O essencial sobre os tempos litúrgicos da Igreja Católica
Os tempos litúrgicos na Igreja Católica
“Partindo do Tríduo Pascal, como da sua fonte de luz, o tempo novo da ressurreição enche todo o ano litúrgico da sua claridade. Progressivamente, dum lado e doutro desta fonte, o ano é transfigurado pela liturgia. Ele é realmente o ano da graça do Senhor (48).
A economia da salvação realiza-se no quadro do tempo, mas a partir do seu cumprimento na Páscoa de Jesus e da efusão do Espírito Santo, o fim da história é antecipado, pregustado, e o Reino de Deus entra no nosso tempo.
É por isso que a Páscoa não é simplesmente uma festa entre outras: é a «festa das festas», a «solenidade das solenidades», tal como a Eucaristia é o sacramento dos sacramentos (o grande sacramento).
Santo Atanásio chama-lhe «o grande domingo» (49), tal como a Semana Santa é chamada no Oriente «a semana maior». O mistério da ressurreição, em que Cristo aniquilou a morte, penetra no nosso velho tempo com a sua poderosa energia, até que tudo Lhe seja submetido.
Data da celebração da Páscoa
No Concílio de Niceia (em 325), todas as Igrejas acordaram em que a Páscoa cristã fosse celebrada no domingo a seguir à lua cheia (14 de Nisan), depois do equinócio da Primavera.
Devido a diferentes métodos usados para calcular o dia 14 de Nisan, a data da Páscoa nem sempre coincide nas Igrejas do Ocidente e do Oriente. Por isso, estas Igrejas procuram hoje um acordo, para chegarem de novo a celebrar numa data comum o dia da ressurreição do Senhor.
O ano litúrgico é o desenrolar dos diferentes aspetos do único mistério pascal. Isto vale particularmente para o ciclo das festas em torno do mistério da Encarnação (Anunciação, Natal, Epifania), que comemoram o princípio da nossa salvação e nos comunicam as primícias do mistério da Páscoa.” (Catecismo da Igreja Católica, nº1168 a nº1171)
Cada novo Ano Litúrgico tem início com as Vésperas do Domingo I do Advento
Tempo do Advento
O Tempo do Advento tem dupla característica: é tempo de preparação para a solenidade do Natal, em que se comemora a primeira vinda do Filho de Deus aos homens; simultaneamente, é tempo em que, comemorando este primeira vinda, o nosso espírito se dirige para a expectativa da segunda vinda de Cristo no fim dos tempos. Por estes dois motivos, o Advento apresenta-se-nos como um tempo de piedosa e alegre expectativa (CR 39: EDREL 877).
Algumas observações para o Tempo do Advento
1.- O órgão e os outros instrumentos musicais devem usar-se, e o altar ornamenta-se de flores, com aquela moderação que convém ao carácter próprio deste tempo, de modo que não se antecipe a plena alegria do Natal do Senhor (Cerimonial dos Bispos, 236).
2.- Na celebração do Matrimónio, o pároco deve advertir os esposos para que tenham em conta a índole peculiar deste tempo litúrgico (Celebração do Matrimónio, 32: EDREL 1149).
Para a Missa até ao dia 16 de Dezembro
Não são permitidas as Missas para várias necessidades ou para várias circunstâncias, as Missas votivas e as Missas quotidianas de defuntos, a não ser que uma verdadeira necessidade ou utilidade pastoral o exijam (IGMR 376. 381: EDREL 616. 620). São porém permitidas as Missas das memórias facultativas ocorrentes ou dos Santos mencionados nestes dias no Martirológio (IGMR 355 b: EDREL 599 b).
Para o Ofício Divino toma-se o volume respetivo da Liturgia das Horas.
Para a Missa, tomam-se os Lecionários: dominical (Ano C – 2018/19); ferial (Advento – IV).
Tempo do Natal
Depois da celebração anual do mistério pascal, nada na Igreja é mais venerável do que a celebração do Natal do Senhor e das suas primeiras manifestações: é o que se faz no Tempo do Natal (CR 32: EDREL 870).
Para a Missa tomam-se os Lecionários: Dominical (Natal – Ano C – 2018/2019); ferial (Natal – IV).
Tempo Comum antes da Quaresma
O Tempo Comum são trinta e três ou trinta e quatro semanas no ciclo do ano, destinadas não a celebrar um aspeto particular no mistério de Cristo, mas o próprio mistério de Cristo na sua globalidade, especialmente aos domingos (AC 43: EDREL 881).
Para o Ofício Divino toma-se o volume respetivo da Liturgia das Horas.
Para a Missa, tomam-se os Lecionários: dominical (Ano B – 2018); ferial (Anos Pares – VI – 2018).
As Missas dos dias de semana deste Tempo não têm Glória. Prefácios comuns, à escolha, ou outros.
O Missal apresenta 34 formulários de Missas intituladas Missas dominicais e quotidianas, que podem utilizar-se, com grande liberdade de escolha, nos dias feriais deste Tempo que não tenham Missa própria de algum Santo.
Nas Missas votivas pode usar-se a cor do próprio da Missa, do dia, ou do Tempo.
Tempo da Quaresma
O Tempo da Quaresma destina-se a preparar a celebração da Páscoa: a liturgia quaresmal prepara para a celebração do mistério pascal tanto os catecúmenos, através dos diversos graus da iniciação cristã, como os fiéis, por meio da recordação do Batismo e das práticas de penitência (CR 27: EDREL 865).
Para o Ofício Divino toma-se o volume respetivo da Liturgia das Horas.
Para a Missa, tomam-se os Lecionários: dominical (Ano B – 2018); ferial (Quaresma – IV – 2018 ).
Algumas observações para o Tempo da Quaresma
1.- Na Liturgia das Horas e na Liturgia da Eucaristia omite-se sempre o Aleluia.
2.- Nas solenidades e festas e em algumas celebrações especiais, diz-se Te Deum e Glória a Deus.
3.- As memórias obrigatórias que coincidem com as férias da Quaresma só podem ser celebradas como memórias facultativas (CR 14: EDREL 852).
4.- Não é permitido, neste Tempo, ornamentar os altares com flores, e o toque dos instrumentos musicais só é permitido para sustentar o canto. Excetuam-se, contudo, o domingo Laetare (IV da Quaresma), as solenidades e as festas (Cerimonial dos Bispos, 252).
5.- Na celebração do Matrimónio, o pároco deve advertir os esposos para que tenham em conta a índole particular deste Tempo litúrgico (Celebração do Matrimónio, 32: EDREL 4251).
Quarta-feira de Cinzas
Lembrar aos fiéis que, em união com a Paixão do Senhor e em espírito de penitência mais visível, nas sextas-feiras da Quaresma se deve escolher uma alimentação simples e pobre, que poderá concretizar-se na abstenção da carne (Normas da CEP – 28/01/1985).
Lembrar-lhes, também, a finalidade das Renúncias Quaresmais deste ano, proposta pelo Bispo da Diocese.
1.- Na Missa, depois do Evangelho e da homilia, benzem-se e impõem-se as cinzas, feitas de ramos de oliveira ou de outras árvores, benzidos no ano anterior. Omite-se o ato penitencial.
2.- A bênção e imposição das cinzas também se pode fazer sem a Missa, dentro duma liturgia da palavra.
Semana Santa
1.- Na Semana Santa a Igreja celebra os mistérios da salvação realizada por Cristo nos últimos dias da sua vinda, desde a entrada messiânica de Jesus em Jerusalém, até à sua sacratíssima Paixão e gloriosa Ressurreição.
O Tempo da Quaresma prolonga-se até Quinta-feira.
A Missa vespertina da Ceia do Senhor dá início ao Tríduo Pascal, que prossegue na Sexta-feira da Paixão do Senhor e no Sábado Santo, tem o seu centro na Vigília Pascal e termina com as Vésperas do Domingo da Ressurreição.
Convém dedicar os dias feriais desta semana à celebração da Penitência, e abster-se totalmente da celebração do Batismo e da Conformação, para que estes sacramentos reencontrem o seu lugar originário na Vigília Pascal.
Os ritos da Semana Santa
2.- Os ritos da Semana Santa, isto é, a bênção e procissão dos ramos, a reposição do Santíssimo Sacramento depois da Missa da Ceia do Senhor, a Acão litúrgica de Sexta-feira da Paixão do Senhor e a Vigília Pascal podem, em princípio, celebrar-se em todas as igrejas e oratórios.
Convém, no entanto, que nas igrejas não paroquiais e nos oratórios se celebrem apenas quando seja possível fazê-lo com dignidade, por haver número conveniente de ministros, possibilidade de cantar pelo menos algumas partes e uma presença suficiente de fiéis. Caso contrário, é preferível realizar as celebrações deste modo apenas nas igrejas paroquiais e noutras mais importantes.
Os pastores de almas procurem, com diligência, instruir os fiéis quanto ao sentido e estrutura dos ritos deste dias e levá-los a uma participação ativa e frutuosa nos mesmos.
3.- A Congregação do Culto Divino, em Carta circular de 16 de Janeiro de 1988, recordou nas normas e orientações pastorais para uma celebração digna da Semana Santa e do Tempo Pascal. Aqui se indicam as que se referem mais diretamente ao ordenamento geral da ação litúrgica deste tempo.
Domingo de Ramos na Paixão do Senhor
1.- O Domingo de Ramos, pelo qual a Igreja dá início ao mistério do seu Senhor morto, sepultado e ressuscitado, une intimamente o triunfo real de Cisto e o anúncio da sua paixão.
2.- A entrada do Senhor em Jerusalém é recordada pela solene procissão dos ramos, sempre única, a realizar antes da celebração da Missa mais frequentada pelo povo, mesmo a horas vespertinas do sábado ou do próprio domingo.
A reunião do povo tem lugar noutra igreja ou num lugar apropriado fora da igreja para onde se dirige a procissão. Os fiéis participam na procissão cantando e levando nas mãos ramos de palmeira ou de outras árvores. O mesmo fazem os sacerdotes e seus ministros.
Os ramos são benzidos para serem levados na procissão. Depois, guardados em casa com todo o respeito, aí recordam a vitória de Cristo celebrada na procissão desse dia.
3.- Para comemorar a entrada do Senhor em Jerusalém, o Missal propõe, além da procissão, a entrada solene, a realizar antes da Missa principal onde não for possível fazer a procissão fora da igreja, e que pode repetir-se antes de outra Missa que seja costume celebrar com grande concurso de povo; e a entrada simples, a realizar nas outras Missas.
Cor dos paramentos
4.- Neste dia usa-se a cor vermelha. Na procissão, o sacerdote pode usar o pluvial ou a casula.
5.- No fim da procissão ou da entrada solene, omitem-se o sinal da cruz e o ato penitencial ou a aspersão com água benta no início da Missa, e diz-se imediatamente a oração Coleta. A Missa prossegue depois, da maneira habitual.
6.- Para utilidade espiritual dos fiéis convém ler integralmente a história da Paixão, sem omitir, de modo algum, as leituras que a precedem. Depois da Paixão faça-se uma homilia, embora breve.
7.- A história da Paixão do Senhor lê-se sem velas, sem incenso, sem saudação e sem signição do livro. É lida pelo diácono ou, na sua falta, pelo sacerdote. Todavia pode ser lida por leitores leigos, reservando-se a parte de Cristo, se for possível, para um sacerdote.
Os diáconos, mas não os outros, antes da leitura da Paixão dizem o Munda cor meum e pedem a bênção ao sacerdote, tal como antes do Evangelho. Depois de anunciada a morte do Senhor, todos se ajoelham, e faz-se uma breve pausa. No fim diz-se Palavra da Salvação, mas omite-se o beijo no livro.
8.- Onde não puder celebrar-se a Missa, faça-se uma celebração da Palavra de Deus sobre a entrada messiânica e a Paixão do Senhor, quer no sábado à tarde, quer no domingo à hora mais conveniente.
Quinta-feira da Semana Santa
1.- Hoje apenas são permitidas a Missa do Crisma e a Missa da Ceia do Senhor. São proibidas todas as Missas sem povo e todas as Missas de defuntos.
2.- A Missa do Crisma, que o bispo concelebra com o seu presbitério e na qual são benzidos os santos óleos, deve ser considerada como manifestação da comunhão dos presbíteros com o seu bispo.
Para esta Missa reúnem-se a nela concelebram presbíteros das diversas zonas da diocese, que são testemunhas e cooperadores do seu bispo na confeção do Crisma e que, participando no seu poder sagrado de edificar, santificar e governar o povo de Deus, deste modo manifestam com clareza persistência da unidade do sacerdócio e do sacrifício de Cristo na Igreja. Os fiéis devem participar também com frequência nesta Missa e nela receber a Eucaristia.
3.- A Missa do Crisma celebra-se com paramentos brancos e diz-se Glória e prefácio próprio.
Os santos óleos
4.- Os novos óleos benzidos levam-se, de maneira digna, para as igrejas paroquiais, e os antigos queimam-se ou lançam-se na lâmpada do Santíssimo Sacramento.
A receção dos santos óleos nas igrejas paroquiais realiza-se antes da Missada Ceia do Senhor ou noutro momento mais oportuno. Elucidem.se porém os fiéis quanto à sua utilização e respetiva eficácia na vida cristã.
5.- A sagrada comunhão só pode distribuir-se aos fiéis dentro da Missa do Crisma e na Missa da Ceia do Senhor.
Aos doentes, porém, a comunhão pode ser levada a qualquer hora do dia.
Tríduo Pascal
O sagrado Tríduo da paixão e Ressurreição do Senhor é o ponto culminante de todo o ano litúrgico, porque a obra da redenção humana e da perfeita glorificação de Deus foi realizada por Cristo especialmente no seu mistério pascal, pelo qual, morrendo destruiu a nossa morte e ressuscitando restaurou a vida (CR 18: EDREL 856).
1.- Pelo Tríduo Pascal, ou seja pela celebração da morte, sepultura e ressurreição do seu Esposo, a Igreja entende tornar presente e reproduzir o Mistério da Páscoa, ou a passagem do Senhor deste mundo para o Pai.
De acordo com a tradição da Igreja primitiva, haverá um sagrado jejum pascal, que se deve observar em toda a parte na Sexta-feira da Paixão e Morte do Senhor e, se for oportuno, se estenderá também ao Sábado Santo, para que os fiéis possam chegar à alegria da Ressurreição do Senhor com elevação e largueza de espírito (SC 110: EDREL 110).
As celebrações
2.- As celebrações do Tríduo Sagrado realizam-se apenas onde possam efetuar-se de maneira digna e conveniente.
Além disso, é preferível que as pequenas comunidades religiosas se reúnam, para as celebrações, nas igrejas maiores, fortalecendo a participação dos fiéis. De igual modo, os fiéis de várias paróquias mais pequenas entregues ao cuidado de um só presbítero, devem reunir-se, na medida do possível, na igreja principal da zona, a fim de participar nas ações sagradas.
Se nalgum lado estiver entregue a um só pároco o cuidado de duas ou várias paróquias, nas quais os fiéis participem frequentemente e onde seja possível realizar as celebrações sagradas de maneira digna e mais solene, tal pároco goza da faculdade de repetir a celebração do Tríduo Sagrado, observando, quanto ao mais, as normas estabelecidas.
3.- Recomenda-se muito a celebração comunitária do Ofício de Leitura e de Laudes na Sexta-feira da Paixão do Senhor e no Sábado Santo. Deste modo a comunidade cristã medita mais eficaz e plenamente na Paixão, enquanto aguarda o anúncio da Ressurreição.
Quinta-feira da Semana Santa à tarde
Missa Vespertina da Ceia do Senhor
1.- Com esta Missa, celebrada na tarde de Quinta-feira da Semana Santa, a Igreja dá início ao sagrado Tríduo Pascal e procura recordar aquela última Ceia em que o Senhor Jesus, na noite em que foi entregue, tendo amado até ao fim os seus que estavam no mundo, ofereceu a Deus, sob as espécies do pão e do vinho, o seu Corpo e Sangue, os seus aos Apóstolos para que os tomassem e lhes mandou a eles e aos seus sucessores no sacerdócio que os oferecessem.
2.- A Missa da Ceia do Senhor deve ser celebrada à tarde, à hora mais oportuna, com a participação plena de toda a comunidade local.
Os presbíteros que já tiverem concelebrado na Missa crismal, ou que devem celebrar outra Missa para utilidade dos fiéis, podem concelebrar também nesta Missa.
Segundo antiquíssima tradição da Igreja, são proibidas as Missas sem povo.
3.- Onde alguma razão pastoral o aconselhe, o Ordinário do lugar pode permitir que se celebre outra Missa nas igrejas e oratórios, à tarde, e em caso de verdadeira necessidade, também de manhã, mas só para os fiéis que não possam, de modo algum, tomar parte na Missa vespertina.
Evite-se, porém, que tais celebrações se façam em benefício de pessoas privadas ou que prejudiquem a Missa vespertina principal.
Sacrário e Eucaristia do dia seguinte
4.- O sacrário deve estar vazio e, para a comunhão do clero e do povo, hoje e amanhã, consagram-se partículas nesta Missa.
5.- A fim de guardar a Eucaristia para a comunhão do dia seguinte prepare-se, de maneira conveniente, uma capela, que favoreça a oração e a meditação. No entanto, recomenda-se muito o despojamento que convém à liturgia destes dias.
Se o Santíssimo Sacramento se guarda habitualmente numa capela separada da nave central da igreja, é nessa mesma capela que deve preparar-se o lugar para a reposição e adoração.
O Santíssimo deve, contudo, guardar-se num sacrário fechado, sendo absolutamente proibida a exposição na custódia. Além disso, o sacrário não deve ter, de modo algum, a forma de sepulcro, e até mesmo a própria palavra «sepulcro» deve ser evitada. Efetivamente, a capela da reposição não pretende representar a sepultura do Senhor, mas destina-se apenas a guardar o Santíssimo Sacramento para a comunhão do dia seguinte.
6.- Enquanto se canta Glória tocam-se os sinos, e uma vez terminado, não voltarão a tocar até à Vigília Pascal.
7.- O lava-pés, que segundo a tradição deste dia se faz a alguns homens escolhidos, manifesta o serviço e a caridade de Cristo, que não veio para ser servido, mas para servir. É conveniente conservar esta tradição e explicar o seu sentido genuíno.
8.- Na procissão dos dons é muito de aconselhar que se levem ao altar bens para os pobres, especialmente aqueles que, no Tempo da Quaresma, foram recolhidos como fruto da penitência. Durante a procissão canta-se o hino Onde haja caridade.
Final da Eucaristia
9.- Terminada a oração depois da Comunhão, organiza-se uma procissão através da igreja com incenso e velas, na qual se leva a Eucaristia para a capela da reposição.
10.- Terminada a celebração deste dia, procede-se à desnudação privada dos altares e, sendo possível, retiram-se as cruzes da igreja. Convém que as cruzes, que por qualquer razão permaneçam na igreja, sejam cobertas.
11.- Exortem-se os fiéis a fazer adoração diante do Santíssimo Sacramento, durante um conveniente tempo noturno, segundo as circunstâncias locais, mas de modo que, após a meia-noite, essa adoração seja feita sem solenidade.
12.- A procissão e a reposição do Santíssimo não se fazem nas igrejas em que não se celebra a Ação litúrgica da Paixão do Senhor, na Sexta-feira seguinte.
Sexta-feira da Paixão do Senhor
1.- Neste dia, em que Cristo, nossa Páscoa, foi imolado, A Igreja olha para a cruz do seu Senhor e Esposo e adora-a, comemora o seu nascimento do lado de Cristo adormecido na cruz, e intercede pela salvação do mundo inteiro.
2.- Por antiquíssima tradição, a Igreja, neste dia, não celebra a Eucaristia. A sagrada comunhão é distribuída aos fiéis apenas dentro da celebração da Paixão do Senhor; mas aos doentes que não podem participar nessa celebração, pode levar-se a qualquer hora do dia.
3.- Além da Penitência e da Unção dos enfermos, não se devem celebrar outros sacramentos. As exéquias devem realizar-se sem canto, sem órgão e sem toque de sinos.
4.- A Sexta-feira da Paixão do Senhor é dia de penitência em toda a Igreja, e deve realizar-se com jejum e abstinência de carne.
Ofício de Leitura e Laudes
5.- Recomenda-se muito a celebração comum, com o povo, do Ofício de Leitura e Laudes deste dia.
6.- A celebração da Paixão do Senhor deve fazer-se depois do meio-dia, cerca das três horas da tarde; se verdadeiras razões pastorais o aconselharem, pode escolher-se uma hora mais conveniente a partir do meio-dia, mas não depois das nove horas da noite.
7.- Toda a Ação Litúrgica deve ser realizada de acordo com o que prescrevem os livros litúrgicos. Ninguém, por sua livre iniciativa, lhe deve introduzir alterações.
8.- O altar deve estar desnudado: sem toalhas, sem cruz, sem candelabros.
9.- Para a leitura da Paixão, veja-se o que foi dito para o Domingo de Ramos (nº7).
10.- A cruz que se mostra ao povoe se apresenta à adoração deve ser suficientemente grande e esculpida à mão, com elegância. A fórmula para mostrar a cruz e a resposta do povo devem ser proferidas com canto. Em razão da verdade do sinal, deve apresentar-se à adoração uma só cruz.
Hão-de, pois, tomar-se providências para que cada um dos fiéis possa adorar a cruz, o que é muito importante na celebração deste dia. O rito em que a cruz é adorada simultaneamente por todos, em silêncio, deve utilizar-se apenas quando os fiéis que participam na celebração forem deveras muito numerosos.
Guarda da Santíssima Eucaristia
11.- Depois da celebração da Paixão do Senhor, leva-se a Santíssima Eucaristia, de forma simples, para o lugar da reserva, e aí se guarda, junto da lâmpada acesa. E desnuda-se o altar de forma privada, deixando sobre ele a cruz e os candelabros.
É conveniente preparar um local apropriado (v.g. a capela onde se fez a reposição do Santíssimo no dia anterior), que facilite a oração e a meditação, e onde se coloque a cruz a adorar pelos fiéis.
12.- Hoje, depois da desnudação da cruz e amanhã, até à Vigília pascal exclusive, genuflete-se à cruz.
13.- Devem fazer-se também aqueles exercícios de piedade popular que têm, por si mesmos, grande importância pastoral, v.g. a «Via-Sacra», e as procissões da Paixão do Senhor, a memória das dores da Santíssima Virgem Maria. Os seus textos e cantos devem estar de acordo com a liturgia e mostrar que esta, por sua natureza, é superior a esses exercícios de piedade.
Sábado Santo
Hoje, antes da Vigília Pascal, a sagrada comunhão só pode ser levada como Viático.
As Completas são omitidas por aqueles que participam na Vigília Pascal.
1.- No Sábado Santo a Igreja detém-se junto do sepulcro do Senhor, meditando na sua paixão e morte e na sua descida á mansão dos mortos e aguardando, no jejum e nas orações, a sua ressurreição.
Recomenda-se muito a celebração do Ofício de Leitura e Laudes com participação do povo. Se não for possível, faça-se uma celebração da Palavra de Deus ou outro exercício de piedade que esteja de acordo com o mistério desse dia.
2.- Na igreja pode propor-se à veneração dos fiéis uma imagem de Cristo crucificado, ou depositado no sepulcro, ou descendo á mansão dos mortos, que torne claro o mistério do Sábado Santo, ou também uma imagem das dores da Santíssima Virgem.
3.- Neste dia a Igreja abstém-se por completo da celebração da Eucaristia. A sagrada comunhão apenas pode ser dada como Viático. Não deve fazer-se a celebração do Matrimónio nem de outros sacramentos, com exceção da Penitência e da Unção dos enfermos.
4.- Esclareçam-se os fiéis acerca da natureza peculiar deste dia. As tradições festivas intimamente ligadas à celebração da Páscoa, outrora antecipadas para o Sábado Santo, sejam reservadas para a noite e para o dia de Páscoa.
Domingo de Páscoa da Ressurreição do Senhor
Hoje, o Ofício de Leitura é omitido por aqueles que participam na Vigília Pascal.
1.- Segundo antiquíssima tradição, esta noite é admirável para o Senhor, e a Vigília que nela se celebra, para comemorar a noite santa em que o Senhor ressuscitou, é tida como a “mãe de todas as santas vigílias”. Nela, com efeito, a Igreja aguarda, em expectativa vigilante, a ressurreição do Senhor, e celebra os sacramentos da iniciação cristã. Além disso, a tradição cristã sempre reconheceu, nesta Vigília, uma característica de expectativa pela vinda do Senhor nos últimos tempos.
2.- A celebração da Vigília Pascal realiza-se toda de noite, de tal modo que ou não comece antes do início da noite, ou acabe antes do raiar do dia do domingo. Deve reprovar-se o hábito de celebrar a Vigília Pascal à hora em que as Missas vespertinas do domingo costumam antecipar-se para o sábado. Além disso, toda a celebração deve ser ordenada de modo a favorecer a sua natureza de vigília prolongada.
3.- Não é permitida a celebração só da Missa sem os ritos da Vigília Pascal.
4.- A Vigília Pascal pode celebrar-se também nas igrejas e oratórios onde não se realizaram as ações litúrgicas de Quinta e Sexta-feira, e omitir-se onde aquelas acções sagradas se celebraram. Deve celebrar-se onde exista fonte batismal.
Paramentos brancos
5.- Para toda a ação litúrgica os ministros sagrados revestem-se, como para a Missa, de paramentos brancos.
6.- A Vigília desta noite está ordenada de tal modo que, após breve lucernário (primeira parte desta Vigília), a Igreja santa medita nas maravilhas que o Senhor Deus realizou, desde o princípio, em favor do seu povo, confiando-lhe a sua palavra e a promessa (segunda parte ou liturgia da palavra), até ao momento em que, ao aproximar-se o dia da ressurreição, juntamente com os novos membros renascidos no batismo (terceira parte), os convida para a mesa que o Senhor Jesus, pela sua morte e ressurreição, preparou para o seu povo (quarta parte).
Toda a Vigília Pascal é enriquecida por símbolos e ritos, a realizar com amplitude e a dignidade que se harmonizem com eles, para que os fiéis lhes descubram o sentido, insinuado também nas admonições e orações.
É conveniente sobretudo levar os fiéis, por meio de breve admonição, a compreenderem o sentido tipológico das leituras do Antigo Testamento que se fazem na Vigília.
7.- Para a bênção do lume deve preparar-se, na medida do possível, uma fogueira, num lugar conveniente fora da igreja, cuja chama consiga, de facto, dissipar as trevas e iluminar a noite.
8.- Para ser mantida a verdade do símbolo, o círio pascal deve ser inteiramente feito de cera, ter grandes dimensões, e renovar-se todos os anos. Efetivamente, ele deve exprimir a figura de Cristo que, como verdadeira luz, ilumina o mundo. Deve ser benzido com os sinais e as palavras que vêm nos livros litúrgicos.
O Precónio Pascal
9.- O precónio pascal pode ser anunciado, de for necessário, por um cantor que não seja diácono, o qual não recebe a bênção do celebrante e omite uma parte do invitatório (Quapropter…) e a saudação O Senhor esteja convosco.
Pode cantar-se na forma longa ou na forma breve.
10.- Devem ler-se pelo menos três leituras do Antigo Testamento, e em casos mais urgentes ao menos duas; nunca se deve omitir a leitura do livro do Êxodo.
L1 – Gen 1, 1 – 2, 2 ou Gen 1, 1. 26-31ª
L2 – Gen 22, 1-18 ou Gen 11, 1-2 9ª 10-13. 15-18
L3 – Ex. 14, 15 – 15, 1
L4 – Is 54, 5-14
L5 – Is 55, 1-11
L6 – Bar 3, 9-15. 32 – 4, 4
L7 – Ez 36, 16-17ª 18-28
L8 – Rom 6, 3-11
Ev – Mc 16, 1-8
Liturgia baptismal
11.- A liturgia batismal da Vigília Pascal atinge a sua plenitude quando se celebra o batismo de adultos, ou pelo menos de crianças. Todavia, mesmo quando não se celebra o batismo, deve fazer-se, nas igrejas paroquiais, a bênção da água batismal.
Nos lugares onde a fonte não deve ser benzida, para recordar o batismo deve fazer-se a bênção da água, com a qual, depois da renovação das promessas batismais, o povo é aspergido.
12.- Ao evangelho da Missa pode usar-se incenso, mas não se levam velas.
13.- É conveniente, para que na Vigília Pascal o sinal eucarístico atinja toda a sua plenitude na comunhão, distribuí-la sob as espécies do pão e do vinho. Os Ordinários dos lugares ponderem a oportunidade e as circunstâncias desta concessão e estabeleçam normas acerca delas.
14.- A Missa da Vigília é a Missa do Domingo de Páscoa da Ressurreição. Quem celebra ou concelebra a Missa da Noite, pode celebrar ou concelebrar uma segunda Missa da Páscoa.
Missa do dia
1.- A Missa do dia de Páscoa deve ser celebrada com grande solenidade. Em vez do ato penitencial, deve fazer-se a aspersão com água benzida (na Vigília), para recordar o baptismo.
2.- O círio pascal, a colocar junto do ambão ou do altar, deve acender-se nas celebrações litúrgicas mais solenes deste tempo, ou seja na Missa, nas Laudes e nas Vésperas, até ao Domingo de Pentecostes.
Depois do Domingo de Pentecostes, o círio pascal deve manter-se em lugar de honra no batistério, para que, na celebração do batismo, nele se acendam as velas dos baptizados. Nas exéquias, deve colocar-se o círio pascal junto do féretro, para lembrar que a morte, para o cristão, é a sua verdadeira páscoa.
Fora do Tempo da Páscoa, o círio não deve utilizar-se nem acender-se no presbitério.
3.- Onde estiver em uso, conserve-se com toda a diligência, ou, se for possível, introduza-se o costume de celebrar, no dia de Páscoa, as Vésperas batismais. As celebrá-las, enquanto se cantam os salmos vai-se em procissão até á fonte batismal.
Tempo Pascal
Os cinquenta dias que se prolongam desde o domingo da Ressurreição até ao domingo de Pentecostes celebram-se na alegria e exultação domo um único dia de festa, melhor, como «um grande domingo». São os dias em que de modo especial se canta Aleluia (CR 22: EDREL, 860).
Domingo de Pentecostes – Solenidade
Os cinquenta dias sagrados do Tempo Pascal concluem-se com o Domingo de Pentecostes, em que se comemora o dom do Espírito Santo aos Apóstolos, nos primórdios da Igreja, e o início da sua missão junto de todas as línguas, povos e nações.
Convém celebrar nesta vigília uma Missa mais longa, utilizando as leituras e orações propostas nos livros litúrgicos. Todavia, esta Missa não tem carácter batismal como a da Vigília Pascal, mas de oração mais intensa, a exemplo dos Apóstolos e dos discípulos que perseveraram com Maria, Mãe de jesus, unânimes em oração, esperando a vinda do Espírito Santo.
Terminado o Tempo pascal, convém colocar o círio pascal no batistério, para que, durante a celebração dos batismos, nele se acendam as velas dos batizados.
Tempo Comum, depois do Tempo Pascal
O Tempo Comum são trinta e três ou trinta e quatro semanas no ciclo do ano, destinadas não a celebrar um aspeto particular no mistério de Cristo, mas o próprio mistério de Cristo na sua globalidade, especialmente aos domingos (AC 43: EDREL 881).
Retoma-se o Tempo Comum na semana VII (em 2018), não se omitindo nenhuma semana.
Para o Ofício Divino toma-se o volume respetivo da Liturgia das Horas.
Para a Missa, tomam-se os Lecionários: dominical (Ano B – 2018); ferial (Anos Pares – VI – 2018).
As Missas dos dias de semana deste Tempo não têm Glória. Prefácios comuns, à escolha, ou outros.
O Missal apresenta 34 formulários de Missas intituladas Missas dominicais e quotidianas, que podem utilizar-se, com grande liberdade de escolha, nos dias feriais deste Tempo que não tenham Missa própria de algum Santo.
Nas Missas votivas pode usar-se a cor do próprio da Missa, do dia, ou do Tempo.
O Ano Litúrgico termina antes das Vésperas I do Domingo I do Advento (AC 44: EDREL 674), sendo que no Domingo anterior se celebra a Solenidade de Jesus Cristo Rei do Universo, também conhecida como Festa de Cristo Rei.
Fonte: Diretório Litúrgico (adaptado)