Os Jesuítas ou Companhia de Jesus
Os Jesuítas e a Reforma Católica
Os movimentos de reforma a partir do interior, que assinalam toda a história da Igreja Ocidental, adquirem um novo relevo em consequência do cisma.
Mais uma vez se tenta levar a cabo uma renovação por meio da fundação de ordens religiosas:
– primeiramente a Ordem dos Teatinos (Ordem dos Clérigos Regulares), fundada em 1524 por Caetano de Tiene e pelo bispo Pietro Carafa de Chieti (o futuro papa Paulo IV).
No ano de 1583 são fundadas as comunidades de irmãs teatinas, segundo o mesmo espírito. A ideia dominante desta ordem é a caridade para com o próximo, seja através da assistência aos doentes e presos, seja por uma amistosa orientação em questões de fé.
No entanto, a Igreja precisa de mais para resolver o problema da sua unidade:
– uma rigorosa seleção dos sacerdotes,
– uma ampla formação religiosa
– e a renúncia ao comércio das dispensas.
Estas exigências são sentidas principalmente em relação ao fenómeno de um clero de pouca espiritualidade e ignorante, que além disso está demasiado vinculado ao mundo (ânsia de riqueza, concubinato, etc.).
É de grande importância a fundação da Ordem dos Jesuítas pelo místico espanhol Inácio de Loiola (1491/95?-1556).
A ordem cresce, partindo de um círculo de amigos, composto por seis membros (1535), que se conheceram quando estudavam Teologia em Paris (Inácio começou os seus estudos aos trinta e três anos de idade, depois de ter levado uma vida de nobre e cavaleiro).
O “programa” dos Jesuítas
O programa da pequena comunidade desenvolve-se por graus.
De início insiste-se particularmente nos votos de pobreza e castidade, enquanto ainda não se impôs o de obediência.
Em 1539, os membros que se encontram em Roma decidem instituir uma regra mais rígida, que é confirmada pelo papa em 1540.
A ordem intervém agora nas disputas da Igreja e erige-se em grupo militante ao serviço da difusão e do fortalecimento da fé sob qualquer forma; por meio de um voto especial, os membros da ordem ficam subordinados ao papa.
Os candidatos são cuidadosamente escolhidos, severamente instruídos, e submetidos a vários exames.
As características principais são, por um lado, a ideia de obediência incondicional (por meio da qual a ordem alcança a sua extraordinária unidade de ação, sendo esta a mais aguda reação contra as tendências desagregadoras da época no interior da Igreja).
Enquanto, por outro, se leva a cabo a educação da vontade mediante os Exercícios Espirituais, que a concentram em desígnios bem definidos sem possibilidade de dispersão.
Atividade pedagógica dos Jesuítas
Os Jesuítas empreenderam uma ampla atividade pedagógica, reformando o ensino escolar com todos os meios de que dispunham na época.
O teatro foi especialmente colocado ao serviço da sua ação educativa.
Nasce um novo tipo de arquitetura eclesiástica, cujo primeiro exemplar é a Igreja del Gesù em Roma, que contém já importantes premissas da arte arquitetónica barroca:
– um grande recinto principal que reúne os fiéis diante do altar e do pregador;
– entre os pilares adossados à parede erguem-se os seis altares correspondentes às seis faculdades da escola jesuíta.
A atividade missionária dos Jesuítas
A atividade missionária dos Jesuítas abarca todo o mundo.
Por ocasião da morte do seu fundador, Inácio de Loiola, existem já províncias no Japão e no Brasil. Cinquenta anos depois da sua fundação, a ordem contava com treze mil membros, espalhados pelo mundo.
São Francisco Xavier (1506-1552), cofundador dos Jesuítas e um dos seus mais importantes missionários, desenvolveu a sua actividade evangelizadora na India, Ceilão, Malaca, Molucas e Japão.
A Companhia de Jesus, introduzida nestes territórios graças a ele, exerceu durante os séculos XVII e XVIII uma grande influência nas culturas locais, dado ter-lhes proporcionado a possibilidade de estabelecer contacto com o pensamento ocidental.
Fonte: História Universal Comparada (vol.VI) | Imagem