Pedro Álvares Cabral nasceu em Belmonte, na Beira Baixa

Pedro Álvares Cabral

Nascido em Belmonte, entre 1460 e 1470, filho de Fernão Cabral e de D. Isabel de Gouveia (é algumas vezes designado pelo apelido da mãe), Pedro Álvares Cabral foi moço fidalgo da corte de D. João II, de quem recebeu uma tença por serviços que se desconhecem.

Depois da prometedora viagem de Vasco da Gama até ao Indostão, D. Manuel I escolheu Pedro Álvares Cabral para comandar a forte armada que mandava ao Oriente, no ano de 1500.

Esta esquadra compunha-se de treze naus e tinha mil e quinhentos homens, em grande parte gente de armas, que deviam submeter à obediência o samorim de Calecut, caso ele se mostrasse renitente a aceitar o domínio português, como aliás veio a suceder.

A preparação e o início da viagem

A viagem foi preparada com todo o cuidado, conhecendo-se o borrão das instruções que Vasco da Gama para ele redigiu, baseado na sua experiência; apesar disso, só uma parte da armada chegaria ao Oriente.

Com efeito, depois de uma escala nas Canárias, parece ter-se perdido a nau de Luís Pires, no decorrer de uma tempestade ou de uma «cerração», como informam alguns historiadores quinhentistas (como Castanheda e Barros, por exemplo).

Mas, na célebre carta que do Brasil escreveu a D. Manuel I, Pêro Vaz de Caminha, que, sendo testemunha presencial dos factos, devia estar bem informado, afirma que «se perdeu da frota Vasco de Ataíde com a sua nau, sem aí haver vento forte nem contrário para poder ser».

Esquema da viagem de Pedro Álvares Cabral
Esquema da viagem de Pedro Álvares Cabral (Museu da Marinha, Lisboa)

Depois de aportarem a terras do Brasil e de aí terem permanecido uma semana, Cabral mandou Gaspar de Lemos que levasse a notícia para Lisboa e prosseguiu a viagem.

Uma súbita tormenta no Atlântico Sul fez naufragar, com a perda de todos os tripulantes, as naus de Aires da Silva, de Simão de Pina e de Bartolomeu Dias (segundo o “Livro das Armadas da Academia das Ciências de Lisboa“, que lhes junta o nome do capitão Vasco de Ataíde).

Durante o temporal, Pêro Dias afastou-se da armada e foi ter a Mogadoxo, tendo-se reunido com Pedro Álvares Cabral em Cabo Verde no regresso a Portugal.

A chegada a Calecut

Com apenas seis naus, o capitão-mor apresentou-se em Calecut para as negociações.

Conseguiu estabelecer uma feitoria em terra, mas, por interposição dos mercadores muçulmanos, os portugueses que nela se encontravam acabaram por ser atacados de surpresa, sendo massacrados.

Como represália, Cabral bombardeou a cidade, queimou as naus dos mouros que estavam no porto e foi carregar especiarias a Cochim, daí regressando a Lisboa com os navios bem providos.

Pedro Alvares Cabral chegou a ser escolhido para voltar à Índia, em 1502, mas o comando não chegou a ser-lhe confirmado, ignorando-se por que motivos.

Cabral retirou-se da corte e parece ter caído no desagrado real.

Pedro Álvares Cabral (Museu da Marinha, Lisboa)

O descobrimento do Brasil

À grande viagem de Pedro Álvares Cabral está ligado o descobrimento do Brasil, que a armada avistou em 22 de abril de 1500.

Têm alguns historiadores pretendido, a partir de um trecho do Esmeraldo de Situ Orbis, que Duarte Pacheco Pereira teria percorrido um trecho indeterminado da costa do Brasil antes de 1500.

Assim, a bordada de Cabral para poente seria intencional, para fazer o «descobrimento oficial» da nova terra. Todavia, o Esmeraldo foi escrito depois de 1505 e o passo em referência é pouco claro.

Além disso, conhece-se hoje uma crónica do Descobrimento e Conquista da Índia, escrita em tempo de D. Manuel, em que o autor, ao aludir à terra encontrada por Cabral, diz expressamente que ela ainda não era descoberta quando ele ali chegou. [L. A.]

Monumento a Pedro Álvares Cabral

Fonte: “Dicionário Enciclopédico da História de Portugal”