
O Mosteiro da Batalha será obra de bordadeiras?
Mosteiro da Batalha
Dir-se-ia obra de bordadeiras, tal é a intensidade do rendilhado da pedra de lioz do Mosteiro da Batalha, símbolo marcante da Dinastia de Avis, um dos melhores exemplos da arte gótica portuguesa e uma das obras mais importantes da nossa arquitectura.
Este mosteiro foi mandado construir em cumprimento de um voto de D. João I a Santa Maria da Vitória pela derrota dos castelhanos em Aljubarrota em 1385. As obras iniciaram-se em 1388, data da entrega aos Monges Dominicanos, sob a direcção do mestre Afonso Domingues e mais tarde de Huguet, prolongando-se até ao século XVI.
A visita, como não podia deixar de ser, começa pelo pórtico principal, conjunto escultórico mais importante do Mosteiro que reflecte a corte celestial.
Recortado por seis arquivoltas decoradas por anjos, profetas e reis de Judá, as estátuas dos 12 apóstolos assentes nas mísulas dos colunelos. Mostra, no tímpano, Cristo rodeado pelos quatro evangelistas. No gume do arco Cristo coroa a Virgem, sendo o conjunto encimado pelos escudos de D. João I e D.Filipa.
O templo, em forma de cruz latina, é dividido em três naves por majestosas colunas com cerca de 30m de altura. Adossada no lado direito está a Capela do Fundador, mandada erigir por D. João I para seu panteão e sucessores.
Como curiosidade, além dos fundadores, o Infante D.Henrique é o único que apresenta baldaquino por cima do túmulo, podendo-se lá ler o seu e actual lema da Escola Naval: «Talant de bien faire».
Percorrida a Igreja, chega-se ao transepto iluminado por um belo conjunto de vitrais, remontando os mais antigos ao século XV.
Claustro de D. João I
Após adquirir o bilhete de acesso, entra-se para a zona conventual e para o Claustro de D. João I ou Real, local que alguns defendem como a origem do Manuelino. Destaque para os arcos que em 1515 foram decorados por colunelos encimados por bandeiras com motivos ao estilo da época.
À volta deste claustro acede-se
– à Sala do Capítulo, com a sua célebre abóbada, prodígio de engenharia medieval, onde está depositado o túmulo do Soldado Desconhecido.
– ao Dormitório ou Adega dos Frades, com a entrada emoldurada por um traço de cordas.
– à Fonte dos Frades e defronte o Refeitório, com o seu púlpito das leituras, hoje espaço museológico da Liga dos Combatentes.
– à Cozinha, actual loja do IPPAR.
Passa-se ao Claustro de D. Afonso V, feito por Fernão Évora e o primeiro com dois pisos em Portugal.
Sai-se então para o terreiro, antigo Claustro de D. João III, incendiado pelos Franceses, alcançando-se as Capelas Incompletas ou Imperfeitas.
Estas Capelas destinavam-se a um segundo panteão régio, por indicação de D. Duarte, não tendo sido completas por dificuldades arquitectónicas.
E, para terminar, impõe-se uma visita exterior ao Mosteiro, com realce para a emblemática porta sul do transepto e os arcos botantes da Igreja e Capela do Fundador.
In Guia da Semana – Expresso (texto editado e adaptado) | Imagem de Modesto Jimenez