Revisão do processo Dreyfus – 7 de Novembro de 1898

Revisão do processo Dreyfus

Quando foi ordenada a revisão do processo Dreyfus em 1898 a questão estava neste pé: em 1894 verificara-se um desvio de informações no Ministério da Guerra e o oficial de artilharia Alfredo Dreyfus, cuja letra era muito parecida com a de um documento altamente comprometedor, foi considerado suspeito.

Note-se que os peritos de grafologia não estiveram de acordo: um afirmou categoricamente que o manuscrito não era de Dreyfus, o outro admitiu que podia ser (a menos que se tratasse de uma imitação propositada e criminosa).

Sob tais testemunhos contraditórios, decidiu-se a captura do oficial suspeito.

Como o inquérito não conduzisse a nada, o Ministério da Guerra pôs a sua palavra na balança.

No decurso de uma entrevista à Imprensa, o ministro declarou que a culpabilidade de Dreyfus era absolutamente certa.

No entanto, em obediência à segurança militar, as provas não podiam ser facultadas ao tribunal.

Esta foi a prova que levou os juízes a condená-lo, à porta fechada, algumas semanas depois.

Condenado injustamente!

Apesar de todas as boas-vontades de alguns homens que amavam a justiça e que por isso foram perseguidos (Émile Zola foi condenado a um ano de cadeia e alguns oficiais que defenderam Dreyfus foram demitidos), só em 1906 foi anulada a sentença!

Porque fora Dreyfus condenado?

Porque, sendo judeu, a honra do exército francês não ficava manchada!!!

Em todo o caso, o martírio de Dreyfus serviu para se avaliar de que lado estão, moralmente, os amantes da justiça.

O que desonrava o exército francês não era, naturalmente, ter nas suas fileiras dois ou três espiões de sangue limpidamente gaulês.

O que o manchava sim, era propor mera injustiça, condenar sem provar e à porta fechada, um inocente.

O que o manchava era a falta de respeito pela dignidade e pela liberdade humana.

Alfredo Dreyfus, depois de ter sido acusado e condenado por traição, foi, posteriormente, amnistiado e reabilitado.

Morreu em Paris, a 12 de julho de 1935 e foi ali sepultado no Cemitério do Montparnasse

Fonte: “Almanaque” – Novembro 1959 (texto editado e adaptado) | Imagem: O capitão Dreyfus diante do Tribunal Militar