O Sinal da Cruz: o benzer-se e o persignar-se
O sinal da cruz é um gesto profundamente enraizado na tradição cristã, especialmente no catolicismo, e possui um valor simbólico e espiritual muito significativo.
Ao traçar o sinal da cruz, o fiel invoca a Santíssima Trindade – Pai, Filho e Espírito Santo – ao mesmo tempo que manifesta a sua fé na cruz redentora de Cristo.
Benzer-se e persignar-se
Benzer-se
é o ato de fazer o sinal da cruz sobre si mesmo. É um gesto que marca muitos momentos da vida espiritual do cristão: ao iniciar e terminar uma oração, ao entrar numa igreja, ao passar diante de um cemitério ou simplesmente para pedir proteção divina.
Tradicionalmente, este gesto é feito tocando a testa (“Em nome do Pai“), o peito (“e do Filho“) e o ombro esquerdo e direito (“e do Espírito Santo. Ámen“).
Persignar-se, embora muitas vezes confundido com o benzer-se, é um gesto distinto, ainda que semelhante. A palavra “persignar” vem do latim per-signare, que significa “marcar com o sinal”.
Persignar-se consiste em fazer três pequenos sinais da cruz: um na testa, outro nos lábios e outro no peito, geralmente acompanhados da oração “Pelo sinal da Santa Cruz, livrai-nos, Deus, nosso Senhor, dos nossos inimigos“.
Este gesto é muitas vezes usado no início de certas orações, sobretudo na liturgia e na oração mariana do Terço, como sinal de preparação interior e recolhimento.
“A cruz na testa livra-nos dos maus pensamentos, tornando-os bons, puros e nobres. A cruz na boca livra-nos das palavras más, da gura e preserva-nos da mentira. A cruz no peito livra-nos das obras más e dá-nos um coração regido pelo amor.” (Pe Nilso Ap. Motta)
Tertuliano
Já Tertuliano ( II-III d.C.), um dos primeiros escritores cristãos em língua latina, referia-se ao uso comum do sinal da cruz entre os fiéis.
No seu tratado De Corona, escreveu: “Em todas as nossas ações – ao entrar e ao sair, ao vestir-nos e ao calçar-nos, ao tomar banho, à mesa, ao acender as luzes, ao deitar-nos, ao sentar-nos – traçamos na nossa testa o sinal da cruz.”
Esta citação testemunha a importância e a ubiquidade do gesto entre os primeiros cristãos, como expressão de fé e proteção contínua.
Hipólito de Roma
No início do século III, Hipólito de Roma, no seu escrito Tradição Apostólica, destacou o poder do sinal da cruz como proteção espiritual. Ele aconselhava:
“Durante a tentação, fazei piedosamente na fronte o sinal da cruz, pois este é o sinal da Paixão reconhecidamente provado contra o demónio, desde que feito com fé e não para vos exibir diante dos homens, servindo eficazmente como um escudo: o Adversário, vendo quão grande é a força que sai do coração do homem que serve o Verbo (pois mostra o sinal interior do Verbo projetado no exterior), fugirá imediatamente, repelido pelo Espírito que está no homem.”
Além disso, Hipólito descreve o uso do sinal da cruz nos ritos do batismo, onde o bispo marcava os catecúmenos na fronte, ouvidos e narinas, simbolizando a consagração dos sentidos a Cristo.
Ambos os gestos – benzer-se e persignar-se – são expressões visíveis da fé cristã e constituem pequenos rituais que ajudam o crente a centrar-se espiritualmente, invocar a presença divina e recordar os mistérios centrais da fé católica.
Com recurso ao Chat GPT

