Festa das Maias – Tradição esquecida?

Festa das Maias

“Pensa-se que a festa das Maias se radica nas Florales romanas, celebradas entre 28 de Abril e 4 de Maio, em honra de Flora, deusa da florescência, e de Maia, deusa da fecundidade.” 1

Era o Maio Moço
Era «boticairo»
Vendeu a botica
P’ra comprar um saio:
O saio rompeu-se
Botica perdida
Vai pela rua abaixo
Vai pela rua arriba
Ora viva, viva, viva!

Era o Maio Moço
Era sardinheiro
Vendeu a botica
P’ra ganhar dinheiro:
Dinheiro gastou-se
Botica perdida
Vai pela rua abaixo
Vai pela rua arriba
Ora viva, viva, viva!

Era o Maio Moço
Era celeirão
Vendeu a botica
Ao mata carvão:
O carvão gastou-se
Botica perdida
Vai pela rua abaixo
Vai pela rua arriba
Ora viva, viva, viva!

Desde o tempo dos romanos…

Até meados do século XIX houve em Portugal a festa das Maias, introduzida nos nossos costumes pelos romanos.

Em cada localidade e em cada rua das cidades, entronizada numa sala do rés-do-chão da casa escolhida, apresentava-se uma rapariguita, de dez a doze anos, vestida de branco e toda coberta de jóias, fitas e giestas.

Monstro enfeitado de murta e flores, à volta do qual o povo cantava e dançava, acompanhado por um instrumento ou filarmónica, consoante os recursos financeiros.

Costume engraçado e pitoresco, mas com um fundo de vaidade que despertava emulação.

E daí houve disputas tão graves que as autoridades tiveram de proibir as festas das Maias. Mas estas, refugiadas nas casas dos humildes, não quiseram morrer.

Aparecem ainda, modestamente, sem festas nem galas, no 1.° de Maio, enfeitando as portas e as janelas, com ramos cujo amarelo doirado consola a vista.

É Pan cantado pelos novos, folguedo ruidoso, animado e trocista que raparigas e rapazes cantam em dança de roda, com os cabelos desfeitos e rosadas, até quase perderem o fôlego.

Fontes: Maria Adelaide da Silva Paiva, “Cancioneiro do Alto Douro (Barqueiros)” – Vila Real, 1962 (texto editado e adaptado)| 1 A. L. Pinto da Costa, “Alto Douro, terra de vinho e de gente” | Imagem