Caretos de Podence – Demos à solta!

Pregão casamenteiro

Os anunciantes assumem o papel de sacerdotes que, acompanhados de numerosa turba de acólitos, se colocam em pontos elevados da aldeia, os dois pilares dos portões do adro da igreja, para aí anunciarem os “casamentos” de todos os solteiros da terra.

A sua voz é amplificada pelos embudes (grandes funis usados para verter o vinho para as pipas) que, ao mesmo tempo, a distorcem para impedir a identidade dos proclamadores.

Esta acção satírica assume características de natureza social onde o “casamento” funciona mais como um pretexto para se poder dar livre curso à crítica, do que como um fim a alcançar com a encenação, isto é, a aproximação dos proclamados noivos.

Esta nunca se verifica pelo ridículo que o “casal” anunciado envolve.

O importante é que se possa falar de tudo e de todos, num ambiente de permissiva licenciosidade, em que tudo é permitido e consentido.

Estaremos perante um momento de escape e de purificação social que a comunidade conserva como absolutamente necessário à sua boa saúde social.

“Palhas, alhas leva-as o vento!
Oh, oh, oh…
Aqui se vai formar e ordenar um casamento.
Oh, oh, oh…
E quem é que nós havemos de casar?
Tu o dirás.
Há-de ser a Maria Pita que mora no bairro do Castelo.
Oh, oh, oh…
E quem é que nós havemos de dar para marido?
Tu o dirás.
Há-de ser o João da Rua que mora lá em baixo no Porto.
Oh, oh, oh…
E que nós havemos de dar de dote a ela?
Tu o dirás.
Há-de ser uma máquina de costura
porque ela é uma boa costureira.
E que é que nós havemos de dar de dote a ele?
Tu o dirás.
Há-de ser uma terra ao Souto
para que não saia um de cima do outro
enquanto for Inverno.

Casa do Careto

Foi da vontade de perpetuar a sua história, a sua identidade, os registos que deles fizeram e de construir uma sede própria que, com o apoio da Câmara Municipal de Macedo de Cavaleiros, foi inaugurada, a 22 de Fevereiro de 2004, a Casa do Careto.

Em Exposição Permanente, podemos encontrar telas da pintora Graça Morais e de Balbina Mendes e outros artistas da Região, fotografias de António Pinto e Francisco Salgueiro, algumas publicações, os Fatos, os Chocalhos, as Máscaras e toda a indumentária destas figuras sedutoras e enigmáticas…

Encontramos ainda os únicos seres que os Caretos respeitam nas suas tropelias, gritarias, chocalhadas: as Marafonas.

Neste espaço polivalente, aberto diariamente ao público, funciona igualmente uma tasquinha regional onde podem ser saboreados os “produtos da terra de Podence”.

O espaço temático da tradição dos Caretos está inserido no Roteiro Turístico e Cultural do Nordeste Transmontano, conseguindo estar nos lugares mais visitados da Região Transmontana.

Mapa de localização de Podence - Macedo de Cavaleiros

Texto e fotos retiradas de um folheto intitulado “Caretos de Podence – demos à solta”, editado há já alguns anos. Aumentado!