Dia Internacional da Tolerância Zero à Mutilação Genital Feminina

O Dia Internacional da Tolerância Zero à Mutilação Genital Feminina, assinalado a 6 de fevereiro, é uma data fundamental para a consciencialização global sobre esta grave violação dos direitos humanos. Instituído pelas Nações Unidas, este dia reforça a necessidade urgente de erradicar a prática da mutilação genital feminina (MGF), que afeta milhões de meninas e mulheres em diversas partes do mundo.

O que é a Mutilação Genital Feminina?

A MGF refere-se a todos os procedimentos que envolvem a remoção parcial ou total dos órgãos genitais externos femininos, ou qualquer outra lesão dos órgãos genitais femininos por razões não médicas. Esta prática é reconhecida internacionalmente como uma violação dos direitos humanos, da saúde e da integridade das meninas e mulheres.

A MGF é predominantemente praticada em algumas regiões de África, do Médio Oriente e da Ásia, mas devido às migrações, também pode ser encontrada em países ocidentais, incluindo Portugal. A Organização Mundial da Saúde (OMS) classifica a MGF em quatro tipos principais:

  1. Clitoridectomia – remoção parcial ou total do clitóris.
  2. Excisão – remoção parcial ou total do clitóris e dos pequenos lábios, podendo incluir também os grandes lábios.
  3. Infibulação – estreitamento da abertura vaginal através do corte e reposicionamento dos lábios.
  4. Outros procedimentos prejudiciais – picar, perfurar, cauterizar ou esticar os genitais femininos.

Consequências físicas e psicológicas

As consequências da MGF são severas e podem ser fatais. Do ponto de vista físico, pode causar hemorragias graves, infeções, complicações durante o parto, dor crónica e infertilidade. Psicologicamente, muitas vítimas sofrem de transtornos de stress pós-traumático, ansiedade e depressão.

Além disso, a prática não traz qualquer benefício para a saúde e baseia-se em crenças culturais que perpetuam desigualdades de género. Frequentemente, a MGF é realizada sob a justificação de preservar a pureza feminina, garantir a aceitação social ou assegurar o casamento, reforçando normas patriarcais prejudiciais.

A luta contra a MGF

Diversas organizações internacionais, incluindo a ONU, a UNICEF e a OMS, trabalham ativamente para eliminar a MGF através de campanhas de sensibilização, programas educativos e medidas legislativas. Em 2012, a Assembleia Geral das Nações Unidas adotou uma resolução que exorta os países a proibirem a MGF e a implementarem políticas eficazes para proteger as vítimas e prevenir novas ocorrências.

Nos últimos anos, vários países introduziram leis que criminalizam a MGF, impondo penas severas para quem a pratica ou facilita. Em Portugal, a MGF é considerada crime, mesmo que seja realizada fora do país, quando envolve cidadãs portuguesas ou residentes legais.

O papel da educação e da comunidade

A erradicação da MGF exige um esforço conjunto entre governos, organizações não governamentais, líderes comunitários e cidadãos. A educação desempenha um papel essencial nesta luta, pois muitas vezes a prática é perpetuada por falta de informação sobre os seus efeitos nocivos. Trabalhar com comunidades afetadas para mudar perceções culturais e sociais é fundamental para o sucesso das campanhas contra a MGF.

Projetos de sensibilização que envolvem líderes religiosos, mulheres influentes e profissionais de saúde têm mostrado resultados positivos, promovendo mudanças de mentalidade e encorajando práticas alternativas que respeitem os direitos das mulheres.

O Dia Internacional da Tolerância Zero à MGF

O Dia Internacional da Tolerância Zero à Mutilação Genital Feminina serve como um apelo global à ação. Neste dia, realizam-se eventos, conferências e campanhas mediáticas para divulgar informações, promover o debate e reforçar o compromisso de eliminar esta prática até 2030, em linha com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas.

As redes sociais e os meios de comunicação desempenham um papel importante na mobilização da sociedade e na denúncia de casos de MGF. Histórias de sobreviventes, ativistas e profissionais de saúde ajudam a dar um rosto humano ao problema e a inspirar mudanças.

Como contribuir para a erradicação da MGF

Todos podem desempenhar um papel na luta contra a MGF. Algumas formas de contribuir incluem:

  • Informar-se e sensibilizar os outros sobre os perigos e impactos desta prática.
  • Apoiar organizações que trabalham contra a MGF, através de donativos ou voluntariado.
  • Denunciar casos suspeitos às autoridades competentes.
  • Participar em campanhas e eventos que promovam os direitos das meninas e mulheres.

Conclusão

O Dia Internacional da Tolerância Zero à MGF é uma oportunidade para reafirmar o compromisso global na erradicação desta prática cruel e desnecessária. Através da legislação, da educação e da mobilização comunitária, é possível proteger milhões de meninas e mulheres em todo o mundo. Cada passo na direção da igualdade e do respeito pelos direitos humanos é um avanço na construção de uma sociedade mais justa e segura para todos.

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