Vitorino Nemésio morreu em Lisboa a 20/02/1978

Vitorino Nemésio

Poeta, romancista, jornalista e professor, de seu nome completo Vitorino Nemésio Mendes Pinheiro da Silva (Praia da Vitória, Terceira, Açores, 19/12/1901- Lisboa, 20/2/1978)

Interrompeu os estudos liceais, feitos nos Açores, para assentar praça como voluntário. Cabo de infantaria e empregado de escritório, em Lisboa, tornou-se profissional em 1921 como redactor de A Pátria.

Em Coimbra, foi militante republicano académico e com Afonso Duarte lançou a revista Tríptico. Precursor da Presença, colaborou nesta e fundou a Revista de Portugal, aberta a todas as tendências literárias de Portugal e Brasil na década de 30.

Professor e Jornalista

Estudou Direito e História em Coimbra, acabando em Filologia Românica em Lisboa (1931), em cuja Faculdade de Letras percorreu uma carreira docente notável, que o levou, em 1941, a professor catedrático, posteriormente a decano e seu director (1957-1959).

Ensinou também em universidades estrangeiras (Montpellier – 1935/1937, e Bruxelas – 1937/1939) e, como conferencista, em quase toda a Europa e no Brasil, de cuja literatura e cultura muito se ocupou (são exemplos O Campo de São Paulo, 1954, O Segredo de Ouro Preto, 1954).

Ligado à imprensa desde 1921, fundou a Revista de Portugal (10 números,37-1940), quando era já colaborador marginal da Presença e das mais variadas publicações, e mais tarde dirigiu um jornal (O Dia, 1975-1976).

Desenvolveu intensa actividade na rádio (reunida em parte no volume Ondas Médias, 1945) e na televisão, numa peculiar concepção da crónica que o tornou uma figura popular, como memorialista no programa da RTP Se bem Me Lembro, e foi o primeiro director (de 11.12.1975 a 25.10.1976) do jornal O Dia.

Poeta, prosador, romancista

Em 1966 recebeu o Prémio Nacional de Literatura e em 1973 o Prémio Montgaine.

Como poeta, assina uma obra diversificada, entre um pós-modernismo servido por uma imagética por vezes surrealizante (O Bicho Harmonioso, 1938; Eu, Comovido a oeste, 1940; Andamento Holandês, 1964) e uma pessoal assimilação da tradição mística (O Pão e a Culpa, 1955) e filosófica (O Verbo e a Morte, 1959), a par de poesia de sabor popular (Festa Redonda, 1950; Poemas Brasileiros, 1972), sempre mutável na busca de novos caminhos (Limite de Idade, 1972).

Uma amostragem algo sintética pode encontrar-se em Nem Toda a Noite a Vida, 1952.

Como prosador, é autor de

– contos (Paço de Milhafre, 1924, ampliado em O Mistério do Paço do Milhafre, 1949),

– novelas (A Casa Fechada, 1937)

– e de um romance que se tornou paradigma da ficção açoriana, Mau Tempo no Canal (1944),

que marca um momento na novelística contemporânea portuguesa.

Dos muitos estudos que publicou, destaquem-se os dedicados ao romantismo (A Mocidade de Herculano, 1934; Relações Francesas do Romantismo Português, 1936) e os pequenos ensaios de Conhecimento de Poesia, 1958. [F. F. M.]

Fontes: Dicionário Enciclopédico da História de Portugal (vol.2) | O Grande Livro dos Portugueses  |Imagem