O Calendário Egípcio | História dos calendários

O Calendário Egípcio

O primeiro calendário da história da humanidade aparece por volta do ano 3000 a.C. no Egipto e está intimamente relacionado com a enchente anual do rio Nilo.

Atendendo à contagem dos dias entre as duas enchentes consecutivas do Nilo, os Egípcios puderam observar que o ano solar consta, em média, de trezentos e sessenta e cinco dias.

O ano era dividido em 12 meses de 30 dias e mais cinco dias extras, dedicados aos deuses.

Este calendário de 365 dias é um importante avanço das primeiras dinastias egípcias, supondo-se que esta invenção é devida ao antigo reino do Baixo Egipto. Antes deste calendário, os Egípcios contavam o tempo guiando-se pelas lunações de vinte e nove e trinta dias. Por conseguinte, a festa da Lua era determinada pelo mês lunar.

Assim, os egípcios são os primeiros a utilizar um calendário solar, embora os 12 meses de 30 dias sejam de origem lunar. O ano tem 365 dias, mas 6 horas a menos que o ano solar, o que significa o atraso de um dia a cada quatro anos.

A elíptica solar e a mudança regular das estações revestem-se de grande importância para a agricultura. Todas as fainas agrícolas dependem do Nilo e das suas inundações. O rio divide o ano em três períodos de duração equivalente.

Segundo o nosso cômputo mensal,

– a época das cheias (akket) dura desde meados de Junho até meados de Outubro;

– a sementeira (pert) ou Inverno, desde meados de Outubro até princípios de Fevereiro;

– a colheita (shemu), ou Verão, desde meados de Fevereiro até meados de Junho.

O Nilo comanda a vida no Egipto

O Nilo atinge o seu nível mais baixo em Maio.

A sua primeira crescente coincide sempre com o aparecimento de Sírio, a chamada «saída prematura de Sírio» no crepúsculo matutino. Com esta data começam a época das inundações e do ano do novo calendário.

As três temporadas dividem-se em em quatro meses de trinta dias cada um. Os antigos egípcios não conheciam o ano bissexto.

O calendário egípcio foi reconhecido pelos astrónomos gregos e tornou-se o calendário de referência da astronomia por muito tempo. Copérnico usou-o para construir suas tábuas da lua e planetas.

O calendário é modificado

Já no ano 238 a.C., o Rei Ptolomeu III tentou acrescentar um dia extra ao calendário a cada 4 anos, como no ano bissexto actual. No entanto, a sua proposta não teve eco. Somente entre 26 a.C. e 23 a.C., a modificação é realizada, sob o império romano na mão de Augusto, que introduziu tal modificação no calendário.

O ano egípcio de 23-22 a.C. possui o mês correspondente a Agosto com 30 dias. A partir de então, este mesmo mês voltou a possuir 29 dias, salvo nos anos bissextos, quando tinha um dia a mais. Esse novo calendário passou a chamar-se Alexandrino.

Esta reforma não foi aceite integralmente e os dois calendários permaneceram paralelos até pelo menos 238 d.C. Os astrónomos e astrólogos mantiveram a notação antiga. Ptolomeu usava-o, salvo no tratado de fenómenos anuais em que o novo calendário tinha mais conveniência.

Os persas adotaram o antigo calendário egípcio em 500 a.C. Não é bem certo se foi adotado exatamente ou com modificações. Os arménios ainda o adotam.

Os três últimos meses do calendário arménio correspondem exatamente aos três primeiros do antigo calendário egípcio. Em seguida vêm os cinco dias finais, característicos deste.

O calendário alexandrino é ainda usado na Etiópia, na Igreja Copta e para fins de agricultura no moderno Egipto e vizinhos do norte da África.

A Terra do Nilo

A civilização dos antigo Egipto dependia do rio Nilo, que todos os anos sofria cheias e depositava ricos solos fluviais ao longo das margens.

Por meio de canais de irrigação, os Egípcios conseguiam cultivar uma longa e estreita faixa de terra de cada lado do rio, mais ou menos na mesma área do Egipto atual.

Cerca do ano 3.000 a.C. as pequenas comunidades da região tinham-se reunido em dois grandes estados:

– o Baixo Egipto, ocupando a região do delta do Nilo,

– e o Alto Egipto, que se estendia 800 km para o sul do delta, até ao ponto em que agora se encontra Assuão.

Por volta dos anos 3.100 a.C., Menes, rei do Alto Egipto, conquistou o Baixo Egipto e unificou o país.

Os governantes do Egipto, conhecidos por faraós, são geralmente agrupados por famílias, ou dinastias. Existiram trinta dinastias entre Menes e o ano 332 a.C., quando Alexandre, o Grande, conquistou o país.

Os mais importantes períodos da história do Egipto são

– o Império Antigo (2800-2175 a.C.), da III à VI dinastias;

– depois, o Império Médio (2150-1800 a.C.), cobrindo a XII dinastia;

– o Império Novo (1570-1085 a.C.), da XVIII à XX dinastias.

As pirâmides e a esfinge datam do Império Antigo, um período em que a arte egípcia atingiu o auge.

Os cultivadores e rio Nilo

Desde tempos imemoráveis, o habitante do vale do Nilo observava como o retorno periódico das aves e sobretudo, dos palmípedes, anunciava a retirada das águas do Nilo e, por consequência, o momento mais propício para o cultivo da terra. Esta pontualidade levou o antigo egípcio a dividir o ano em estações que correspondessem ao ano agrícola.

A primeira estação, que começava quando a cheia do Nilo fazia sentir os seus primeiros efeitos em Mênfis (por volta de 19 de Julho), chamou-se Akhet, a «Inundação». A segunda, mais ou menos correspondente ao nosso Inverno, era conhecida por Peret, a «Germinação» (de pery=sair»). Finalmente a terceira, o Estio, designada Shemw, a «falta de água», marcava a época das colheitas.

Cada uma das três estações compunha-se, assim, de quatro meses, que nas datas eram indicados com um simples número progressivo.

Dizia-se, por exemplo: «Estação da Inundação, terceiro mês». Fonte: Boris de Rachewiltz, “A vida no antigo Egipto”