
A floricultura em Novembro… no Almanaque de 1959!
A floricultura em NovembroNovembro
em Portugal não é ainda um mês extremamente frio e é vulgar diversas plantas aparecerem com um revestimento esbranquiçado devido à proliferação de alguns fungos do género oídio.
As condições de temperatura e humidade das estufas favorecem-nos, mas eles também atacam algumas plantas de exterior, particularmente as roseiras.
Para debelar este mal realiza-se um tratamento curativo que consta geralmente de polvilhações de enxofre; quando, porém, se trate de plantas ornamentais cujo aspeto estético ficaria prejudicado pelo pó, deve fazer-se o tratamento com pulverizações de permanganato de potássio em soluto aquoso a 1 g por litro.
Pode também acontecer que os órgãos visíveis de uma planta vão murchando; geralmente a causa vem da raiz, podendo ser provocada por certos fungos que lhe dão um aspeto bolorento.
Quando a doença vai já muito avançada, ou em culturas de pequena duração, deve arrancar-se imediatamente o exemplar atacado e desinfetar o terreno (com formalina em solução aquosa a 4 g por litro) antes de proceder-se a nova cultura.
A adubação
A adubação, fundamental para enriquecimento das terras, pode também levar-se a efeito em Novembro.
Os adubos utilizados podem ser orgânicos ou minerais, mas contêm sempre um ou mais dos quatro fatores indispensáveis ao completo desenvolvimento das plantas: azoto, ácido fosfórico, potássio e cálcio, de que nem sempre os solos são suficientemente ricos.
O adubo que contenha estes quatro fatores diz-se completo. Cada um dos fatores tem ação mais destacada nalgum ponto em especial.
Assim
– o azoto favorece as folhas;
– o ácido fosfórico as flores, os frutos e as sementes;
– o potássio as raízes e a coloração das flores;
– o cálcio torna mais resistentes os tecidos vegetais.
Entre os adubos que se empregam é muito comum o estrume de cavalo.
Usam-se geralmente 4 a 6 quilogramas de estrume de cavalo por cada metro quadrado de terreno. Em casos especiais pode ir-se aos 10 ou 12 quilogramas.
Valores úteis do estrume de cavalo
Azoto 0,58 %
Ácido fosfórico 0,28 %
Potassa 0,54 %
Cal 0,25 %
Além do estrume de cavalo emprega-se um outro adubo orgânico: o sangue seco. Aplica-se quer em cobertura quer dissolvido na água.
Emprega-se sobretudo nas culturas em vaso e usa-se na quantidade de 50 g por metro quadrado ou 1 quilograma por metro cúbico de terra.
Nos terrenos muito ácidos terá de fazer-se previamente um tratamento com cal ou nitrato de sódio.
Valores úteis do sangue seco
Azoto 0,58 %
Ácido fosfórico 0,28 %
Potassa 0,54 %
Cal 0,25 %
Usam-se também adubos minerais: nitrato de sódio, sulfato de amónio, superfosfatos, cloreto de potássio e cal.
Empregam-se em quantidades variáveis quase sempre como adjuvantes dos adubos orgânicos.
Para plantas ornamentais é por vezes mais prático empregar apenas adubos minerais. Podemos, para este efeito, estipular as seguintes quantidades médias:
Plantas de folhagem Flores
400 g 250 g Sulfato de amónio
300 g 350 g Sulfato de potássio
300 g 400 g Superfosfato
Durante o mês de Novembro podem semear-se estrela do Egipto, papagaios e girassóis, canários, cebolas e raízes de todas as flores; e plantar-se manjeronas, jasmineiros, belas-noivas, angélicas, perpétuas, saudades, alfazemas, alecrins, buxos, murtas, chorões e escarlates.
Podem pôr-se estacas de baunilha e de grinaldas.
Fonte: “Almanaque” – Novembro 1959, pág. 45 (texto editado e adaptado) | Imagem