Dia Mundial das Bibliotecas – 1 de Julho
O Dia Mundial das Bibliotecas é uma celebração anual dedicada a destacar a importância das bibliotecas como centros de conhecimento, cultura e comunidade.
A data é comemorada em diferentes dias ao redor do mundo. Em Portugal celebra-se no dia 1 de julho.
Origem da celebração
A origem do Dia Mundial das Bibliotecas não está diretamente associada a uma única data ou evento, mas surgiu como uma forma de homenagear e promover a relevância das bibliotecas em diferentes sociedades.
A ideia é sensibilizar o público sobre o papel fundamental que as bibliotecas desempenham no acesso à informação e no desenvolvimento cultural e educacional das pessoas.
Importância das Bibliotecas
As bibliotecas são muito mais do que simples depósitos de livros. Elas desempenham várias funções essenciais:
Acesso à informação: Proporcionam acesso gratuito a uma vasta gama de recursos informativos, desde livros e revistas até bases de dados eletrônicas.
Educação e aprendizagem: Funcionam como ambientes de aprendizagem, oferecendo recursos para estudo e pesquisa, bem como programas educativos.
Inclusão digital: Muitas bibliotecas oferecem acesso à internet e ajudam a reduzir a exclusão digital, proporcionando acesso a tecnologias de informação e comunicação.
Cultura e comunidade: São centros culturais que promovem eventos, exposições e atividades comunitárias, fortalecendo o senso de comunidade e identidade cultural.
Conservação do conhecimento: Preservam e conservam a herança literária e histórica, assegurando que futuras gerações tenham acesso ao conhecimento acumulado ao longo do tempo.
Para ler: A Biblioteca e o Museu de Alexandria
Importância do Livro e da Leitura
A leitura é uma prática essencial para o desenvolvimento pessoal e intelectual de qualquer indivíduo.
Os livros são fontes inesgotáveis de conhecimento, permitindo-nos viajar para lugares distantes, conhecer personagens fascinantes e expandir nossa visão de mundo.
Além disso, a leitura estimula a criatividade, a imaginação e a capacidade de reflexão.
Por isso, é fundamental incentivar a leitura desde cedo, seja através de livros físicos, digitais ou audiolivros. Ler é uma atividade que nos enriquece culturalmente, nos faz sentir emoções diversas e nos ajuda a compreender melhor não apenas a nós mesmos, mas também o mundo ao nosso redor.
Portanto, reserve um tempo em seu dia para se dedicar à leitura. Os livros são verdadeiros tesouros que nos guiam, inspiram e transformam, tornando-nos seres humanos mais completos e conscientes.
Mais aspetos sobre a importância do livro e da leitura:
Desenvolvimento Cognitivo: A leitura estimula o cérebro, melhorando funções cognitivas como memória, concentração e capacidade crítica.
Conhecimento e Informação: Os livros são fontes ricas de conhecimento, cobrindo uma infinidade de tópicos e permitindo a aprendizagem contínua.
Empatia e Compreensão: Ler narrativas e histórias de diferentes perspectivas ajuda a desenvolver empatia e uma compreensão mais profunda das experiências humanas.
Cultura e Entretenimento: Proporcionam uma forma de entretenimento que também é educativa, enriquecendo a vida cultural dos indivíduos.
Desenvolvimento Linguístico: A leitura regular contribui para o aprimoramento do vocabulário e habilidades linguísticas.
Para ler: Destruição de bibliotecas na antiguidade
Outras informações importantes
– Bibliotecas digitais
: Com o avanço da tecnologia, as bibliotecas digitais estão se tornando cada vez mais populares, oferecendo acesso a livros eletrônicos, audiolivros e outros recursos digitais.
– Bibliotecas comunitárias: Estas bibliotecas são cruciais em áreas menos favorecidas, fornecendo acesso a recursos educativos e informativos que podem não estar disponíveis de outra forma.
– Voluntariado e apoio: O apoio comunitário e o voluntariado são fundamentais para a manutenção e o funcionamento eficaz das bibliotecas, especialmente em comunidades mais carentes.
O Dia Mundial das Bibliotecas é uma oportunidade para reconhecer e celebrar o valor inestimável das bibliotecas, bem como para promover a importância da leitura e do acesso livre ao conhecimento.
A bibliotecária de Bassorá
Uma história verdadeira do Iraque
No Corão, a primeira coisa que Deus diz a Maomé é “lê”.
Alia Muhammad Baker
Alia Muhammad Baker é a bibliotecária de Bassorá, uma cidade portuária desse país arenoso que é o Iraque.
A sua biblioteca é um lugar de encontro para todos aqueles que amam os livros. Lá, discutem-se assuntos relacionados com o mundo e assuntos relacionados com o espírito.
Até agora. Agora, discutem apenas sobre a guerra.
– Os aviões armados irão ocupar o céu?
– Cairão bombas aqui?
– Os soldados armados encheram as ruas?
– As nossas famílias sobreviverão?
– O que podemos fazer?
Alia receia que os fogos da guerra possam destruir os livros, que são para ela mais preciosos do que montanhas de ouro. Há livros em todas as línguas – livros novos, livros antigos. Há até uma biografia de Maomé que tem setecentos anos. Alia pediu permissão ao governador para transferir os livros para um lugar seguro.
Mas o governador recusou.
Alia decidiu assim tratar ela própria do assunto.
Secretamente, todas as noites, leva para casa alguns livros, carregando-os no seu carro.
Os murmúrios da guerra fazem-se ouvir cada vez mais.
Alguns funcionários do governo passam a vigiar a biblioteca. Há soldados armados no terraço.
Alia aguarda – e receia o pior.
Depois… os rumores tornam-se verdade.
A guerra
A Guerra chega a Bassorá.
A cidade é iluminada por bombardeios e tiroteios.
Alia observa os funcionários da biblioteca, os funcionários estatais e os soldados a abandonarem a biblioteca.
Apenas fica Alia para proteger os livros.
Através da parede da biblioteca, Alia chama o seu amigo Anis Muhammad, que tem um restaurante do outro lado.
– Podes ajudar-me a salvar os livros?
– Posso usar estas cortinas para os embrulhar.
– Aqui tens alguns caixotes da minha loja.
– Podes usar estes sacos?
– Os livros têm de ser salvos.
Durante toda a noite, Alia, Anis, os seus irmãos, e os funcionários da loja e os vizinhos retiraram os livros das prateleiras, passaram-nos através da parede de 7m e esconderam-nos no restaurante de Anis.
Enquanto a guerra continua, os livros estão bem escondidos.
Mais tarde, nove dias depois, um incêndio destrói a biblioteca.
No dia seguinte, alguns soldados visitam o restaurante de Anis.
– Porque tem uma arma? – perguntam eles.
– Para proteger o meu negócio – respondeu Anis.
Os soldados partiram sem revistar o interior.
“Não sabem que a biblioteca está no meu restaurante”, pensou Anis.
Por fim, o monstro da guerra segue o seu caminho.
Alia sabe que, para que os livros fiquem a salvo, terão de ser transferidos para outro sítio, outra vez, enquanto a cidade está calma. Por isso aluga um camião para transportar os trinta mil livros para sua casa e para as casas de amigos.
Na casa de Alia, há livros por todo o lado, a cobrirem o chão, os armários e as janelas – não deixando espaço para praticamente mais nada.
Alia aguarda.
Aguarda que a guerra acabe.
Aguarda e sonha com a paz.
Aguarda… e sonha com uma nova biblioteca.
Mas, até lá, os livros estão a salvo – a salvo com a bibliotecária de Bassorá.
Uma nota da autora
A invasão do Iraque atingiu Bassorá a 6 de abril de 2003. Com a ajuda de amigos e de vizinhos, Alia Mohammad Baker, bibliotecária-chefe da Biblioteca Central de Bassorá, conseguiu salvar 70% da coleção da biblioteca, antes de a biblioteca ser destruída, nove dias depois.
Estes acontecimentos foram relatados pela repórter Shaila K. Dewan do jornal New York Times, que ouviu falar de Alia e da biblioteca durante uma visita que fez ao restaurante de Anis Muhammad, o Hamdan, que fica próximo da biblioteca e que é considerado um dos melhores restaurantes de Bassorá.
A intérprete de Shaila informou-a que Anis tinha uma história incrível sobre a guerra para lhe contar. Shaila marcou um encontro com Anis.
Alia juntou-se a eles e, juntos, partilharam esta história impressionante.
Um pouco depois de a biblioteca ser destruída, Alia teve um AVC e foi operada ao coração. Mas está a recuperar e, apesar de tudo, está empenhada em ver a reconstrução da biblioteca.
Jeanette Winter The librarian of Basra.
A true story from Iraq
New York, Harcourt Books, 2005
(Tradução e adaptação)
Fonte: Clube das Histórias
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