“Tirar o pai da forca” | Expressões antigas
“Tirar o pai da forca”
Diz a tradição que a expressão “Tirar o pai da forca” está relacionada com um dos muitos lendários milagres praticados por S. António de Lisboa.
Assim, conta-se que, estando o Santo a pregar um sermão na Itália, foi sobrenaturalmente alertado para o facto de seu pai, Martim de Bulhões, ter sido condenado à forca.
Bastou pôr a mão na testa para se transportar, em espírito, para junto daquele.
Em tribunal, apesar do fervor e da qualidade da sua argumentação, não estava a conseguir convencer o juiz da inocência do arguido por causa do elevado número de indícios incriminatórios.
Como último recurso, anunciou que iria intimar o morto a depor e pediu que o acompanhassem ao cemitério.
Uma vez ai chegados, Santo António invocou o morto, que, para espanto de todos, apareceu e declarou que o seu assassino não tinha sido Martim.
Este facto foi considerado um verdadeiro milagre e valeu a imediata absolvição do réu.
Quem escutava o sermão de Santo António, em Itália, não se apercebeu de nada. Teve apenas a sensação de que os instantes de silêncio do pregador se tinham destinado à procura de palavras mais adequadas para transmitir as suas ideias.
Costumamos, assim, dizer “parece que vai tirar o pai da forca”, quando alguém está com muita pressa, e deixa tudo o que está a fazer. (1)
Este episódio da vida de Santo António “remete para um dos dons mais extraordinários de António, que era a sua faculdade de surgir simultaneamente em lugares diferentes e distantes, a chamada bilocação” (José Velho Dantas).
Para ler: Sabedoria dos povos | Provérbios de vários países
Santo António de Lisboa
Filho de ricos comerciantes portugueses, recebeu no Baptismo o nome de Fernando Martins de Bulhões.
Nasceu em Lisboa, entre 1191 e 1195, cerca de 50 anos depois do nascimento da nação portuguesa e no decurso da reconquista cristã do território ao domínio muçulmano. A sua história deve ser vista nesse ambiente de expulsão dos muçulmanos e, ao mesmo tempo, de emergência de uma nova nação.
Vive os primeiros anos da sua vida a dois passos da Catedral de Lisboa, onde frequentou os primeiros estudos, nas aulas de Gramática. Próximo dali, a cerca de um quilómetro, fica o Mosteiro de São Vicente de Fora, dos Cónegos Regrantes de Santo Agostinho.
Com cerca de 15 anos de idade, Fernando pediu aos pais que o deixem entrar no Mosteiro e aí fez o noviciado. Depois, cerca dos 19 ou 20 anos, foi terminar a sua formação intelectual em Santa Cruz de Coimbra, onde foi Ordenado Sacerdote.
Em Coimbra teve a oportunidade de conhecer os Frades Menores de São Francisco, que viviam no eremitério de Santo Antão, nos Olivais, sobre uma colina, a Nordeste da cidade. Ler+
Fonte: Almanaque de Santo António – 2008 | Imagem: “Santo António Livrando o Pai da Forca” – Igreja do Mosteiro de Santa Maria de Refoios, Ponte de Lima