Artur de Oliveira Santos | Protagonistas de Fátima

Artur de Oliveira Santos, administrador do concelho de Ourém

Artur de Oliveira Santos foi um dos principais opositores de Fátima.

Jornalista e republicano laico, assumiu o cargo de administrador do concelho de Ourém em 1915.

Num esforço de conter as multidões que as aparições de 1917 traziam à Cova da Iria, resolve levar as três crianças videntes para um interrogatório em pleno dia 13 de setembro.

O acontecimento de Fátima não pode ser contado apenas pelas vidas daqueles que lhe foram favoráveis.

Os que se lhe opuseram também participam da sua história e são protagonistas incontornáveis de Fátima.

É o caso de Artur de Oliveira Santos, que, à data das aparições, ocupava o cargo de administrador do então concelho de Vila Nova de Ourém, função que desempenhou entre maio de 1915 a dezembro de 1917 e, mais tarde, nos anos de 1919, 1922 e 1924.

Republicano laico, com ligações à maçonaria e à carbonária, é devido às suas suspeições, alimentadas por uma militância anticlerical, que a aparição de agosto não acontece no lugar e na data prevista, mas seis dias depois, por este ter levado os videntes para Ourém, onde os manteve retidos durante três dias para um interrogatório.

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O que fez no dia 13 de Setembro de 1917

Exercia eu então o cargo de Administrador do Concelho e na madrugada do referido dia 13, tendo deixado de prevenção uma força da G.N.R. na sede do concelho, dirijo-me em companhia do oficial da Administração Cândido Alho à povoação de Aljustrel, no intuito de trazer as três protagonistas para esta vila, a fim de evitar a continuação da especulação clerical que, em torno delas, se estava fazendo“, descreve o próprio, num relatório que envia em 1924 ao governador civil de Santarém.

José Manuel Poças das Neves, investigador da vida deste político, coloca a hipótese de Artur de Oliveira Santos ter encetado a ação de levar as crianças para um interrogatório em pleno dia 13 por não ter percebido então a verdadeira dimensão do acontecimento de Fátima, acreditando que bastava afastar os videntes da Cova da Iria para colocar fim às romarias que tomavam proporções cada vez maiores.

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Nos anos que se seguiram às aparições, Artur de Oliveira Santos manteve uma acérrima ação contra a dinâmica crescente que Fátima foi assumindo, até à queda da Primeira República, quando se vê forçado a exilar-se em Espanha.

Regressa depois a Portugal, onde viria a falecer em 1955, com 71 anos.

Diogo Carvalho Alves, in “Voz de Fátima”, 13.09.2021