Sócrates e o teste dos três filtros!

SỎCRATES (470-399 a.C.) – Filósofo grego

Seu pai era o escultor Sofronisco, e a mãe, de nome Fenareta, era parteira.

Viveu em Atenas praticamente toda a sua vida, casou com Xantipa, de quem teve filhos.

Foi discípulo de Pródico e do geómetra Teodoro de Cirene, e mestre de Alcibíades.

Apesar de ter sido atacado por Aristófanes, como sofista, desprezava a sofística e os exageros demagógicos.

Não escreveu nenhuma obra e o seu ensino, irregular, foi todo oral, razão pela qual é necessário recorrer aos testemunhos de alguns dos seus discípulos para reconstituir o seu pensamento filosófico, o que é difícil, já que as opiniões daqueles que com ele contactaram são frequentemente discordantes.

Sócrates era visto em todos os pontos de reunião: nas assembleias do povo, em festas públicas, nos ginásios; qualquer lugar e acontecimento era pretexto para ele discorrer perante os que o ouviam, e o que dizia não agradava a todos.

As suas críticas constantes à democracia, acompanhadas da ironia que o caracterizava, fizeram nascer o descontentamento nos seus concidadãos, de tal modo que Anito, Mélito e Lícon o acusaram de impiedade (ateísmo) e de corromper a juventude, o que foi um simples pretexto para o eliminarem.

Foi julgado em tribunal e condenado a morrer pela cicuta, tendo mantido sempre uma atitude verdadeiramente estóica.

Platão reproduziu, sob uma forma dramática, as suas últimas conversas, nos diálogos de Críton e Fédon e é, em muitas outras obras, veículo das ideias e filosofias do mestre, cuja máxima sempre presente foi: «Conhece-te a ti próprio». 1

A morte de Sócrates
A morte de Sócrates | Imagem

Sócrates e o teste dos três filtros!

Na antiga Grécia, Sócrates tinha uma grande reputação de sabedoria.

Conta-se que, um dia, alguém veio  encontrar-se com o grande filósofo e disse-lhe:

– Sabe o que eu acabei de ouvir sobre um amigo seu?

– Espera um pouco – respondeu Sócrates – antes que me contes, eu gostaria de fazer-te um teste, o dos três filtros.

– Os três filtros?

– Sim,- continuou Sócrates – antes de contares qualquer coisa sobre os outros, é bom tirar tempo para filtrar o que se quer dizer. Eu chamo a isso o teste dos três filtros. O primeiro filtro é a verdade. Já verificastes se o que vais dizer é verdade?

– Não, eu só ouvi dizer.

– Muito bem. Então não sabes se é verdade. Continuamos com o segundo filtro, o da gentileza. O que me queres dizer sobre o meu amigo, é algo bom?

– Ah, não! Pelo contrário.

– Então – questionou Sócrates – tu queres contar-me coisas ruins sobre ele e nem tens certeza se elas são verdadeiras. Talvez ainda possas passar no teste do terceiro filtro, o da utilidade. É útil que eu saiba o que me vais dizer sobre esse amigo?

– Não, nada sério.

– Então – concluiu Sócrates – se o que tu me queres contar nem é verdade, nem bom, nem útil; então porque me queres contar o que ouviste dizer?

1 “Nova Enciclopédia Portuguesa” | Imagem