23.05.1498 – Savonarola é executado em Florença
Savonarola intervém junto da França e, meses mais tarde, o Conselho dos Vinte, órgão do poder, entrega-lhe o governo de Florença. Uma nova Constituição é votada: a Senhoria converte-se numa República.
O censor dos costumes
Há meses que o monge reclama a reforma dos costumes.
Do púlpito onde prega, ataca as elegantes, o clero, o papa, os banqueiros orgulhosos. Exige que os pecadores se corrijam a fim de que possam beneficiar, no futuro, da clemência divina.
O seu zelo encontra eco na prática: são votadas leis que interditam as corridas de cavalos, os jogos, os cantos licenciosos, ou que encorajam à denúncia dos ímpios.
Esta reforma não agrada a toda a população.
Aos partidários de Savonarola, os piagnoni («chorosos») opõe-se um grupo cada vez maior de adversários, os arrabbiati («enraivecidos»). Os dois partidos batem-se nas ruas da cidade, e a violência acompanha o rigor dos costumes.
A queda do reformador
Mas o insucesso de Savonarola prende-se menos com as reacções provocadas pela sua reforma do que com razões religiosas e problemas diplomáticos e económicos.
O seu principal inimigo é o papa: Alexandre VI Bórgia.
Roma suporta mal que a nova autoridade da cidade a trate de «prostituída» e de «monstro de abominação». Aceita ainda pior que tenha levado Florença a uma aliança com a França, agressores da Itália.
Assim, a 13 de Maio de 1497, depois de por muito tempo ter tentado levar o monge à resignação, Alexandre excomunga Savonarola.
Esta excomunhão significa que a população de Florença, no caso de continuar a seguir Savonarola, será expulsa do seio da Igreja.
Temendo ser condenados, os Florentinos começam a ruminar as suas queixas:
– a aliança com Carlos VIII não trouxe qualquer benefício porque os Franceses são escorraçados de Itália em 1497
– e a situação da cidade, que perde os seus mercados, não cessa de piorar.
Em Abril de 1498, o descontentamento atinge o auge. Um «julgamento de Deus» – uma prova de fogo – a que Savonarola recusa submeter-se, provoca a crise final.
No dia 8, no Convento de São Marcos, tomado de assalto pela população, Savonarola é preso com outros dois monges. Durante quinze dias os três homens são submetidos a tortura, e a 23 de Maio são executados.
A reforma dos costumes deixa de estar na ordem do dia. Os Médicis, aliás, regressam uns anos mais tarde. A história de Florença retoma o seu curso, as festas recomeçam, a actividade artística, que o monge condenava, desenvolve-se de novo.
Fonte: “Memória do Mundo – das origens ao ano 2000” || Imagem: Execução de Savonarola e de dois dos seus companheiros, em Florença, a 23 de Maio de 1498, na Praça do Palácio Vecchio (Florença, Museu de São Marcos) – Pormenor.

