A história dos jogos de tabuleiro ao longo dos séculos
Os jogos de tabuleiro fazem parte da história da humanidade desde tempos imemoriais.
Estes jogos evoluíram ao longo dos séculos, refletindo as mudanças culturais e tecnológicas das sociedades.
Hoje, são uma forma de entretenimento amplamente apreciada, mas também são usados como ferramentas pedagógicas e de desenvolvimento social.
Neste texto, vamos explorar alguns dos jogos de tabuleiro mais importantes, desde os seus primórdios até à era moderna, com ênfase nos criadores, nas características únicas e na importância destes jogos na cultura global.
Senet (3500 a.C.)
O Senet é um dos jogos de tabuleiro mais antigos de que há registo, datando de cerca de 3500 a.C., no Egito Antigo. Embora o nome do criador seja desconhecido, há referências ao jogo em túmulos de faraós, incluindo no túmulo do famoso Tutancámon.
Este jogo simbolizava a passagem da alma para a vida após a morte e tinha um papel espiritual profundo. Era jogado numa grelha de 30 casas, onde os jogadores moviam as suas peças de acordo com o resultado de lançamentos de palhetas ou dados primitivos.
O Senet foi importante não só como passatempo, mas também como uma metáfora para o destino e o além, mostrando como os jogos podiam servir a propósitos além do mero entretenimento.
Go (2000 a.C.)
Criado na China por volta de 2000 a.C., o Go é um jogo de estratégia pura, jogado numa grelha de 19×19, com peças chamadas “pedras”. O objetivo do jogo é cercar mais território no tabuleiro do que o adversário. Este jogo é atribuído ao imperador chinês Yao, embora a sua origem real seja incerta.
O Go distingue-se pela sua profundidade estratégica e simplicidade nas regras, que o tornaram popular em várias culturas, particularmente na China, Japão e Coreia.
Ao longo da história, foi valorizado como um meio de desenvolvimento do raciocínio lógico e da paciência, sendo frequentemente comparado ao xadrez, mas com uma complexidade distinta.
Para ler: A importância dos jogos para a saúde física, mental e social
Xadrez (séc. VI d.C.)
O xadrez surgiu na Índia durante o século VI, sendo então conhecido como chaturanga. Este jogo evoluiu através da Pérsia, onde recebeu o nome de shatranj, e depois chegou à Europa.
O xadrez como o conhecemos hoje foi amplamente moldado por jogadores europeus durante a Idade Média.
O jogo é jogado num tabuleiro de 64 casas, com dois exércitos de peças que representam várias figuras da realeza e da guerra. O objetivo é colocar o rei do oponente em xeque-mate, ou seja, numa posição da qual não possa escapar.
O xadrez tornou-se um símbolo de inteligência e destreza mental ao longo dos séculos. Hoje, é um dos jogos de tabuleiro mais jogados no mundo, com competições profissionais e uma rica literatura de estratégia.
Monopólio (1935)
O Monopólio foi inventado por Charles Darrow em 1935, mas baseou-se numa ideia anterior de Elizabeth Magie, que tinha criado um jogo chamado The Landlord’s Game. O objetivo deste jogo é adquirir propriedades, construir casas e hotéis e arruinar os adversários financeiramente.
O Monopólio destaca-se por ser um jogo que imita o capitalismo e a acumulação de riqueza. Foi muito popular durante a Grande Depressão, e desde então tornou-se um dos jogos mais vendidos do mundo.
Existem várias versões temáticas e regionais do Monopólio, adaptadas a diferentes culturas e cenários. Este jogo tem sido alvo de crítica por promover valores materialistas, mas é inegável o seu impacto na cultura popular e no mercado dos jogos de tabuleiro.
Cluedo (1949)
O Cluedo foi criado em 1949 por Anthony E. Pratt, um músico inglês, e a sua esposa, Elva Pratt. O jogo coloca os jogadores no papel de detetives que tentam resolver um homicídio, determinando o culpado, a arma e o local do crime.
Com uma narrativa intrigante e um forte apelo ao raciocínio dedutivo, o Cluedo tornou-se um sucesso mundial, popularizando o género de mistério nos jogos de tabuleiro. Este jogo foi importante ao destacar a interatividade entre jogadores e a resolução de enigmas, criando um ambiente de investigação e suspense.
Catan (1995)
Criado por Klaus Teuber, Catan (também conhecido como The Settlers of Catan) é um jogo que revolucionou o mundo dos jogos de tabuleiro modernos. O objetivo é colonizar uma ilha, construindo estradas, vilas e cidades através da troca de recursos. Cada partida é diferente devido à disposição modular do tabuleiro, que é feito de hexágonos.
Catan tornou-se um ícone do que é conhecido como jogos de tabuleiro “eurogame“, um género que se foca na estratégia e na gestão de recursos, em vez de depender da sorte ou do conflito direto entre jogadores. Este jogo ajudou a revitalizar o interesse pelos jogos de tabuleiro nos anos 90, e desde então já vendeu milhões de cópias em todo o mundo.
Pandemic (2008)
O Pandemic foi criado em 2008 por Matt Leacock e é um dos jogos cooperativos mais populares do mundo. Neste jogo, os jogadores trabalham juntos como membros de uma equipa médica que tenta erradicar doenças mortais que se espalham pelo globo.
Ao contrário de muitos jogos de tabuleiro tradicionais, em que os jogadores competem entre si, Pandemic incentiva a colaboração e o planeamento estratégico em equipa. A sua relevância aumentou durante a pandemia de COVID-19, ao proporcionar uma forma de os jogadores refletirem sobre a importância da cooperação global em situações de crise.
A importância dos jogos de tabuleiro
Os jogos de tabuleiro têm desempenhado papéis diversos ao longo da história. Além do entretenimento, têm servido para desenvolver capacidades cognitivas, como o raciocínio lógico, a estratégia e a tomada de decisões.
No contexto educativo, muitos jogos ajudam a ensinar conceitos de matemática, história e ciências, enquanto jogos como Pandemic ensinam o valor da cooperação.
Os jogos de tabuleiro também têm uma função social significativa, aproximando amigos e famílias em torno de uma atividade comum. Em tempos digitais, estes jogos oferecem uma pausa do ecrã e permitem a interação face a face, algo cada vez mais valorizado.
Jogos de tabuleiro no mundo moderno
Na era moderna, os jogos de tabuleiro têm vindo a crescer em popularidade, com novos títulos a serem lançados todos os anos.
Plataformas como o Kickstarter têm permitido que criadores independentes lancem os seus próprios jogos, resultando numa explosão de criatividade e diversidade de géneros.
Desde jogos cooperativos a jogos competitivos, passando por jogos de guerra e narrativos, há algo para todos os gostos.
Em suma, os jogos de tabuleiro, antigos e novos, continuam a ser uma parte importante da cultura global, adaptando-se às necessidades e interesses de cada época.
Nota: Se considera que neste texto alguma coisa está errada, ou se quiser complementar alguma informação, agradecemos que nos informe.