Claude Debussy nasceu a 22.08.1862 | Efemérides

Claude Debussy

Claude Debussy foi um influente compositor francês, um revolucionário musical que decidiu libertar a música das «tradições estéreis» que a sufocavam.

Músico genial, inovador, ousado, a sua arte nem sempre foi acolhida com a merecida simpatia.

O seu uso intoxicante de harmonias criou um mundo de sonho musical sensual e teve uma profunda influência na música moderna ocidental.

Debussy levou uma vida boémia em Paris, onde era idolatrado por jovens estudantes e artistas.

Os críticos descreveram-no como um impressionista musical, uma etiqueta que Debussy detestava.

Obteve o primeiro êxito com a delicada peça orquestral Prélude à l’après-midi d’un faune (1892-1894), e a sua única ópera completa, Pelléas et Mélisande (1892-1902), valeu-lhe aplauso internacional.

As obras orquestrais mais conhecidas de Debussy incluem Nocturnes (1897-1899) e La Mer (1903-1905).

Debussy: sensações fugazes

As obras dos compositores jovens provocaram um escândalo.

Pelléas et Mélisande, ópera de Claude Debussy (1862-1918) estreada em Paris em 1902, foi absurdamente qualificada de «vergonha nacional». É uma ópera sem árias, sem duos e sem nenhum dos recursos então habituais. Em contrapartida, está cheia de audácias e novidades harmónicas.

Esta música límpida redescobre o recitativo concebido por Lulli. Apesar de possuir uma prosódia nova adaptada ao francês, língua que não se presta muito ao canto, Pelléas tem ainda influências de Wagner.

Três anos mais tarde, Debussy apresentou La Mer nos concertos da Orquestra Lamoureux: mal interpretada (muitas obras novas são mal interpretadas porque os seus intérpretes não as compreendem), esta obra ofendeu tanto o público como a crítica.

Em La Mer, Debussy afasta-se dos esquemas rigorosos do século XIX.

A melodia parece ter desaparecido. A forma não aparece: é uma continua criação. O sistema da tonalidade vê-se enriquecido por combinações de escalas que o compositor inventa ou extrai da música medieval.

Debussy sensibiliza-nos, como nunca anteriormente, perante o carácter instantâneo de uma emoção musical.

Não tenta descrever o mar, pintar um fresco, mas sim reflectir impressões fugazes como o movimento das ondas. Testemunha uma sensualidade inigualável no tratamento das cores instrumentais.

O contacto com os pintores franceses da época é indiscutível.

Claude Debussy e o seu compatriota Maurice Ravel (1875-1937) são geralmente incluídos na corrente impressionista.

Será mesmo uma anedota?

André Gide

conta a seguinte anedota a propósito da primeira audição de uma das obras do autor do Pelléas et Mélisande:

Debussy atrasara-se na entrega de um dos trechos da sua composição – precisamente o mais difícil de todos, o mais original – e os executantes não tiveram tempo para o ensaiar.

Quando o concerto começou, estavam absolutamente em branco.

Perturbados com as inovações de Debussy, a execução saiu-lhes péssima, e os assobios do público não se fizeram esperar.

Mais tarde, como o chefe de orquestra, grande admirador do mestre, procurasse explicar a vários espectadores o que havia sucedido, e que a música era muito bela e não podia ser responsabilizado pelo fracasso da execução, disse-lhe um ouvinte:

«Com uma música assim, que importância tem que se toque uma nota em vez de outra?».

Perante isto – conta Gide – o chefe de orquestra sentiu-se mal e foi para casa muito doente.

Num acesso de desespero acabou por se suicidar, engolindo a batuta.

Mais tarde esta anedota aplicou-se a Stravinsky.

A quem se aplicará ela no futuro?

Claude Debussy.

Durante anos, Debussy buscou um estilo que rompesse com os modelos clássicos e românticos. Detestava as formas rígidas e elaboradas que exigem um desenvolvimento dos temas. Pelléas et Mélisande é o resultado dessa busca: a forma não está definida e a declamação surpreende pela sua naturalidade. Por outro lado, Debussy introduz inovações em todos os aspectos.

Fontes: Dicionário Ilustrado do Conhecimento Essencial | Alfa Estudante – Enciclopédia Juvenil | “Almanaque”, Agosto de 1960 (textos editados e adaptados)