Breve introdução à história da Astronomia
Introdução à história da Astronomia
A astronomia, que contribuiu em grande medida para o desenvolvimento do pensamento humano, nasceu como consequência das necessidades quotidianas das culturas primitivas (medição exacta do tempo, determinação das estações, sementeiras e colheitas, etc.).
Também como das primeiras tentativas de explicação, por parte do homem, dos fenómenos da natureza, pelo que até ao começo da Idade Moderna permaneceu estreitamente ligada à astrologia.
Os povos antigos (Babilónios, Chineses, Maias, Egípcios e Gregos) possuíam conhecimentos astronómicos rudimentares e limitados à observação visual dos fenómenos celestes e da sua aplicação com fins práticos e mítico-religiosos.
A história da Astronomia na Antiguidade
Entre as concepções mais destacadas da Antiguidade sobressai a de:
– Platão (427-347 a. C.), que explicou os movimentos dos planetas, em termos de movimentos circulares e uniformes próprios.
– Eudóxio de Cnido (408-355 a. C.) propôs as esferas homocêntricas como explicação dos referidos movimentos.
– Pela sua parte, Aristóteles (século IV a. C.) impôs, graças à sua autoridade, a crença de que a Terra permanecia imóvel no centro do Universo e que os planetas giravam à sua volta (sistema geocêntrico).
Esta concepção prevaleceu até princípios da Idade Moderna, impondo-se aos sistemas heliocêntricos como o de Aristarco de Samos (310-320 a. C.).
Nos começos do período helenístico, o auge da observação conduziu à substituição da teoria das esferas pela dos epiciclos.
O mais importante astrónomo da Antiguidade, Hiparco (fins do século II a.C.), uniu ambos os métodos e realizou a importante descoberta da precessão dos equinócios.
Conhece-se a sua obra graças ao seu discípulo Ptolomeu (finais do século II d. C), do qual se conserva a versão árabe chamada Almagesto.
Ptolomeu reelaborou a teoria da Lua, formulada pelo seu mestre, e deu forma definitiva à teoria dos planetas. Criou assim um sistema astronómico coerente e completo que juntava a observação e a explicação matemática.
A Astronomia após a Idade Média
A astronomia da Idade Média foi, até ao século XV, fundamentalmente de origem árabe.
Entre estes, que combinaram a matemática e a astronomia hindus com a ciência recebida na Grécia, a astronomia gozou de um lugar preponderante, devido a considerações de tipo religioso e à popularidade da astrologia grega (sobretudo da medicina astrológica).
O desenvolvimento da observação originou a invenção de novos instrumentos, como o astrolábio, e a confecção de tabelas astronómicas tão famosas como as afonsinas.
A astronomia, tal como a conhecemos na actualidade, inicia-se com o trabalho de Nicolau Copérnico (1473-1543). Este propôs, na sua obra, Sobre a Revolução das Esferas Celestes (1543), o sistema heliocêntrico do universo, no qual a Terra gira, tal como os restantes planetas, em volta do Sol, imóvel no centro.
Entre 1609 e 1619, Johannes Kepler (1571-1630) estabeleceu, baseando-se nas observações realizadas por Tycho Brahe (1546-1601), as três leis que têm o seu nome, oferecendo uma imagem harmónica do universo.
Em 1609, Galileu Galilei (1564-1642) utiliza o óculo de aproximação para o estudo do céu, realizando numerosas descobertas (satélites de Júpiter, relevos da superfície lunar, manchas solares) e induzindo à unificação da física celeste e terrestre.
As descobertas de Isaac Newton
Por último, Isaac Newton (1642-1727) publica em 1687 os seus famosos Principia, nos quais formula definitivamente as leis fundamentais da mecânica celeste e justifica as leis empíricas de Kepler, mediante a lei da gravitação universal.
A partir desse momento tornou-se possível o cálculo exacto das órbitas e movimentos da Lua e dos restantes planetas, dos seus satélites, dos cometas, etc. Foram, contudo, cientistas como
– o matemático francês Pierre Simon Laplace (1749-1827),
– Leonard Euler (1707-1783),
– Jean le Rond d’Alembert (1717-1783) e
– Joseph Louis Lagrange (1736-1813),
que levaram a aplicação da teoria newtoniana até às suas últimas consequências.
Durante os anos de 1799-1825, Laplace resolveu o complexo problema do movimento de muitos planetas e dos seus satélites submetidos à influência gravitacional mútua e à do Sol, com a intenção de demonstrar que este sistema tão complexo se move de acordo com as leis da dinâmica e da gravitação e dando conta da maior parte dos factos observados no movimento planetário.