Os Alfacinhas e os Retiros das Hortas

Os Alfacinhas e os Retiros das Hortas

Os lisboetas tinham outrora o curioso costume de irem passear às hortas que era, como quem diz, retirarem-se da cidade para poderem gozar um pouco dos prazeres do campo, geralmente aos domingos.

Deliciavam-se então com os piqueniques familiares que organizavam ou simplesmente almoçar nas velhas “casas de pasto”, assim designadas por inicialmente apenas darem as forragens aos animais enquanto os donos negociavam na feira. Em muitas delas, ainda se conservam as argolas que prendiam os animais.

Com o decorrer do tempo e vendo a oportunidade de negócio, os proprietários das “casas de pasto” passaram também a dar de comer aos donos dos animais e assim floresceu um negócio que veio a dar origem aos modernos restaurantes e snack-bares.

Outras, porém, mantiveram parte das suas características iniciais e adquiriram fama pela clientela que atraíam. Eram os chamados “retiros das hortas”, muito apreciados da burguesia citadina.

Nos retiros, conviviam fadistas e boémios, nobres e burgueses, os quais procuravam no meio rústico um ambiente pitoresco que a cidade não lhes proporcionava. E, desse costume que os lisboetas tinham de ir às hortas, nasceu para sempre a expressão com que passaram a ser designados, colando-se ao seu próprio gentílico – os alfacinhas!

Carlos Gomes, Jornalista, Licenciado em História

Os Alfacinhas e os Retiros das Hortas
Retiro “Perna de Pau”, junto ao apeadeiro do Areeiro, na antiga Estrada de Sacavém
Os Alfacinhas e os Retiros das Hortas
Retiro do Caliça, na Estrada dos Salgados, às portas da Amadora
Retiro do Quebra Bilhas, no Campo Grande.
Grupo de pândegos num retiro dos arredores de Lisboa.

Imagem de destaque: Actuação de uma fadista num retiro em Sacavém

Fotos: Arquivo Fotográfico da CM de Lisboa