As dinastias reais de Portugal (1139 – 1910)

Introdução

A história de Portugal está marcada pelo reinado de diversas dinastias que moldaram o país ao longo dos séculos.

Desde a sua fundação em 1139, com a independência do Condado Portucalense, até à Implantação da República em 1910, a monarquia portuguesa foi governada por diferentes casas reais, cada uma deixando a sua marca na política, na cultura e na expansão do território.

Neste artigo, exploramos as quatro dinastias que reinaram em Portugal:

– a Dinastia de Borgonha, que estabeleceu a independência e consolidou o território;

– a Dinastia de Avis, que levou Portugal à era dourada dos Descobrimentos;

– a Dinastia Filipina, período de domínio espanhol sobre o reino;

– e, por fim, a Dinastia de Bragança, que restaurou a independência e guiou o país até ao fim da monarquia.

Cada uma destas dinastias enfrentou desafios e protagonizou momentos determinantes para a identidade nacional.

Ao longo deste artigo apresentaremos, de forma sucinta, os principais acontecimentos e figuras que marcaram a história de Portugal ao longo destes séculos de monarquia.

Dinastia de Borgonha ou Afonsina

A Primeira Dinastia de Portugal, também conhecida como a Dinastia de Borgonha, governou entre 1139 e 1383. Teve início com D. Afonso Henriques, que se tornou o primeiro rei de Portugal após a vitória na Batalha de Ourique (1139) e a independência de facto do condado portucalense, consolidada com o reconhecimento papal e do Reino de Leão no Tratado de Zamora (1143).

Durante esta dinastia, o reino expandiu-se para sul, conquistando territórios aos mouros, e fortaleceu a sua identidade nacional. O período foi marcado pelo reinado de monarcas como D. Sancho I, que impulsionou o povoamento, e D. Dinis, que consolidou a administração e fundou a primeira universidade portuguesa.

O último rei da dinastia foi D. Fernando I, cujo falecimento sem herdeiro masculino direto levou à Crise de 1383-1385, um período de instabilidade que terminou com a ascensão de D. João I, da Casa de Avis, dando início à Segunda Dinastia de Portugal.

Dinastia de Avis

A Segunda Dinastia de Portugal, também conhecida como a Dinastia de Avis, governou entre 1385 e 1580. Começou com D. João I, Mestre de Avis, que ascendeu ao trono após a Crise de 1383-1385, consolidando a independência de Portugal na Batalha de Aljubarrota contra Castela.

Este período foi marcado pela expansão marítima portuguesa, iniciada pelo Infante D. Henrique, que impulsionou os Descobrimentos. Reis como D. Manuel I e D. João III consolidaram o império ultramarino, com conquistas na África, Brasil e Índia.

A dinastia terminou com a morte de D. Sebastião (1578) na Batalha de Alcácer Quibir e a crise sucessória que levou à união com Espanha em 1580, iniciando a Dinastia Filipina.

Dinastia Filipina

A Dinastia Filipina em Portugal (1580-1640) corresponde ao período em que o país esteve sob domínio da Monarquia Hispânica, governada pelos reis espanhóis da Casa de Habsburgo: Filipe I (II de Espanha), Filipe II (III de Espanha) e Filipe III (IV de Espanha).

A dinastia começou após a crise sucessória gerada pela morte de D. Sebastião (1578) e de D. Henrique (1580), sem herdeiros diretos. Filipe II de Espanha conquistou o trono português após a Batalha de Alcântara, consolidando a União Ibérica. Inicialmente, prometeu respeitar a autonomia de Portugal, mas a influência espanhola cresceu, gerando descontentamento.

A situação agravou-se com a decadência económica e o envolvimento de Portugal nas guerras espanholas. O crescente sentimento de revolta culminou na Restauração da Independência em 1640, com a ascensão de D. João IV, iniciando a Dinastia de Bragança.

Dinastia de Bragança

A Quarta Dinastia de Portugal, também chamada de Dinastia de Bragança, governou de 1640 a 1910. Começou com D. João IV, que restaurou a independência de Portugal após 60 anos de domínio espanhol, na chamada Restauração de 1640.

Durante esta dinastia, Portugal enfrentou desafios como as Guerras da Restauração, a reorganização do império colonial e a influência britânica. No século XIX, destacam-se as Guerras Liberais entre absolutistas e liberais, culminando com a vitória do liberalismo e a monarquia constitucional.

O último rei da dinastia foi D. Manuel II, que foi deposto com a Implantação da República em 1910, marcando o fim da monarquia em Portugal.

Conclusão

As dinastias reais de Portugal desempenharam um papel fundamental na construção da identidade e do destino da nação.

Desde a fundação do reino pela Dinastia de Borgonha, passando pelo esplendor dos Descobrimentos com a Dinastia de Avis, pela perda de independência durante a Dinastia Filipina, até à restauração e modernização sob a Dinastia de Bragança, cada período trouxe desafios e conquistas que moldaram o país.

O fim da monarquia em 1910 marcou o início de uma nova era para Portugal, mas a influência das dinastias continua presente na cultura, na arquitetura e até na organização política do país. Com séculos de história repletos de momentos decisivos, a monarquia portuguesa deixou um legado indelével que ainda hoje desperta interesse e estudo.

Nota: Se considera que alguma informação está incorreta, agradecemos que nos informe.