O poeta António Nobre morreu a 18.03.1900
No dia 13 de Setembro de 1900, morreu António Nobre
(Porto, 16.08.1867, Porto – Foz do Douro, Porto, 18.03.1900)
António Nobre. Poeta
Em 1888 foi para Coimbra cursar a Faculdade de Direito.
Duas reprovações sucessivas no 1.º ano levaram-no a ir para Paris, em 1890, onde se licenciou em Ciências Políticas no ano de 1895.
Aprovado no concurso para a carreira diplomática, devido à tuberculose, que se lhe agravou na capital francesa, desde o princípio do curso, não chegou a ser nomeado para nenhum cargo.
Os últimos anos de vida passa-os na perspetiva próxima da morte, buscando desesperadamente a saúde em viagens demoradas que o levaram à Suíça, à Madeira a Nova Iorque.
No seu mundo interior fervilhava a oposição entre a memória de uma infância e adolescência acarinhadas e felizes, em ambiente familiar provinciano, e entre o passado próximo e o presente, marcados pela inadaptação desgastante, pelo tédio e pelo sentimento de abandono.
Em Coimbra tornara-se a figura dominante do grupo da Boémia Nova (1889).
Publicou apenas o volume Só, 1892.
Saíram póstumos: Despedidas (1895-1899), 1902, Primeiros Versos (1882-1889), 1921, Cartas e Bilhetes-Postais a Justino de Montalvão, 1956, e Correspondência, 1967.
O seu lirismo inovador vive da sua experiência direta de gentes, lugares e sensações que ele visualiza e a que dá força anímica, interpelando o leitor num tom coloquial com novas formas de música e cor.
Deste modo prolonga e enriquece o nacionalismo tradicional português revivido em Almeida Garrett.
Aparição
Pelas espadas que tu tens no peito,
Pelos teus olhos roxos de chorar,
Pelo manto que trazes de astros
Por esse modo tão lindo de andar;
Por essa graça e esse suave jeito,
Pelo sorriso (que é de sol e luar),
Por te ouvir assim, sobre o meu leito,
Por essa voz, baixinho «Há-de sarar…»
Por tantas bênçãos que eu sinto na alma,
Quando chegando vens, assim tão calma,
Pela cinta que trazes, cor dos céus:
Adivinhei teu nome, Aparição!
Pois consultando manso o coração,
Senti dizer em mim: «A Mãe de Deus.»
Despedidas
J. Gaspar Simões, António Nobre, Precursor da Poesia Moderna, Lisboa, 1939, Alberto de Serpa, Vida, Poesia e Males de António Nobre, Porto, 1950, M. da Cruz Malpique, Trapas do Perfil de António Nobre, Entrevistos na Sua Correspondência, Matosinhos, 1964, Guilherme de Castilho, Vida e Obra de António Nobre, Amadora, 1980, e Rui Assise Santos, António Nobre, Menino Só, São Paulo, 1981
Fonte: “O Grande Livro dos Portugueses” (texto editado e adaptado)