Sobre as ervas medicinais, aromáticas e condimentares

Utilizações das ervas aromáticas

Em botânica dá-se o nome de erva a toda a planta cujo caule é de consistência herbácea ou sub-herbácea, anual ou vivaz.

É comum designar por ervas medicinais, aromáticas e condimentares todas as plantas cujos caules, folhas, flores ou sementes têm aplicações terapêuticas, em perfumaria ou são utilizados em culinária.

Há testemunho de que as ervas já eram utilizadas na Grécia antiga, onde eram conhecidas pelas suas propriedades aromáticas e constituíam a base do tratamento de numerosas doenças.

Hipócrates, célebre médico grego, descreveu algumas centenas de medicamentos à base dessas plantas, cuja utilização se manteve ao longo de muitos séculos.

Também os povos da Antiguidade atribuíam qualidades místicas a algumas ervas.

As ervas aromáticas, para além daquelas que fazem parte da flora espontânea de Portugal, devem ter sido introduzidas no nosso país pelos Romanos, que haviam adotado dos Gregos muitos dos seus costumes.

 

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Também aqueles enalteciam as propriedades sobrenaturais destas plantas, assim como as suas qualidades terapêuticas e gastronómicas.

A coroa de folhas de louro, símbolo da vitória em batalhas e jogos, foi também famosa.

No resto da Europa as ervas foram igualmente alvo de superstição, atingindo o máximo da importância na Idade Média, quando em cada aldeia havia uma feiticeira e cada feiticeira preparava com ervas as suas misteriosas poções.

Por outro lado, também serviam para anular magias: o alho, o incenso e o hissopo combatiam a feitiçaria e os espíritos demoníacos.

Ainda hoje em remotas regiões da Roménia as portas das casas são ornamentadas com grinaldas de alho destinadas a afugentar os vampiros!

Também nas cerimónias religiosas católicas eram utilizadas as ervas, de que existiam viveiros em todos os mosteiros e catedrais.

As propriedades medicinais das ervas eram, porém, as mais enaltecidas.

Em 1597, John Gerard, herbanário e boticário, publicou um volumoso tratado, que pesava 5 kg e continha 1.000 páginas, com a descrição ilustrada em xilogravura de cerca de 3.000 plantas.

 

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As mezinhas à base de ervas continuaram a ser objeto de estudo dos físicos até ao século XVIII, e ainda hoje, para a preparação de grande parte das drogas, recorre-se às fontes da Natureza.

A morfina é obtida da papoila; a digitalina, estimulante cardíaco, da dedaleira; a colquicina, usada no tratamento de certas formas de reumatismo, é obtida do cólquico (Colchicum).

A utilização das ervas em culinária atingiu o seu ponto culminante no século XVI; foi a altura dos jardins de ervas da época isabelina; um jardim bem «fornecido» deveria ter, pelo menos, 60 espécies destinadas à preparação de bebidas medicinais, perfumes e para usos culinários.

Durante o século XIX, a cultura das ervas e o interesse por estas começou a declinar.

No começo do século XX, as ervas mais utilizadas em cozinha eram apenas quatro: a hortelã, a salsa, o louro e o coentro.

No entanto, a popularidade de pratos mais condimentados de novo voltou as atenções para a importância das ervas aromáticas.

In “Segredos culinários das ervas aromáticas” (texto editado e adaptado) | Imagem