Compreender e preparar-se para sismos: causas e prevenção

O que são sismos ou terramotos?

Os sismos, também conhecidos como terramotos, são vibrações súbitas e intensas da superfície da Terra causadas pelo movimento das placas tectónicas. Estas placas, que compõem a camada externa do planeta, estão constantemente em movimento, e quando se deslocam, acumulam energia. Quando a energia acumulada é libertada, ocorre um sismo. Estes eventos podem variar em intensidade, desde pequenos tremores que passam despercebidos até grandes terramotos que podem causar destruição significativa.

O que pode provocar os sismos?

A principal causa dos sismos é o movimento das placas tectónicas. No entanto, há outros fatores que também podem provocá-los:

Falhas geológicas: As falhas são fraturas na crosta terrestre onde as placas tectónicas se movem. Quando a tensão acumulada ao longo de uma falha é libertada, ocorre um sismo.

Atividade vulcânica: Os vulcões podem provocar sismos à medida que o magma se desloca sob a superfície da Terra, causando uma redistribuição de tensão que pode resultar em tremores.

Atividades humanas: Certas atividades humanas, como a mineração, a construção de grandes barragens e a extração de petróleo e gás, também podem provocar sismos. Estes são conhecidos como sismos induzidos.

Colapso de cavidades subterrâneas: O colapso de cavidades subterrâneas, como as minas abandonadas, pode causar pequenos sismos locais.

Impactos de meteoritos: Embora raro, o impacto de meteoritos na Terra pode gerar sismos.

Consequências dos sismos

As consequências dos sismos podem ser devastadoras, dependendo da intensidade e da localização do epicentro. Entre as principais consequências estão:

Danos estruturais: Os sismos podem causar o colapso de edifícios, pontes e outras infraestruturas. Edifícios mal construídos ou não preparados para resistir a sismos são os mais vulneráveis.

Perda de vidas: Os sismos mais fortes podem causar milhares de mortes, especialmente em áreas densamente povoadas e com infraestruturas frágeis.

Tsunamis: Quando um sismo ocorre no fundo do mar, pode gerar tsunamis, que são ondas gigantes que se deslocam rapidamente e podem causar destruição em áreas costeiras.

Deslizamentos de terras: Em áreas montanhosas, os sismos podem provocar deslizamentos de terras, soterrando casas, estradas e pessoas.

Impacto económico: A destruição causada por um sismo pode ter um impacto económico significativo, incluindo os custos de reconstrução, a perda de produtividade e a necessidade de assistência humanitária.

Traumas psicológicos: As vítimas de sismos podem sofrer de trauma psicológico, como ansiedade e stress pós-traumático, devido à experiência vivida durante o evento.

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Precauções a tomar em caso de sismos

Embora não seja possível prever com exatidão quando um sismo ocorrerá, há várias precauções que podem ser tomadas para minimizar os riscos e proteger vidas:

Educação e consciencialização: É essencial que as pessoas estejam informadas sobre o que fazer antes, durante e após um sismo. Programas de educação pública e exercícios de simulação de sismos podem salvar vidas.

Construções resistente a sismos: Em áreas propensas a sismos, as construções devem ser feitas com materiais e técnicas que possam resistir aos tremores. Isto inclui o reforço de edifícios antigos e a implementação de códigos de construção rigorosos.

Preparar um kit de emergência: Um kit de emergência deve incluir água, alimentos não perecíveis, lanternas, baterias, medicamentos e outros itens essenciais para sobreviver nos primeiros dias após um sismo.

Identificar locais seguros: Saber onde se abrigar durante um sismo é crucial. Em ambientes interiores, deve-se procurar abrigo debaixo de uma mesa resistente ou num canto interior longe de janelas. Em exteriores, deve afastar-se de edifícios, árvores e linhas de energia.

Plano de emergência familiar: As famílias devem ter um plano de emergência que inclua pontos de encontro, formas de comunicação e procedimentos a seguir após um sismo.

Instalação de dispositivos de segurança: É aconselhável fixar móveis altos às paredes, usar fechaduras de segurança em armários e instalar dispositivos de corte automático de gás para evitar incêndios após um sismo.

 

Para ler: Terramoto de Lisboa – 1 de Novembro de 1755

 

Como se classificam os sismos?

Os sismos são classificados de várias maneiras, mas as duas classificações mais comuns são:

Escala de Magnitude: A magnitude de um sismo é uma medida da energia libertada no foco do sismo e é geralmente expressa na Escala de Richter. Esta escala é logarítmica, o que significa que cada aumento de um ponto na escala representa uma libertação de energia cerca de 32 vezes maior. Por exemplo, um sismo de magnitude 6 é 32 vezes mais potente do que um de magnitude 5.

Escala de Intensidade: A intensidade de um sismo refere-se ao grau de destruição e ao impacto sentido num determinado local. A Escala de Mercalli Modificada (MM) é a mais utilizada para medir a intensidade dos sismos. Esta escala varia de I (impercetível) a XII (destruição total).

A magnitude e a intensidade são conceitos diferentes mas complementares. A magnitude é uma medida objetiva da energia libertada, enquanto a intensidade é uma medida subjetiva baseada na perceção humana e nos danos observados.

A Escala de Richter

A Escala de Richter, oficialmente conhecida como “Escala de Magnitude de Richter,” é uma escala logarítmica desenvolvida em 1935 pelo sismólogo americano Charles F. Richter, em colaboração com Beno Gutenberg, para medir a magnitude dos sismos.

Esta escala tornou-se uma das mais utilizadas e reconhecidas mundialmente para quantificar a energia libertada por um sismo, fornecendo uma maneira padronizada de comparar a força dos tremores de terra.

Como funciona a Escala de Richter?

A Escala de Richter mede a magnitude de um sismo, que é uma estimativa da energia total libertada no epicentro do sismo. A magnitude é calculada a partir da amplitude das ondas sísmicas registadas pelos sismógrafos, instrumentos que detetam e registam o movimento do solo.

A escala é logarítmica, o que significa que cada aumento de um ponto na escala representa um aumento de aproximadamente 10 vezes na amplitude das ondas sísmicas e cerca de 32 vezes na energia libertada. Por exemplo, um sismo de magnitude 6,0 é 10 vezes mais potente em termos de amplitude de ondas sísmicas do que um sismo de magnitude 5,0, e liberta 32 vezes mais energia.

Faixas de magnitude e efeitos

A Escala de Richter não tem limite superior ou inferior, mas na prática, os sismos medidos variam geralmente entre magnitudes inferiores a 2,0, que são micro-sismos geralmente não sentidos, e magnitudes superiores a 9,0, que são raros e extremamente devastadores. Abaixo estão as faixas de magnitude típicas e os seus efeitos gerais:

– Menos de 2,0: Micro-sismos, geralmente não sentidos pelas pessoas, mas registados por sismógrafos.

– 2,0 a 2,9: Geralmente não sentidos, mas ocasionalmente percetíveis perto do epicentro.

– 3,0 a 3,9: Frequentemente sentidos, mas raramente causam danos.

– 4,0 a 4,9: Tremores notáveis, mas com danos ligeiros ou nulos.

– 5,0 a 5,9: Sismos moderados, que podem causar danos menores a edifícios mal construídos.

– 6,0 a 6,9: Sismos fortes, que podem causar danos significativos em áreas habitadas.

– 7,0 a 7,9: Sismos maiores, que podem causar destruição grave em áreas amplas.

– 8,0 e acima: Sismos extremamente grandes, que causam destruição massiva e afetam regiões inteiras.

Limitações da Escala de Richter

Embora a Escala de Richter tenha sido revolucionária, ela tem algumas limitações. A escala foi originalmente desenvolvida para medir sismos na Califórnia, utilizando uma determinada configuração de sismógrafos e um determinado tipo de terreno. Como resultado, não é perfeitamente adequada para todos os tipos de sismos, especialmente os de grande magnitude e aqueles que ocorrem em diferentes condições geológicas.

Devido a estas limitações, a Escala de Magnitude de Momento (Mw) foi desenvolvida nos anos 70 e tornou-se a medida padrão para grandes sismos, pois oferece uma estimativa mais precisa da energia total libertada por um sismo, independentemente das condições locais.

A Escala de Richter continua a ser uma ferramenta essencial na sismologia, fornecendo uma maneira simples e eficaz de comunicar a magnitude dos sismos ao público e aos cientistas.

Embora tenha sido substituída pela Escala de Magnitude de Momento para alguns fins, a Escala de Richter ainda é amplamente utilizada para descrever sismos menores e permanece uma referência histórica importante no estudo dos tremores de terra.

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Escala de Mercalli Modificada (MM)

A Escala de Mercalli Modificada (MM) é uma escala sismológica usada para avaliar a intensidade dos sismos com base nos seus efeitos observados em pessoas, edifícios e no ambiente. Ao contrário da Escala de Richter, que mede a magnitude de um sismo (a energia libertada no epicentro), a Escala de Mercalli Modificada foca-se na intensidade, ou seja, na perceção e nos danos causados pelo sismo em diferentes locais.

Origem e desenvolvimento

A Escala de Mercalli foi desenvolvida originalmente pelo vulcanólogo italiano Giuseppe Mercalli em 1902. Ao longo do tempo, foi adaptada e modificada para se adequar melhor às necessidades dos sismólogos e à observação dos efeitos dos sismos em várias partes do mundo.

A versão mais usada hoje é a Escala de Mercalli Modificada (MM), que foi ajustada pelos sismólogos americanos Harry O. Wood e Frank Neumann em 1931 para tornar a escala mais precisa e aplicável a uma gama mais ampla de sismos.

Como funciona a escala de mercalli modificada?

A Escala de Mercalli Modificada classifica a intensidade dos sismos em 12 graus, que vão desde I (imperceptível) até XII (destruição total).

A intensidade é avaliada com base em observações feitas por pessoas que sentiram o sismo e pelos danos registados em edifícios, infraestruturas e no ambiente. Aqui está um resumo de cada um dos graus da escala:

– I (Impercetível): O sismo é praticamente impercetível, mesmo para pessoas em repouso.

– II (Muito Ligeiro): O sismo é sentido apenas por algumas pessoas, especialmente em andares elevados e em condições de repouso.

– III (Ligeiro): Sentido por várias pessoas dentro de casa, mas poucas no exterior. Objetos leves podem balançar.

– IV (Moderado): O sismo é sentido por muitas pessoas dentro de casa e por algumas no exterior. Janelas e portas podem tremer.

– V (Razoavelmente Forte): Sentido por quase todos, com alguns danos ligeiros, como rachaduras em paredes e objetos a cair.

– VI (Forte): Sentido por todos, causando danos moderados a edifícios, como queda de estuques e rachas em paredes.

– VII (Muito Forte): Danos notáveis em edifícios mal construídos. Estruturas bem construídas podem sofrer danos leves.

– VIII (Destrutivo): Danos significativos em edifícios bem construídos, com alguns colapsos em edifícios mal construídos.

– IX (Muito Destrutivo): Danos consideráveis em edifícios bem construídos, com destruição total de edifícios mal construídos.

– X (Devastador): Estruturas bem construídas são seriamente danificadas, com alguns colapsos. O solo pode rachar.

– XI (Catastrófico): Danos extremos em praticamente todas as construções. O solo é severamente deformado.

– XII (Destruição Total): Destruição total, com o solo fortemente deformado, rachaduras enormes e mudanças no curso de rios.

Aplicação da Escala de Mercalli Modificada

A Escala de Mercalli Modificada é amplamente usada pelos sismólogos e engenheiros para entender o impacto de um sismo em diferentes áreas. Uma mesma magnitude pode ter diferentes intensidades Mercalli, dependendo de vários fatores, como a proximidade do epicentro, a profundidade do sismo, o tipo de solo, e a qualidade da construção dos edifícios.

Por exemplo, um sismo de magnitude 6,0 pode causar danos significativos e ser classificado como grau VIII numa cidade próxima ao epicentro, enquanto numa cidade mais distante, os efeitos podem ser menos severos, correspondendo a um grau IV ou V na escala.

Limitações e comparações

Embora a Escala de Mercalli Modificada seja útil para descrever os efeitos de um sismo em termos qualitativos, ela é subjetiva, pois depende das perceções humanas e das observações visuais. Isso contrasta com a Escala de Richter ou a Escala de Magnitude de Momento (Mw), que fornecem uma medida quantitativa e objetiva da energia de um sismo.

Contudo, a Escala de Mercalli é valiosa porque oferece uma perspectiva do impacto humano e social dos sismos, ajudando na avaliação dos danos e na organização das operações de socorro e reconstrução.

A Escala de Mercalli Modificada continua a ser uma ferramenta essencial para compreender o impacto dos sismos do ponto de vista humano e estrutural.

Ao complementar as escalas de magnitude, como a de Richter, a Escala de Mercalli oferece uma visão mais completa dos efeitos de um sismo, destacando como a intensidade pode variar dependendo do local e das condições locais.

Conclusão

Os sismos são fenómenos naturais imprevisíveis que podem ter consequências devastadoras.

Embora a ciência ainda não consiga prever exatamente quando e onde um sismo ocorrerá, é possível tomar medidas para minimizar os riscos.

A preparação adequada, a construção de infraestruturas resilientes e a educação da população são fundamentais para reduzir o impacto dos sismos.

Com a aplicação dessas medidas, muitas vidas podem ser salvas e os danos materiais podem ser significativamente reduzidos.

Nota: Se considera que neste texto alguma coisa está errada, ou se quiser complementar alguma informação, agradecemos que nos informe.

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