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Viagens e passeios no grande Norte de Portugal

Norte de Portugal

Ei-lo chegado ao Norte, a mais portuguesa de todas as regiões de Portugal.

À cidade do Porto, capital do território nortenho, o país deve seu nome, Portucale, o primeiro topónimo desta grande urbe.

Localizada no leito da foz do Rio Douro, um dos maiores rios da Península Ibérica, foi considerada pela UNESCO, em 1996, Património Mundial pelo seu centro histórico de enorme valor, impressionante pelo equilíbrio dos seus volumes e cores e a beleza do recorte da sua silhueta.

A norte desta importante metrópole localiza-se o Minho, região revestida de verde, banhada pelo Oceano Atlântico e com fronteira com a região espanhola da Galiza.

A região minhota tem no seu seio a cidade que representa um núcleo duro de portugalidade: Guimarães.

Um burgo belíssimo, cujas origens se confundem com a fundação da nação e com um centro histórico classificado Património Mundial pela Unesco desde 2001.

Pergaminhos e tradições há em abundância no Minho, não fosse esta região uma das primeiras a ser povoada e pelo maior número de povos em toda a história de Portugal.

Visigodos, celtas, romanos, entre outros, ergueram castros e citânias, pontes, capelas, mosteiros e igrejas de toda a traça e estilo arquitetónico, deixando às gerações seguintes belos exemplares de edifícios civis e religiosos espalhados pelas cidades, vilas e aldeias.

Os dourados séculos XVI a XVIII engalanaram estas paragens pitorescas com belíssimos solares e casas brasonadas – muitos, hoje, convertidos ao turismo – propriedade de antigas famílias abastadas herdeiras de quintas belíssimas onde se continua a produzir Vinho Verde, único em Portugal e no mundo.

O Minho e Trás-os-Montes

Para acompanhar tal néctar, nunca falta no Minho boa e farta comida à mesa.

Sobretudo nas centenas de festas e romarias da Região, as papas de sarrabulho, o arroz de forno, o cozido à portuguesa, o bacalhau assado, a aletria e muitos outros doces típicos estão sempre presentes.

O grande Norte, proeminente em serras, planaltos e vales, estende-se, para leste, pelos maciços do Gerês e do Marão e, para oriente, expande-se até Trás-os-Montes, terra mágica e telúrica onde primeiro o sol clareia em Portugal.

Região robusta, de contrastes naturais profundos, é à mesa que se vê o resultado de uma natureza tão fértil: trutas do rio, perdiz, coelho bravo, lebre, javali; especialidades de raças autóctones, como posta à mirandesa, cordeiro churro, cabrito serrano, queijo terrincho e enchidos de porco bísaro, famosos em todo o país e além-fronteiras.

Também rico é o seu solo em águas medicinais.

Chaves, Pedras Salgadas, Carvalhelhos e Vidago, são estâncias ancestralmente procuradas pelas suas propriedades terapêuticas.

As gentes de Trás-os-Montes têm na sua hospitalidade uma característica verdadeiramente diferenciadora.

A forma de receber, a maneira como partilham em comunidade o trabalho e o fruto deste, é ainda bem visível em muitas aldeias, símbolos da preservação de valores e tradições que bem os define.

Terra Fria e Terra Quente Transmontanas

Transmontanas, Terra Fria e Terra Quente revezam-se nos encantos e prazeres.

Vestida de serras anãs, a Terra Fria Transmontana é plena de prados permanentes, dos chamados lameiros e ainda de carvalhos, freixos, de magníficos soutos de castanheiros e searas de trigo e centeio.

É sobejamente conhecida pelo rigoroso clima de verões quentes e secos e invernos frios e chuvosos que lhe dão um especial encanto.

Na Terra Quente, os vales cobrem-se em fevereiro e março do branco das amendoeiras em flor.

Árvore de fruto versátil, muito responsável pela grande promoção turística que vários concelhos têm conquistado com programas diversificados na altura da floração e durante todo o ano com a transformação da amêndoa de forma tradicional.

O clima mediterrânico favorece ainda o cultivo de figos, cerejas, laranjas, e muita azeitona, cujo azeite tem ganho importantes prémios e medalhas em vários concursos internacionais.

Junto ao leito do rio Douro, o panorama altera-se.

Foi ali, junto às margens do afluente Rio Côa que os vestígios da arte rupestre elevaram o nome de Portugal aos píncaros da história e da arte mundial, com a descoberta e classificação Património Mundial da Humanidade pela Unesco, nos anos 90, das célebres gravuras no Vale do Côa.

Região Demarcada do Douro

E é precisamente graças ao solo xistoso e ao clima que, ao longo de 250 mil hectares das duas margens do rio Douro, se cultiva vinha em socalcos há dois mil anos e se produz um vinho de carácter único e inigualável no mundo inteiro, o Vinho do Porto.

Produzido a partir das uvas das encostas do Vale do Douro – a mais antiga região vinícola demarcada e regulamentada do mundo – o Vinho do Porto, deve o seu nome à cidade portuária que o exportava para os mercados europeus, sobretudo para o inglês.

Ali chegava em pipas, transportadas rio abaixo em barcos rabelos, para envelhecer nos armazéns de Vila Nova de Gaia e depois ser engarrafado e vendido.

0 rio Douro, fio condutor desta epopeia, é ainda hoje o âmago desta relação umbilical entre o grande Vale Vinhateiro e a cidade do Porto.

In “Short Breaks – Norte de Portugal” (texto editado e adaptado)