Plantas medicinais em Trás-os-Montes e Alto Douro

Plantas medicinais

Dentro das espécies bravias tradicionalmente utilizadas, as mais representativas são, sem dúvida, as medicinais.

Nesta listagem, que é extensa, as mais usadas em fitoterapia são comuns em todo o Norte Peninsular. O que mais varia são as denominações regionalizadas e, quase sempre, resultantes da deturpação linguística, escrita e falada.

As plantas, de acordo com os seus princípios ativos, podem ser usadas

– na farmacológica industrial (onde se faz o seu aproveitamento para o fabrico de medicamentos genéricos e outros),

– na cosmética,

– também na indústria alimentar,

– na tinturaria,

– e na elaboração de aromatizantes, etc.

De forma ancestral e direta os princípios ativos são utilizados de forma intuitiva, recorrendo-se à edificação de uma farmacologia natural, quase alquímica e quase sempre associada ao poder da crença, da fé e da superstição.

No uso popular das plantas, embora seja mais frequente a sua utilização de forma isolada – uma planta, um mal – podemos verificar que também são usadas algumas receitas de misturas, constituindo “fórmulas galénicas” muito interessantes.

Nesta listagem vamo-nos circunscrever (…) às espécies autóctones ou naturalizadas mais usadas na região transmontano-duriense.

Espécies medicinais de origem exótica são também cultivadas em hortas e quintais, como o caso do limonete ou lúcia-lima (Lippia citriodora ou Aloysia triphylla) e do chá do México ou erva-formigueira (Chenopodium ambrosioides) e de muitas outras, mas sobre essas existe bastante bibliografia disponível em todos os manuais relativos a esta matéria, até porque são plantas cultivadas um pouco por toda a parte.

As utilidades do imenso património vegetal existente

Saiba mais sobre…

Alecrim ou alecrinzeiro

O alecrim ou alecrinzeiro parece espontânea nas charnecas e matagais do Centro e do Sul de Portugal, sendo subespontânea e cultivada no Norte. Abunda no litoral mediterrânico. Encontra-se em altitudes até aos 1500 metros.

Arruda ou Ruda

A arruda é uma planta muito comum em toda a parte. É muito frequente encontrá-la em jardins e hortas por isso também conhecida por arruda-dos-jardins.

Carqueija ou Giesta-de-carqueja

A carqueija é uma planta serrana e arbustiva. Os caules são lenhosos e alados lateralmente formando falsas folhas de tom verde escuro, estreitas, recortadas e duras.

Cerejeira ou Cerdeira

A cerejeira ou cerdeira encontra-se por toda a Europa, com exceção do extremo Norte. Aparece em bosques, sebes e colinas. Encontra-se até aos 1700 metros de altitude.

Erva-de-São-Roberto

A erva-de-são-roberto aparece em terrenos baldios, matas e muros. Encontra-se até aos 1800 metros de altitude, um pouco por toda a Europa.

O património vegetal à disposição da humanidade

Funcho ou Fiolho

É apreciado o uso condimentar funcho ou fiolho, sendo também comestível como legume, e como tal é muito usado pelas comunidades ciganas.

Hipericão-bravo ou Pericão

A infusão de planta seca de hipericão-bravo ou pericão é usada para cólicas, problemas de digestão, mau funcionamento do fígado e para doenças nervosas.

Malvas

Usam-se as folhas e as raízes frescas das malvas para tratar de abcessos. As suas folhas frescas aliviam dores de dentes (mastigando-as).

Camomila, Macela ou Mançanilha

A camomila usa-se em infusão de flores para as dores de cabeça e para os problemas de fígado. Também se pode utilizar no banho para aliviar as queimaduras do sol.

A Sinonímia e o património vegetal

Fonte: “Etnobotânica – Plantas bravias, comestíveis, condimentares e medicinais“, José Alves Ribeiro, António Monteiro e Maria de Lurdes Fonseca da Silva (texto editado e adaptado) | Imagem