputa entre os «auxiliares do Profeta e convertidos de Medina» e os «emigrados de Meca em Medina», estes vencem. Abu Bakr é escolhido pelos vencedores como sucessor do mensageiro de Deus (Alá) e chefe da Comunidade de Crentes. Inicia-se o período dos Califas Ortodoxos (632-661).
Em princípio, o califa é soberano absoluto: detém todo o poder político e religioso sobre os seus súbditos. O seu ministro, o vizir, tem a seu cargo a administração geral. Em diversas partes do império há governadores provisórios. Mas, frequentemente, esta organização é pouco eficaz;
632 a 634 – Califado de ‘Abú Bakr, que difunde o islamismo em toda a Arábia;
634 – Morte de ‘Abú Bakr;
634 a 644 – Califado de Omar bin al-Khattab, que destrói e conquista o império persa e arrebata a Palestina (à exceção de Jerusalém e de Cesareia), a Síria e o Egipto ao império bizantino;
635-636 – Batalha de Yarmuk: os Bizantinos abandonam a Síria. Ocupação definitiva de Damasco pelos muçulmanos;
639-642 – Os árabes muçulmanos conquistam o Egipto;
642-646 – Os Árabes conquistam Alexandria;
644 – Assassínio do Califa Omar I;
644 a 656 – Califado de ‘Uthman bin Affan, que estabelece um texto unitário do Corão (livro sagrado dos muçulmanos);
656 a 661 – Assassínio do Califa ‘Uthman e início da primeira guerra civil no Islão. Sucede-lhe Ali bin Abu Talib, genro de Maomé e que os xiitas queriam que tivesse sido o seu primeiro sucessor em lugar de Abu Bakr;
661 – Ali é assassinado (torna-se um dos mártires venerados pelos xiitas) e ascende a califa Mu’awiya, que estabelece a sua capital em Damasco. Com ele se inicia a Dinastia dos Omíadas (661 a 750);
Fundação da Grande Mesquita de Kairuán
670 – Fundação da Grande Mesquita de Kairuán, no norte de África;
691 – Ergue-se em Jerusalém a Cúpula do Rochedo;
696 – A língua árabe substitui o grego e o persa como língua oficial nos territórios conquistados. As moedas árabes substituem as bizantinas e as persas. Construção de uma rede de estradas estratégicas delimitadas por marcos miliares, no âmbito de uma reorganização da administração imperial;
705 – Inicia-se a construção da Grande Mesquita de Damasco (Omíadas);
709 – Reconstrução da Mesquita de Medina. Construção da Mesquita de Al-Aqsa, em Jerusalém;
710 – Desembarque de Tariq na Península Ibérica;
711 – Os muçulmanos invadem a Península Ibérica (queda do reino visigótico e conquista de Córdova e Toledo) e o Vale do Indo;
716 – O governo árabe da Hispânia é assumido em nome dos Califas Omíadas de Damasco;
719 – Primeiras expedições muçulmanas na Gália;
732 – Carlos Martel derrota os muçulmanos em Poitiers – França
A 25 de Outubro, em Moussais, perto da velha via romana que liga Poitiers a Tours, o exército franco, comandado por Carlos Martel, prefeito dos palácios do reino de Nêustria e da Eustrásia, e por Eudes, príncipe da Aquitânia, após sete dias de escaramuças, esmaga as tropas berberes lideradas pelo mais alto dignatário militar de Espanha, o emir ‘Abd al-Rahman.
Este perde a vida no campo de batalha. Depois deste acontecimento, a Gália (França) fica a «salvo» do Islão;
750 – Matança dos Omíadas de Damasco. Sobe a Dinastia dos Abássidas (750 a 1258);
751 – Os árabes aprendem com os prisioneiros de guerra chineses (derrotados próximo de Talas) as técnicas de fabrico de papel;
756 – Fundação, por ‘Abd al-Rahman I (chegado à Península Ibérica no ano anterior), do Califado Independente de Córdova (Espanha);
762 – É transladada a capital Bagdade, uma aldeia da Mesopotâmia;
Para ler: Jericó – a cidade mais antiga do mundo
Grande Mesquita Aljama de Córdova
785 – ‘Abd-Rahman I inicia a construção da grande Mesquita Aljama de Córdova;
786 – Ascende ao califado o abássida Harun al-Rasid (786 a 809), protagonista dos contos das Mil e uma Noites;
789 – Fundação de Fez, cidade que foi capital religiosa do Reino de Marrocos;
830 – Funda-se em Bagdade um vasto centro de estudos chamado «Casa da Sabedoria». Possui uma grande biblioteca, uma escola e uma oficina de traduções, onde se traduzem para árabe as obras dos filósofos Aristóteles e Platão, dos sábios Euclides, Arquimedes e Ptolomeu, dos médicos Hipócrates e Galeno;
844 – Primeira invasão normanda do Garb al-Ândalus;
868 – Reconquista cristã do Porto e de Braga;
876 – Ibn Tulun constrói no Cairo a mesquita que terá o seu nome;
910 – Os Fatimidas apoderam-se do norte de África e formam um califado, dividindo assim religiosamente o islamismo;
925 – Morte de al-Razi, autor do primeiro tratado sobre varíola;
929 – O emirato de Córdova transforma-se no terceiro califado;
969 – Os Fatimidas tomam o poder no Egipto (969 a 1171), e fundam o Cairo, actual capital;
970 – Os turcos seljúcidas convertem-se ao islamismo e ocupam a Pérsia;
1031 – Abolição do califado Omíada de Córdova e início das primeiras Taifas. Pequenos reinos autónomos em que se dividiu a Península Ibérica muçulmana após a desintegração do Califado de Córdova;
Para ler: A Idade dos Reis – diversos períodos da História
Morte de Ibn-Sina ou Avicena
1037 – Morte de Ibn-Sina, médico e filósofo iraniano, mais conhecido no Ocidente como Avicena. A sua obra foi influenciada por Aristóteles e Platão, e constitui uma referência na Europa medieval e do Renascimento. O seu Cânone da Medicina foi o guia médico das universidades europeias durante séculos;
1055 – Os turcos seljúcidas tomam Bagdade, embora mantenham os Abássidas como governantes nominais;
1055 a 1147 – Os Almorávidas dominam o norte de África e o sul de Espanha;
1071 – Os turcos seljúcidas arrebatam a Ásia Menor aos bizantinos;
1085 – Os cristãos, comandados por Afonso VI, rei de Castela, conquistam Toledo;
1095 – No concílio de Clermont d’Auvergne, o Papa Urbano II apela à primeira de oito cruzadas, conhecidas, em árabe, como Al-Hurab al-Salibiyya ou «As Guerras da Cruz».
Estas expedições militares foram empreendidas pela Europa cristã até ao século XIII, no intuito de
– «socorrer» os cristãos do Oriente,
– reconquistar aos turcos e muçulmanos o Santo Sepulcro
– e, mais tarde, defender os Estados fundados pelos cruzados na Síria e na Palestina;
1096 – Os cruzados ou francos (como eram designados pelos Árabes) chegam ao Próximo Oriente.
Esta Primeira Cruzada, que se prolongará até 1099, é a do apelo de Urbano II e dá lugar a duas campanhas distintas:
– uma desordenada, mas popular, realiza-se sob a direcção de Pedro, o Eremita, e rapidamente é aniquilada pelos Turcos;
– a outra, já poderosamente organizada, porque inclui vários exércitos feudais, toma Antioquia, Edessa e Jerusalém (1099).
Dá origem à criação dos Estados Latinos do Oriente: o principado de Antioquia, o condado de Edessa, o reino de Jerusalém (confiado a Godofredo de Bolhão) e o condado de Tripoli;
Para ler: As Cruzadas: Jerusalém e as Ordens de Cavalaria
Conquista de Jerusalém pelos Cruzados
1099 – Os cruzados conquistam Jerusalém, chacinando praticamente toda a população, independentemente de serem muçulmanos, judeus ou cristãos;
1100 – Os alfaquis, intérpretes da lei religiosa, preponderam no al-Ândalus. É notável a produção de tratados de Agronomia andalusinos;
1109 – Queima, por instigação dos alfaquis, das obras místico-filosóficas de al-Gazãli (Algazel);
1147 – D. Afonso Henriques conquista Santarém e Lisboa. Os Almóadas tomam Sevilha aos Almorávidas. É lançada a Segunda Cruzada, pregada por S. Bernardo e dirigida por Luís VII de França e pelo imperador Conrado III que, em vão, cercam Damasco;
1147 a 1269 – Os almoádas dominam o norte de África e o sul de Espanha, onde constroem a Giralda de Sevilha;
1171 – Ibn Rusd (Averróis) escreve o seu Comentário Média sobre Aristóteles;
1187 – Saladino reconquista Jerusalém aos cruzados, na batalha de Hittin, sem haver derramamento de sangue da população civil;
1189 – Início da Terceira Cruzada, a qual tem como objetivo a libertação de Jerusalém, reconquistada por Saladino. Conduzida por Frederico, Barba Roxa, Filipe Augusto e Ricardo, Coração de Leão, esta expedição apenas consegue conquistar Chipre e São João de Acre;
1193 – Morte de Saladino;
1202 – 1204 – A Quarta Cruzada, pregada pelo Papa Inocêncio III, é dirigida por Balduíno IX da Flandres e Bonifácio II de Montferrato.
A expedição acaba desviada do seu objetivo inicial (a conquista do Egipto) pelos Venezianos que, ambicionando vantagens comerciais e territoriais, instigam as tropas que transportam a apoderaram-se de Constantinopla (1204).
A cidade é saqueada durante vários dias e, em seguida, o Estado Bizantino é suprimido e substituído pelo Império Latino do Oriente, governado por um ocidental. Uma guerra que se queria «piedosa» transforma-se numa «operação de espoliação»;
1220 – Os Mongóis (que os Árabes chamavam de Tártaros) conquistam ao califado a Ásia Central e o Irão Oriental;
A sexta Cruzada
1228-1229 – Conquista leonesa da cidade muçulmana de Badajoz e ocupação portuguesa, por abandono, das fortalezas islâmicas de Elvas e Jerumenha.
A Sexta Cruzada, realizada até 1229, contra a vontade do Papa, é dirigida pelo imperador Frederico II, que negoceia com os muçulmanos de Al-Malik al-Kamil, e obtém, por algum tempo, a restituição das cidades de Jerusalém, Belém e Nazaré;
1221 – Os turcos estabelecem na Índia o sultanato de Deli;
1236 – Fernando III de Castelo conquista a cidade muçulmana de Córdova;
1237 – Começam as obras do Alhambra da cidade muçulmana de Granada;
1240 – Morre em Damasco o maior dos sufîs, Ibn al-‘Arabî de Múrcia;
1243 – Os Mongóis derrotam os turcos seljúcidas na Anatólia;
1248 – D. Fernando III conquista a cidade muçulmana de Sevilha. Início da Sétima Cruzada, dirigida pelo rei Luís IX (São Luís) de França, que «jura solenemente» aniquilar o Egipto para libertar a Terra Santa. Após a conquista de Damieta, o monarca tem de a restituir quando é feito prisioneiro em Mansurán e forçado a partir;
1250 – Conquista, pelos cristãos, de Aljezur, derradeiro bastião árabe do território português;
1258 – Os mongóis tomam Bagdade e põem fim à dinastia dos Abássidas;
1270 – Oitava Cruzada, a última, serve sobretudo interesses económicos ou ambições políticas. Organizada por São Luís e Carlos I de Anjou, rei da Sicília, encaminha-se para Tunes, onde o soberano de França morre;
1326 – Os turcos otomanos fundam o Império Otomano (1326 a 1924);
1353 – Termina-se quase toda a Alhambra de Granada;
1379 – O mongol Tamerlão (Timur-i Lang) invade a Pérsia;
1400-1401 – Tamerlão, que sonhava refazer a unidade da Ásia em nome do Islão sunita, ataca a Síria;
1406 – Morre, no Cairo, Ibn Khaldun, considerado o primeiro sociólogo árabe. Deixou uma Crónica Universal precedida de Prolegómenos, onde expõe na sua filosofia da História;
Constantinopla é conquistada
1453 – Mehmed II, o Conquistador, apodera-se de Constantinopla (atual Istambul).A cidade era a capital do Império Bizantino, herdeiro do velho Império Romano do Oriente. Era também a sede do patriarcado do Oriente, ou seja, a metrópole dos católicos separados de Roma, os ortodoxos. A sua queda nas mãos dos Otomanos marca, simbolicamente, o fim de uma época: a Idade Média termina e começa a Idade Moderna;
1492 – Os cristãos reconquistam Granada e expulsam os muçulmanos: é a última página da história do al-Ândalus. As cláusulas de capitulação estipulam que os cerca de 15.000 muçulmanos granadinos possam manter-se fiéis ao Islão, mantenham as suas leis, usos s costumes;
1496 – À semelhança do que aconteceu em Espanha, dá-se a expulsão dos muçulmanos de Portugal. São extintas as mourarias, bairros habitados por mouros livres;
1498 – Com a ajuda de um piloto árabe, Ibn Majid, que o guia a partir de África, o navegador português Vasco da Gama «abre o caminho marítimo para a Índia», através do Cabo da Boa Esperança;
1502 – Depois de várias tentativas de conversão, é decretada a expulsão dos muçulmanos de Espanha que se não se convertessem ao cristianismo. A maioria resigna-se à violência da conversão e passam a designar-se por “mouriscos”;
1520 – Sobre ao trono otomano Solimão, o Magnífico, que estende o islamismo para este da Europa, domina o Mediterrâneo Oriental e submete Bagdade e todo o Próximo Oriente ao poder de Istambul;
1526 – Babur conquista o sultanato de Deli e funda o Império Mongol;
1556 – Akbar torna-se imperador e estende o império mongol;
A expulsão dos “mouriscos” de Espanha
1609 – Filipe II de Espanha decreta a expulsão dos “mouriscos”. Cerca de 500.000 muçulmanos são obrigados a deixar a sua terra natal e dos seus antepassados. Refugiam-se, sobretudo, nos países do norte de África;
1648 – É acabado o Taj Mahal, mausoléu da esposa de um imperador mongol;
Século XIX – Potências coloniais europeias apoderam-se de grande parte dos territórios muçulmanos;
1924 – Mustafa Kernal (Ataturk) declara abolido o califado;
Século XX – A maioria dos Estados muçulmanos atuais tornam-se independentes;
Fonte: Alfa Estudante – Enciclopédia Juvenil (vol I) – texto adaptado e acrescentado