Provérbios sobre os meses do ano

Provérbios e os meses do ano

O povo, ao longo dos tempos, elaborou um conjunto de provérbios ou ditos populares.

Deixamos aqui alguns recolhidos em diversas localidades da região de Trás-os-Montes e Alto Douro, e que nos falam sobre os meses.

«Em Janeiro, gear.

Em Fevereiro, chover.

Em Março, encanar.

Em Abril, espigar.

Em Maio, engrãodecer.

Em Junho, ceifar.

Em Julho, debulhar.

Em Agosto, engavelar.

Em Setembro, vindimar.

Em Outubro, revolver.

Em Novembro, semear.

Em Dezembro, nascer.

Também nele nasceu Deus

Quando nos veio salvar

Sobre o mês de Janeiro

» Em Janeiro, sobe ao outeiro. Se vires verdejar, põe-te a chorar; se vires terrear, põe-te a cantar.

» Trovão em Janeiro: nem bom canastro nem bom palheiro.

» Se o Janeiro não tiver trinta e uma geadas, tem de as pedir emprestadas.

» Luar de Janeiro não tem parceiro, mas o de Agosto dá-lhe no rosto.

Sobre o mês de Fevereiro

» Quando não chove em Fevereiro, nem bom prado nem bom celeiro.

» Em Fevereiro, chuva; em Agosto, uva.

» Ao Fevereiro e ao rapaz perdoa tudo o que faz, se o Fevereiro não for secalhão e o rapaz não for ladrão.

» Neve em Fevereiro não faz bom celeiro.

Sobre o mês de Março

» Páscoa em Março: ou fome ou mortaço.

» Março, marçagão, de manhã cara de rainha, de tarde corta com a foucinha.

» Março liga a noite com o dia, o Manel co’a Maria, o pão com o pato e a erva com o sargaço.

» Nasce a erva em Março, ainda que lhe deem com o maço.

Sobre o mês de Abril

» Em Abril, águas mil, coadas por um mandil.

» A água que no Verão há-de regar em Abril e Maio há-de ficar.

» Se não chove em Abril, perde o lavrador couro e quadril.

» Em Abril, queimou a velha o carro e o carril; e uma cambada que ficou em Maio a queimou.

Sobre o mês de Maio

» Maio hortelão: muita palha e pouco grão.

» Maio pardo e ventoso faz o ano farto e formoso.

» Maio pardo e Junho claro podem mais que os bois e o carro.

» Em Maio, comem-se as cerejas ao borralho.

Sobre o mês de Junho

» Junho calmoso: ano formoso.

» Junho floreiro: paraíso verdadeiro.

» Em Junho, foice no punho.

» Feno, alto ou minguado, em Junho é segado.

Sobre o mês de Julho

» Julho quente, seco e ventoso: trabalha sem repouso.

» Em Julho, ceifa o trigo e faz o debulho. E, em o vento soprando, vai-o limpando.

» Por todo o mês de Julho, o meu celeiro entulho.

» Por muito que Julho queira ser, pouco há-de chover.

Sobre o mês de Agosto

» Quem não debulha em Agosto debulha com mau gosto.

» Quem malha em Agosto malha contra gosto.

» Em Agosto, ardem os montes; em Setembro, secam as fontes.

» Nem em Agosto passear nem em Dezembro marcar.

Sobre o mês de Setembro

» No pó, semearás; em Setembro colherás.

» Em Setembro, ardem os montes e secam as fontes.

» Setembro ou seca as fontes ou leva as pontes.

» Lua nova setembrina sete luas determina.

Sobre o mês de Outubro

» Outubro quente traz o diabo no ventre.

» Outubro suão: negaças de Verão.

» Outubro meio chuvoso faz o lavrador venturoso.

» Se Outubro for erveiro, guarda para Março o palheiro.

Sobre o mês de Novembro

» Em Novembro, prova o vinho e semeia o cebolinho.

» Se em Novembro houver trovão, o ano seguinte serão bão. [bom]

» Em Novembro, e no mês do Advento, racham as fragas com a água e com o vento.

» Novembro pelos Santos, neve nos campos.

Sobre o mês de Dezembro

» Em Dezembro, treme de frio cada membro.

» Em Dezembro, lenha no lar e pichel a andar.

» Em Dezembro, descansar, para em Janeiro trabalhar.

Fonte: Literatura Popular de Trás-os-Montes e Alto Douro, Joaquim Alves Ferreira, IV Volume, 1999.

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