A galinhola vem de muito longe até Portugal
A mãe galinhola
Como mãe de família, a galinhola é verdadeiramente exemplar.
Após as lutas ferozes que os machos travam entre si na quadra do cio, constrói o seu ninho nas florestas desertas e sossegadas, atrás de qualquer moita, entre as raízes ou entre as ervas, aproveitando com frequência as naturais depressões do terreno.
Nesses ninhos rudimentares põe 3 a 4 ovos de 25 a 40 milímetros de diâmetro, coloridos de rosa mosqueado.
A incubação dura de 16 a 18 dias, finda a qual nascem os desajeitados filhotes que, ao cabo de três semanas, já esvoaçam diligentemente.
Na previsão de qualquer perigo que se lhe afigure iminente, a mamã galinhola pega nas crias com o bico e leva-as para outro lugar que lhe pareça mais seguro.
A galinhola é uma ave difícil de abater.
Caça de salto com cão de parar
Caça-se de salto com cão de parar, de batida e de passagem.
A primeira modalidade é, quanto a nós, a mais interessante e aquela que mais adeptos conta, pois além de todos os muitos motivos de interesse que tem, serve ainda para pôr à prova as qualidades do cão, que deve estar particularmente bem ensinado, ser senhor de um bom nariz e trazer à mão.
Os terrenos de caça são geralmente pinhais que se batem entre as 10 horas da manhã e as 4 da tarde, contra o vento, para facilitar o trabalho do cão, pois a galinhola sendo um animal que se mantém largo tempo imóvel, apesar do seu forte odor, toma-se por isso, bastante difícil de assinalar pelo olfacto.
O seu levantar é muito característico, elevando-se rapidamente acima dos pequenos arbustos, batendo as asas uma contra a outra e voando em ziguezagues pronunciados que dificultam extraordinariamente o tiro.
A primeira curva feita em direcção à parte mais aberta do horizonte é um indicativo para os caçadores, que deverão atirar com rapidez pensando sempre que sendo a galinhola uma ave imensamente frágil e vulnerável, basta por vezes um único chumbo numa asa para a abater.
Quando errada, faz um voo de 100 a 300 metros quase sempre muito difícil de seguir com a vista.
Caça de batida
Quando aparecem em batidas, normalmente organizadas para as perdizes, passam rapidamente rasando as esperas aos ziguezagues sempre que avistam a linha dos caçadores.
O tiro nestas condições deverá ser feito antes que elas deem pela presença de estranhos, pois de contrário é deveras problemático o seu abate.
Caça de passagem
A caça de passagem também tem os seus encantos e é sempre feita ao escurecer quando a galinhola abandona o seu poiso diurno e se dirige para os habituais lugares de comedoria.
Dadas as condições de visibilidade e a rapidez de voo da nossa amiga de bico comprido, torna-se necessário ser-se dotado de excelente vista para levar a melhor neste despique.
E pronto, leitor amigo, por este mês não falamos mais de galinholas, se bem que neste capítulo apenas tivéssemos tocado pela rama nos considerandos sobre uma ave que tantos e tantos litros de tinta tem feito correr.
Fonte: “Almanaque” – Novembro de 1959 | Imagem

