A origem do nome “Portugal” e a fundação do Reino
O nome “Portugal” tem a sua origem na designação Portus Cale, uma antiga localidade situada na foz do rio Douro, na atual região do Porto e de Vila Nova de Gaia. Esta designação remonta ao período da ocupação romana da Península Ibérica, quando os romanos estabeleceram um porto na margem sul do rio.
A etimologia de Portus Cale ainda é debatida.
O termo “Portus” é claramente latino e significa “porto”. Já “Cale” pode ter diversas origens. Uma das teorias mais aceites sugere que estaria ligado aos Callaeci (ou Galaicos), um povo celta que habitava o noroeste da Península Ibérica. Outra hipótese aponta para uma raiz celta, onde “Cale” significaria algo como “porto abrigado” ou “lugar de rochedos“.
Com o tempo, a designação Portus Cale evoluiu para Portucale, termo que foi usado na Alta Idade Média para designar a região do condado de Portucale. Este território tornou-se crucial no processo da formação de Portugal, especialmente após a concessão do Condado Portucalense a D. Henrique de Borgonha, pai de D. Afonso Henriques, o primeiro rei de Portugal.
À medida que o condado ganhava autonomia do Reino de Leão, o nome Portucale começou a ser usado para referir toda a região e, mais tarde, evoluiu para Portugal, designando o reino independente fundado em 1139.
O Condado Portucalense e a fundação do Reino
No início da Idade Média, após a queda do Império Romano e as invasões germânicas, a região que viria a tornar-se Portugal foi sucessivamente controlada pelos Suevos, Visigodos e, mais tarde, pelos Muçulmanos, após a invasão islâmica da Península Ibérica no século VIII.
Durante a Reconquista Cristã, os reinos cristãos do norte começaram a recuperar territórios.
No século XI, como parte desta reconquista, o Reino de Leão criou o Condado Portucalense, uma unidade territorial que incluía a região entre os rios Minho e Mondego.
Este condado foi concedido, em 1096, por D. Afonso VI de Leão e Castela a D. Henrique de Borgonha, um nobre franco que veio auxiliar os cristãos na luta contra os muçulmanos. Casado com a infanta D. Teresa, filha de Afonso VI, D. Henrique governou o condado com relativa autonomia até à sua morte em 1112.
A sua viúva, D. Teresa, assumiu o governo do condado, mas enfrentou conflitos internos, especialmente com os nobres que apoiavam o seu filho, D. Afonso Henriques.
D. Afonso Henriques vence D. Teresa
Em 1128, D. Afonso Henriques enfrentou e derrotou as forças de sua mãe na Batalha de São Mamede, em Guimarães, consolidando o seu poder e iniciando o processo de independência de Portugal.
Em 1139, após a vitória na Batalha de Ourique contra os muçulmanos, D. Afonso Henriques proclamou-se Rei de Portugal.
O novo reino começou por afirmar a sua independência de facto, mas apenas em 1179, com a Bula Papal Manifestis Probatum do Papa Alexandre III, foi oficialmente reconhecido como um reino soberano.
Dessa forma, Portugal tornou-se o primeiro reino independente da Península Ibérica, consolidando-se territorialmente e expandindo-se nos séculos seguintes, culminando na formação do país que conhecemos hoje.
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Referências:
- Mattoso, José. História de Portugal – Antes de Portugal (Vol. 1). Círculo de Leitores, 1992.
- Livermore, H. V. A New History of Portugal. Cambridge University Press, 1969.
- Serrão, Joel. Dicionário de História de Portugal. Livraria Figueirinhas, 1991.
- Marques, A. H. de Oliveira. História de Portugal. Palas Editores, 1980.
- imagem (Castelo de Guimarães)