O escritor Ramalho Ortigão morreu a 27.09.1915

No dia 27 de Setembro de 1915 morreu José Duarte Ramalho Ortigão

(Santo Ildefonso, Porto, 24.11.1836 – Lisboa, 27.09.1915)

Ramalho Ortigão era filho do primeiro-tenente de artilharia Joaquim da Costa Ramalho Ortigão e de sua mulher Antónia Alves Duarte Silva, o mais velho de nove irmãos e irmãs, filhos e filhas.

Aos 14 anos matriculou-se em Direito na Universidade de Coimbra e pouco depois passou a lecionar Francês no Colégio da Lapa, no Porto, dirigido por seu pai, e onde teve por aluno Eça de Queirós.

Seguidamente, dedicou-se também ao jornalismo como crítico literário e folhetinista no Jornal do Porto.

Em 1865 interveio na Questão Coimbrã em defesa de Castilho e por esse motivo bateu-se em duelo na Arca d’Água, no Porto, com Antero de Quental.

Ligação com Eça de Queirós

Em 1870 já estava em Lisboa como oficial da secretaria da Academia das Ciências, ligando-se então a Eça de Queirós e ao grupo das Conferências do Casino.

Iniciou nesse ano, com Eça de Queirós, a publicação, em fascículos mensais, de As Farpas; com o mesmo, em 1871, redigiu o romance O Mistério da Estrada de Sintra, publicado em folhetins no Diário de Notícias.

Em 1870 publicara Histórias Cor-de-Rosa.

Com a partida de Eça, em 1872, para Havana, caiu sob a influência de Teófilo Braga, com o qual organizou o centenário de Camões, devendo-se-lhe em grande parte o esplendor do cortejo cívico.

O seu juvenil inconformismo revolucionário acabou por ceder ao apreço dos valores tradicionais, tendo sido um dos principais vultos da geração nacionalista, que abriu caminho ao Integralismo Lusitano.

Nos 11 volumes de As Farpas, 1871-1887, por ele redigidas sozinho a partir de 1872, sobressai o seu pendor didático na sátira política e social dentro do critério positivista, mas sem prejuízo do seu acendrado apego aos valores da terra portuguesa.

Autor de livros de viagens

A par de crítico humorado foi um admirável autor de livros de viagens, como o demonstram, entre outros, os seus volumes

– Em Paris, 1868,

– A Holanda, 1885, e

– John Bull, 1887,

sobressaindo então o escritor plástico que soube captar como poucos a gama de cores e a variedade de feitios e movimentos do mundo dos sentidos, quer seja no bulício das feiras e arraiais, quer no bucolismo dos lugares pitorescos.

Notável ainda o seu intuitivo dom de crítica de arte (o primeiro a surgir em Portugal), patente em muitas páginas dos seus livros, nomeadamente em O Culto da Arte em Portugal, 1896.

Ricardo Jorge, Ramalho Ortigão, 1915, Júlio de Oliveira, Ramalho Ortigão e Eça de Queirós, Porto, 1945, M. da Cruz Malpique, Ramalho Ortigão, Porto, 1957, Rodrigues Cavalheiro, A Evolução Espiritual de Ramalho, Lisboa, 1963 Ernesto de Vasconcelos, Ramalho Ortigão e o Gerês, Braga, 1982.

Ramalho Ortigão, por Columbano. Viseu, Museu Grão Vasco

Fonte: “O Grande Livro dos Portugueses” (texto editado e adaptado)