Dia Internacional das Mulheres e Raparigas na Ciência – 11 de fevereiro
O Dia Internacional das Mulheres e Raparigas na Ciência, celebrado anualmente a 11 de fevereiro, foi estabelecido pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 2015.
O seu objetivo é reconhecer o papel fundamental que as mulheres e raparigas desempenham na ciência e na tecnologia, bem como promover a igualdade de género nestes domínios.
Historicamente, a ciência foi um campo dominado por homens, e muitas mulheres cientistas viram as suas contribuições ignoradas ou minimizadas. No entanto, ao longo dos séculos, várias cientistas desafiaram as normas e fizeram descobertas fundamentais para o progresso da humanidade.
Este dia especial não só presta homenagem a estas pioneiras, como também incentiva as gerações futuras de raparigas a seguir carreiras nas áreas da ciência, tecnologia, engenharia e matemática (STEM – Science, Technology, Engineering and Mathematics).
O papel histórico das mulheres na ciência
Embora muitas pessoas conheçam nomes como Marie Curie, que foi a primeira mulher a ganhar um Prémio Nobel e a única a recebê-lo em duas categorias diferentes (Física e Química), há muitas outras mulheres que deram contributos essenciais para a ciência.
Hipátia de Alexandria (Século IV)
Hipátia foi uma matemática, astrónoma e filósofa da Grécia Antiga. Os seus estudos sobre geometria e álgebra influenciaram o pensamento matemático durante séculos. No entanto, a sua vida foi tragicamente interrompida devido a tensões políticas e religiosas da época.
Ada Lovelace (1815-1852)
Considerada a primeira programadora da história, Ada Lovelace trabalhou com Charles Babbage na conceção de um computador mecânico e escreveu o primeiro algoritmo destinado a ser processado por uma máquina. O seu trabalho foi revolucionário e serviu de base para a programação informática moderna.
Rosalind Franklin (1920-1958)
Rosalind Franklin foi uma química e cristalógrafa britânica cujo trabalho com difração de raios X foi crucial para a descoberta da estrutura do ADN. Infelizmente, o seu contributo não foi plenamente reconhecido durante a sua vida, e o Prémio Nobel de 1962 foi atribuído exclusivamente a Watson, Crick e Wilkins.
Dorothy Crowfoot Hodgkin (1910-1994)
Foi uma cientista britânica que desenvolveu a cristalografia de raios X, permitindo desvendar a estrutura de biomoléculas essenciais como a penicilina, a vitamina B12 e a insulina. Recebeu o Prémio Nobel da Química em 1964.
Mulheres portuguesas na ciência
Portugal tem várias cientistas que deram contributos essenciais para o conhecimento global. Algumas das mais notáveis incluem:
Elvira Fortunato (n. 1964)
Uma das cientistas portuguesas mais reconhecidas internacionalmente, Elvira Fortunato é uma pioneira na área da eletrónica transparente. Foi responsável pelo desenvolvimento do transístor de papel, uma inovação que pode revolucionar a eletrónica sustentável. Recebeu vários prémios internacionais e, atualmente, é ministra da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior de Portugal.
Maria Amélia Chaves (1916-2007)
Foi uma das primeiras mulheres a destacar-se na medicina e investigação biomédica em Portugal. O seu trabalho na área da anatomia patológica ajudou a melhorar o diagnóstico e tratamento de várias doenças.
Maria Manuel Mota (n. 1971)
Bióloga reconhecida internacionalmente, Maria Manuel Mota tem feito descobertas fundamentais sobre a malária, contribuindo para o desenvolvimento de novos tratamentos e estratégias para combater esta doença.
Sílvia Curado (n. 1980s)
Cientista especializada em biomedicina, trabalhou no MIT e é uma referência no estudo do cancro e medicina personalizada.
Desafios enfrentados pelas mulheres na ciência
Apesar dos avanços na igualdade de género, as mulheres continuam a enfrentar desafios significativos na ciência. Estes desafios incluem:
- Estereótipos de género: Desde cedo, muitas raparigas são desencorajadas a seguir carreiras científicas, pois a sociedade ainda associa certas profissões a homens.
- Desigualdade de oportunidades: Em muitas instituições académicas e científicas, as mulheres enfrentam dificuldades para obter financiamento para pesquisas e oportunidades de progressão na carreira.
- Falta de representatividade: A ausência de modelos femininos na ciência pode desmotivar as jovens a escolherem estas áreas.
- Discriminação e preconceito: Ainda hoje, muitas mulheres cientistas relatam experiências de discriminação e de menor reconhecimento do seu trabalho em comparação com os seus colegas masculinos.
O impacto das mulheres na ciência moderna
Nos dias de hoje, cada vez mais mulheres destacam-se na ciência e contribuem para avanços extraordinários. Algumas das cientistas contemporâneas mais influentes incluem:
- Emmanuelle Charpentier e Jennifer Doudna, vencedoras do Prémio Nobel da Química em 2020 pelo desenvolvimento da tecnologia CRISPR-Cas9, uma ferramenta revolucionária de edição genética.
- Frances Arnold, que recebeu o Prémio Nobel da Química em 2018 pelos seus avanços na engenharia de enzimas.
- Katie Bouman, uma cientista da computação que desenvolveu um algoritmo essencial para capturar a primeira imagem de um buraco negro em 2019.
O progresso é evidente, mas ainda há um longo caminho a percorrer para garantir a plena equidade na ciência.
O papel da educação na promoção da igualdade
A educação desempenha um papel essencial na promoção da igualdade de género na ciência. Algumas iniciativas fundamentais incluem:
- Incentivar as raparigas desde cedo: Programas educativos focados em STEM devem estimular a curiosidade das raparigas e proporcionar oportunidades de aprendizagem igualitárias.
- Criar modelos e mentoras: Ter professoras e cientistas como referências pode ajudar as raparigas a verem que é possível seguir carreiras científicas.
- Combater preconceitos no ensino: Manuais escolares, professores e sistemas educativos devem eliminar estereótipos e promover a diversidade.
- Apoiar programas de bolsas e financiamento para mulheres na ciência: Muitas organizações e universidades estão a criar iniciativas específicas para reduzir a disparidade de género no acesso a recursos científicos.
Iniciativas internacionais para apoiar mulheres na ciência
Ao longo dos anos, várias organizações têm promovido a participação das mulheres na ciência. Algumas das mais relevantes são:
- UNESCO e ONU Mulheres: Desenvolvem programas globais para fomentar a inclusão feminina na ciência e tecnologia.
- L’Oréal-UNESCO For Women in Science: Um programa de bolsas que apoia mulheres cientistas em diferentes estágios das suas carreiras.
- Instituições académicas e científicas: Universidades e centros de pesquisa estão cada vez mais comprometidos em criar ambientes mais inclusivos e igualitários.
Como todos podemos contribuir
A promoção da igualdade de género na ciência não é apenas uma responsabilidade das instituições. Cada um de nós pode ajudar de várias formas:
- Apoiar e incentivar raparigas a explorar a ciência desde cedo.
- Desafiar preconceitos e estereótipos, promovendo uma mentalidade inclusiva.
- Celebrar e divulgar o trabalho das mulheres cientistas, aumentando a sua visibilidade.
- Participar em eventos e iniciativas que promovam a igualdade na ciência.
Conclusão
O Dia Internacional das Mulheres e Raparigas na Ciência é uma oportunidade para reconhecer e celebrar o papel fundamental das mulheres na ciência e tecnologia. Embora tenha havido progressos significativos, ainda existem barreiras que precisam de ser superadas.
Com mais apoio, políticas inclusivas e educação, é possível garantir que todas as raparigas tenham a oportunidade de explorar e contribuir para o mundo da ciência. Afinal, a diversidade traz inovação, e a ciência só pode evoluir verdadeiramente quando todas as mentes brilhantes, independentemente do género, têm a possibilidade de brilhar.
Nota: Se considera que alguma informação está incorreta, agradecemos que nos informe.