Festa do Senhor Santo Cristo dos Milagres
Festa do Senhor Santo Cristo dos Milagres
5º Domingo após a Páscoa | S. Miguel – Açores
No quinto domingo após a Páscoa, eis que regressa a festa e a penitência a S. Miguel.
A festa é a do Senhor Santo Cristo, vistosa e clássica; a penitência é a dos romeiros, às centenas, que este Senhor é de milagres e traz no coração os açorianos, que lhe retribuem na mesma moeda.
É comum ver carros em comunidades açorianas dos Estados Unidos apresentando, em vez de bandeiras nacionais ou regionais, as flâmulas comemorativas destes festejos.
E a vontade de participar em cada ano nesta devota tradição tem feito com que muito filho da terra, em andanças de diásporas, marque regresso cíclico à ilha exatamente por altura da procissão que reafirma e alicerça o culto mais marcante destas ilhas pias.
É no convento de Nossa Senhora da Esperança que se dá guarida à imagem.
O convento começou a ser edificado na primeira metade do século XVI.
Preparam-se os festejos, enfeita-se o edifício, enriquece-se o conjunto com iluminações.
A procissão
A procissão passeará por diversas artérias da cidade, todas ornamentadas com tapetes florais ricamente trabalhados numa quase compita para saber qual das artérias da urbe apresenta mais criatividade.
Tudo para impressionar e render tributo e homenagem sentida ao Senhor dos Milagres, que passeará por cima desta arte efémera carregado de todo o ouro que é «humanamente» possível carregar.
Não há símbolo mais intenso e perene para o conjunto dos açorianos que esta imagem do Ecce Homo ferido e cansado das sevícias.
Os peregrinos vêm para participar simplesmente, ou trazem com eles o peso de alguma promessa. E é frequente ver crentes marchando de joelhos sobre o que resta da tapeçaria floral após a passagem do andor, com pesados braçados de círios.
E nos tempos em que a navegação de cabotagem entre as ilhas era ainda uma realidade, era ver gente aos magotes, proveniente de todas as ilhas.
Para ler: Romaria ao Senhor da Pedra – Vila Nova de Gaia
As oferendas
As oferendas são formidáveis e, acumuladas durante anos, constituem hoje um tesouro de valor muito superior a qualquer cálculo.
O próprio Rei D. João V foi um dos penitentes ofertantes.
A imagem votiva tem a sua história e a sua lenda.
Da história reza ter sido oferecida pelo Papa Paulo III às freiras que tinham ido a Roma solicitar-lhe bula de definição do seu convento.
A lenda é que deu à costa depois de ter sido roubado por holandeses que tinham saqueado o Convento da localidade da Caloura.
E agora todos lhe espreitam as feições no cortejo: se está triste, o ano será ruim; se está alegre, ele virá de feição para o povo ilhéu.
Mas como pode estar alegre a cara de um homem seviciado?!
Fonte: GUIA Expresso “O melhor de Portugal” – 12 – Festas, Feiras, Romarias, Rituais