Construir uma estufa para utilização na floricultura

Estufas

Resolvemos apresentar (…) algumas noções sobre estufas que nos parecem úteis e são extraídos dos melhores autores especializados na matéria.

Aqueles que puderem, devem pois construí-las nos seus jardins, os restantes aprenderão a conhecer melhor a sua utilidade.

Instalação e estrutura das estufas

A estufa é um recinto envidraçado e aquecido, onde certas plantas de climas quentes beneficiam, permanente ou temporariamente, dum meio mais favorável.

No primeiro caso as estufas são verdadeiramente abrigos de conservação. As plantas dispõem aí, durante toda a sua vida, de condições climáticas mais convenientes.

No segundo caso, as estufas desempenham o papel de grandes estufins e, como tal, destinam-se à multiplicação, à forçagem e, dum modo geral, ao cultivo ou proteção periódica, durante certas fases da vida, das plantas que requerem cuidados especiais; neste caso as estufas dizem-se de cultura ou de multiplicação.

É possível, ainda, uma única estufa conjugar as funções dos dois casos precedentes.

A estufa deve ser instalada num local, tanto quanto possível abrigado dos ventos.

As suas dimensões são variáveis com o número e, também, no caso das estufas de conservação, com o porte das plantas a abrigar.

As paredes são constituídas pelo soco, que pode ser de alvenaria ordinária ou tijolo (normalmente 70 a 80 cm de altura) e sobre o qual assenta uma estrutura que, como a armação do telhado, é revestida de chapa de vidro.

Esta chapa deve ser plana, por uma questão de economia.

A estrutura ou esqueleto pode ser de ferro, de cimento armado, mas quando de madeira reúne um maior número de vantagens.

Cobertura e exposição ao sol

A cobertura pode ter uma ou duas águas.

No primeiro caso a estufa é mais económica, pois encosta geralmente a uma parede de alvenaria já existente.

As estufas deste tipo devem ser totalmente expostas ao sul, pois recolhem assim o máximo de energia calorífica proveniente da irradiação solar; a luz, porém, não é uniformemente distribuída.

No caso de a cobertura ter duas vertentes, a orientação da estufa deve ser norte-sul, para máximo e melhor aproveitamento daqueles dois elementos.

O valor do ângulo de inclinação das vertentes, do qual depende a maior ou menor concentração dos raios solares e assim o valor da intensidade luminosa no interior da estufa, deve apresentar um valor médio de 30° a 40°.

Colocação de prateleiras e bancadas

Nas estufas de conservação destinadas geralmente à cultura de plantas em vasos, existem usualmente duas prateleiras laterais, separadas por um caminho central, ou, se a estufa é de maiores dimensões, existe uma terceira prateleira central, ladeada por duas passagens.

A altura destas prateleiras é normalmente de 90 cm, a largura das laterais de 1 m, e da central de 1,40 a 2 m.

Sobre as prateleiras estende-se uma camada de cinza ou de areia, onde se assentam ou enterram os vasos.

Pela sua capacidade calorífica, esta camada conserva por largo tempo o calor fornecido pela tubagem de aquecimento que passa sob as prateleiras.

Nas estufas de multiplicação existem geralmente duas bancadas laterais, constituídas por dois muretes entre os quais se coloca uma cama de terra vegetal e areia, onde diretamente se fazem as sementeiras, enraízam as estacas, etc., que devem ser cobertas com vidraças.

Também nestas estufas se podem cultivar algumas plantas destinadas a produzir flor para corte.

Neste tipo de estufa, a terra vegetal envolve a tubagem de aquecimento. Como auxiliar, ou para se obter um suplemento de calor, podem preparar-se simultaneamente camas de fermentação.

O aquecimento das estufas

O aquecimento das estufas pode ser natural, isto é, pela simples irradiação solar, por termossifão ou pelo vapor a baixa pressão.

Outros sistemas, como a eletricidade, a lenha, o petróleo, o ar quente, etc., estão postos de parte, por serem de fraco rendimento ou pelos seus efeitos prejudiciais às culturas.

O aquecimento pelo sol é irregular, sobretudo durante o Inverno.

As estufas apenas com este sistema de aquecimento mantêm, no entanto, uma temperatura suficiente para proteger um grande número de plantas dos rigores do frio.

Servem geralmente como estufas de conservação.

O termossifão consta essencialmente duma caldeira ligada a uma tubagem de ferro ou cobre, formando o conjunto um circuito fechado onde circula água quente.

Um pequeno reservatório com água assegura a alimentação, e uma válvula situada no ponto mais elevado do circuito, dá saída ao ar acumulado na tubagem.

A água, aquecida na caldeira, entra em circulação e perde parte do seu calor nos tubos que, por irradiação, aquecem a estufa.

O calor fornecido é suave e uniformemente distribuído. É o sistema preferível para as pequenas instalações.

O aquecimento pelo vapor, embora de instalação menos dispendiosa, apenas deverá ser utilizado em grandes estufas de forçagem, isto é, quando for necessário transportar o calor a grandes distâncias.

A distribuição do calor nunca é uniforme e a temperatura média para cada caso torna-se dificilmente regulável.

No nosso clima, as estufas são geralmente aquecidas de Novembro a Abril e, conforme a temperatura média que conservam durante esse período, ainda se classificam como

– estufas frias (5° a 7° C) ,

– estufas temperadas (10° a 15° C)

– e estufas quentes (18° a 30° C).

Renovação do ar, ensombramento e rega

Além do aquecimento, é necessário assegurar a renovação periódica do ar viciado das estufas; pequenas janelas, de abertura regulável, abertas nas paredes laterais e na cobertura, permitem, pela corrente de ar que entre elas se estabelece, maior ou menor arejamento.

Para o ensombramento utilizam-se esteiras ou telas, que se desenrolam a partir da parte superior da estufa ou que correm sob as vidraças.

A rega convém ser feita com água à temperatura do ambiente.

Para o efeito, no interior das estufas deve existir um depósito com água e que pode ser também aproveitado para a cultura de algumas plantas aquáticas de estufa.

O que fazer no mês de Fevereiro?

Particularmente no que respeita ao mês de Fevereiro devem

– semear-se, ao ar livre, manjericos, valverdes, malmequeres, amores perfeitos, alecrim de Hamburgo, artemisas, assembleias, azederache, azereiro e canaico;

Cortar os rebentos de agapanto e plantá-los logo;

– plantar cebolinhas de angélica, anémonas, balustras, beladonas, begónias, bordões de S. José, caracoleiros, trepadeiras, jasmineiros, craveiros e alecrim de Hamburgo;

– pôr estacas de baunilha, alecrim e buxo,

– e mergulhar os azares.

Fonte: “Almanaque” – Fevereiro de 1967 (pág.28 e 29) (texto editado e adaptado) | Imagem