A Assunção da Virgem Santa Maria – 15 de agosto

A Assunção da Virgem Santa Maria é uma das festas mais importantes do calendário litúrgico da Igreja Católica, que celebra a elevação da Virgem Maria ao Céu em corpo e alma.

Este evento é considerado uma manifestação do triunfo da graça divina sobre o pecado e a morte, refletindo a crença de que Maria, mãe de Jesus Cristo, foi levada ao Céu de forma integral após o fim da sua vida terrena.

Data da celebração

A Solenidade da Assunção da Virgem Santa Maria é celebrada anualmente no dia 15 de agosto.

Esta data é observada como um “dia santo de guarda” em muitos países de tradição católica, durante o qual os fiéis católicos devem participar na Eucaristia.

Origem da celebração

A celebração da Assunção de Maria tem raízes antigas na tradição cristã. A festa começou a ser celebrada no Oriente, especificamente em Jerusalém, no século V, e foi formalmente reconhecida pela Igreja do Ocidente no século VII.

A festa espalhou-se rapidamente, tornando-se uma das celebrações marianas mais significativas na Igreja Católica.

Textos mais antigos onde se fala da Assunção da Virgem Maria

A afirmação mais antiga conhecida sobre a Assunção da Virgem Maria remonta ao século IV.

Um dos textos mais antigos que fazem referência a esse evento é o “Transitus Mariae” (ou “Dormição de Maria“), um apócrifo cristão que circulou amplamente tanto no Oriente quanto no Ocidente.

Embora o texto não faça parte do cânone das Escrituras, ele reflete as tradições populares e as crenças sobre o fim da vida terrena de Maria que estavam a desenvolver-se entre os cristãos.

Além disso, Santo Epifânio de Salamina (315–403), no seu trabalho “Panarion“, escreveu sobre a incerteza em torno da morte de Maria, sugerindo que ninguém sabia ao certo o que aconteceu com ela.

Ele conjetura que, assim como Enoque e Elias, Maria poderia ter sido levada diretamente ao céu. Embora ele não afirme categoricamente a Assunção, as suas reflexões indicam que essa ideia já estava presente e em desenvolvimento nas tradições da época.

Estes escritos não representam ainda uma doutrina formalizada como se verá mais tarde, mas indicam que, já nos séculos IV e V, a crença na Assunção de Maria estava formar-se, sendo discutida e refletida dentro da tradição cristã.

O dogma da Assunção

O dogma da Assunção foi proclamado pelo Papa Pio XII em 1 de novembro de 1950, através da constituição apostólica Munificentissimus Deus.

Este dogma declara que “a Imaculada Mãe de Deus, a sempre Virgem Maria, terminado o curso da sua vida terrestre, foi assunta em corpo e alma à glória celestial“.

A definição do dogma não especifica se Maria morreu antes de ser assunta, deixando isso como uma questão aberta à crença pessoal dos fiéis.

A proclamação do dogma foi o culminar de uma longa tradição de veneração e teologia mariana, refletindo a profunda devoção e respeito que os católicos têm por Maria.

A Assunção é vista como uma antecipação da ressurreição dos fiéis, que também serão elevados à glória celestial no fim dos tempos.

Importância da Assunção

A Assunção da Virgem santa Maria é uma celebração que inspira esperança e confiança na promessa de vida eterna.

É uma afirmação da dignidade da pessoa humana e do destino glorioso que aguarda todos os que seguem Cristo. Além disso, esta festa sublinha a especial relação de Maria com a Trindade e seu papel único na história da salvação.

O dogma da assunção da virgem santa Maria na Igreja do Oriente

Na Igreja do Oriente, a Assunção da Virgem Maria não é definida como um dogma de fé da mesma forma que na Igreja Católica Romana.

A teologia ortodoxa oriental não possui uma declaração oficial sobre a Assunção de Maria em termos de corpo e alma, como é proclamado no dogma católico.

Em vez disso, a veneração de Maria na Ortodoxia Oriental é expressa através de um forte culto mariano e devoção popular, mas sem a formulação dogmática específica da Assunção como é entendida na tradição católica.

Historicamente, na Ortodoxia Oriental, a morte de Maria (“Dormição”) e a sua subsequente subida ao céu (Assunção) têm sido temas de veneração e reflexão teológica, mas sem um consenso dogmático universal como ocorreu na Igreja Católica.

As diferentes tradições ortodoxas podem variar nas suas interpretações e ênfases sobre esses eventos relacionados à Virgem Maria.

A Assunção da Virgem Santa Maria no Catecismo da Igreja Católica

O Catecismo da Igreja Católica (CIC) aborda a Assunção da Virgem Santa Maria no contexto da doutrina sobre Maria e seu papel na história da salvação.

Especificamente, no parágrafo 966, o Catecismo descreve a Assunção da seguinte forma:

Finalmente, a Virgem Imaculada, preservada imune de toda a mancha da culpa original, terminado o curso da vida terrestre, foi assunta à glória celeste em corpo e alma, e exaltada por Deus como Rainha do Universo, para ser mais plenamente conformada com seu Filho, Senhor dos senhores e vencedor do pecado e da morte.” (Lumen Gentium, 59). (CIC 966)

O Catecismo continua:

A Assunção da santíssima Virgem constitui uma participação singular na ressurreição do seu Filho e uma antecipação da ressurreição dos outros cristãos:

No teu parto guardaste a virgindade e na tua dormição não abandonaste o mundo, ó Mãe de Deus; alcançaste a fonte da vida, Tu que concebeste o Deus vivo e que, pelas tuas orações, hás-de livrar as nossas almas da morte. [Liturgia bizantina. Tropário para a festa da Dormição da bem-aventura virgem Maria: Horológion tò méga (Romae 1876) pág. 215]”

Este ensinamento destaca a crença de que Maria, devido à sua singular relação com Cristo e à sua Imaculada Conceição, foi levada ao céu em corpo e alma, não passando pela corrupção do corpo após a morte.

Este evento é visto como uma antecipação da ressurreição que todos os fiéis experimentarão no final dos tempos.

O Catecismo também associa a Assunção ao papel de Maria como Rainha do Universo, refletindo a sua participação plena e única no mistério da redenção operado por Cristo.

Afirmações sobre a Assunção da virgem santa Maria

Aqui estão algumas afirmações significativas sobre a Assunção da Virgem Santa Maria:

“Era necessário que aquela que trouxe o Criador em seu seio quando criança, morasse nas câmaras divinas.” São João Damasceno (675–749)

“Jesus não quis que o corpo de Maria fosse sujeito à corrupção, pois seria uas desonra para Ele, que nasceu dela.” Santo Afonso Maria de Ligório (1696-1787)

“A gloriosa Assunção de Maria é o cumprimento final de sua graça imaculada, uma antecipação da ressurreição dos fiéis.” Papa Pio XII (1876-1958)

“A Assunção da Virgem é uma proclamação de que a morte não tem a última palavra e que aqueles que se unem a Cristo na vida e na morte também se unirão a Ele na glória.” São João Paulo II (1920-2005)

“A Assunção é o complemento natural da Imaculada Conceição, pois, assim como ela foi preservada do pecado, ela também foi preservada da corrupção.” Cardeal John Henry Newman (1801-1890)

“Se Maria, a nova Eva, não tivesse sido assunta ao Céu, a sua vitória sobre o pecado e a morte não teria sido completa.” Bispo Fulton Sheen (1895-1979)

“A Assunção de Maria é a consequência lógica da sua maternidade divina e da sua Imaculada Conceição, culminando na sua glorificação.” Padre Reginald Garrigou-Lagrange (1877-1964)

“A Assunção não é apenas um dogma mariano, mas uma esperança oferecida a toda a humanidade.” Raniero Cantalamessa O.F.M. Cap. (1934- )

“A Assunção é o ato final da vida de Maria, que, tal como começou de forma milagrosa, termina da mesma maneira, com a sua elevação ao céu.” G.K. Chesterton (1874-1936)

Essas declarações refletem a rica tradição de veneração à Virgem Maria e a importância da Assunção na teologia e na espiritualidade católica.

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