Meses do ano

Dezembro e Janeiro, entre a astrologia e a mitologia

Dezembro e Janeiro

Dezembro

começou por ser nos velhos tempos do inexistente Rómulo o décimo (decem significa dez) mês do ano.

Quiseram os azares da fortuna que a comodidade astral o transformasse no décimo segundo mês!

Tradicionalista, ele permaneceu com o velho, mas enganador, nome de família.

E bem quis o imperador Cómodo crismá-lo de Amazona para se lembrar de uma jovem donzela que, à semelhança da Valentine de Picasso, se penteava em forma de rabo-de-cavalo.

Seria mais rigoroso dizer: em forma de rabo de centauro ou então: em forma de sagitário.

Porque Sagitário é uma constelação zodiacal composta de sessenta e cinco estrelas e habitualmente representada pela figura de um centauro que sustenta um arco retesado.

Por isso, também, se pode afirmar de quantos nasceram sob aquele signo que têm, como os cavalos, os quatro pés bem assentes na terra.

Nos primitivos tempos de Roma era Jano o deus ilustre que todos os dias abria e fechava a luz dos céus. Ficou-lhe o hábito amável de virar o interruptor do sol, acabou por presidir periodicamente ao nascimento dos anos.

E assim os primeiros trinta e um dos trezentos e sessenta e cinco dias que leva a Terra a dar uma volta completa em redor do Sol herdaram de Jano o nome de Janeiro.

Mas, por estranho que pareça, Capricórnio, o monstro cujo corpo era um misto de cabra e de peixe, o monstro que estendia a sua cauda sobre a quase totalidade do mês, foi consagrado ao deus (morto como se sabe no tempo de Tibério) e não o Jano.

Todavia, alguns especialistas inclinam-se a pensar que o bicho Capricórnio é a cabra Almateia que amamentou Júpiter.

Problema complicado, problema não completamente esclarecido.

Saibamos ao menos – e isso é doutrina assente e indiscutível – que Capricórnio, análogo à Terra gelada de Janeiro, é o Inverno em toda a sua severa grandeza Saturniana.

In “Almanaque” – Dez1960/Jan1961