Os planetas e astros na Astrologia: fundamentação técnica e simbólica
A Astrologia, enquanto sistema simbólico com fundamentos cosmológicos e psicológicos, opera sobre a premissa de que os corpos celestes representam funções arquetípicas que se manifestam no comportamento humano, nos processos mentais e emocionais, e nas dinâmicas coletivas.
A análise astrológica assenta em três grandes eixos interpretativos: os planetas (funções), os signos (qualidades modulatórias) e as casas (contextos de manifestação), aos quais se somam os aspetos angulares como vetores relacionais entre os fatores mencionados.
1. Estrutura funcional: os astros como arquétipos
Os planetas e os luminares são entendidos como centros de energia simbólica. Cada um desempenha uma função específica no sistema psicodinâmico do mapa natal, participando ativamente na construção da identidade e nos processos de desenvolvimento e individuação.
1.1 Luminares
- Sol (Leão): Fonte de identidade, autoconsciência e direção vital. Representa o princípio da autorrealização, o centro organizador da psique, e a expressão da vontade. A sua posição revela o estilo de afirmação do ego e a natureza do impulso criador.
- Lua (Caranguejo): Recetividade emocional, memória ancestral e necessidades instintivas de pertença e segurança. É indicador da matriz emocional e da relação com o princípio nutritivo (mãe/sustento).
1.2 Planetas pessoais
- Mercúrio (Gémeos / Virgem): Governador das funções cognitivas, linguagem e articulação simbólica do pensamento. Opera como intermediário entre o consciente e o inconsciente, e entre o eu e o meio.
- Vénus (Touro / Balança): Regente das funções de vinculação, valorização e apreciação estética. A sua ação orienta o sujeito para o prazer, harmonia e reciprocidade nos laços afetivos.
- Marte (Carneiro / Escorpião): Princípio de ação, separação e afirmação da vontade individual. Simboliza a pulsão erótica e agressiva e a luta pela sobrevivência.
1.3 Planetas sociais
- Júpiter (Sagitário / Peixes): Expansão da consciência, integração cultural e adesão a sistemas de crenças. Atua como vetor de crescimento ético, espiritual e filosófico.
- Saturno (Capricórnio / Aquário): Função estruturante, associada ao tempo, à forma, à responsabilidade e à interiorização da lei. Representa a construção do eu através da limitação e da disciplina.
1.4 Planetas transpessoais
- Úrano (Aquário): Agente da diferenciação e da individuação. Introduz a rutura com padrões herdados e opera como catalisador de inovação e revolução.
- Neptuno (Peixes): Dissolução das fronteiras do ego, permeabilidade psíquica e ligação ao inconsciente coletivo. Facilita o êxtase místico, mas também o engano e a fuga da realidade.
- Plutão (Escorpião): Simboliza a dinâmica morte-renascimento, poder oculto e processos profundos de regeneração psíquica. Atua nos estratos mais subterrâneos da consciência e do instinto.
1.5 Corpos celestes complementares
- Quíron (sem regência formal): Arquétipo da ferida existencial que promove a cura através da consciência e aceitação da vulnerabilidade.
- Nodos Lunares: Representam o eixo kármico e evolutivo da alma. O Nodo Norte aponta para o destino evolutivo, enquanto o Nodo Sul indica padrões adquiridos ou condicionamentos herdados.
2. Inter-relação entre astros e signos zodiacais
A expressão da energia planetária varia consoante o signo em que se encontra, sendo este último o “meio” através do qual a função arquetípica se manifesta. A relação entre planetas e signos é tradicionalmente codificada através das dignidades essenciais:
Planeta | Domicílio | Exílio | Exaltação | Queda |
Sol | Leão | Aquário | Carneiro | Balança |
Lua | Caranguejo | Capricórnio | Touro | Escorpião |
Mercúrio | Gémeos, Virgem | Sagitário, Peixes | Virgem | Peixes |
Vénus | Touro, Balança | Escorpião, Carneiro | Peixes | Virgem |
Marte | Carneiro, Escorpião | Balança, Touro | Capricórnio | Caranguejo |
Júpiter | Sagitário, Peixes | Gémeos, Virgem | Caranguejo | Capricórnio |
Saturno | Capricórnio, Aquário | Caranguejo, Leão | Balança | Carneiro |
Esta grelha serve de base para a avaliação da força e eficácia simbólica de cada planeta no mapa astral.
Um planeta em domicílio encontra-se em posição de autoridade e fluidez, enquanto em exílio a sua função tende a ser desafiada ou distorcida.
A exaltação representa uma elevação funcional, e a queda uma limitação natural.
3. Considerações técnicas
A leitura astrológica requer a articulação entre fatores qualitativos (signos, elementos, modalidades), quantitativos (aspetos, orbes, dignidades), temporais (trânsitos, progressões, revoluções) e simbólicos (mitologia, psicologia arquetípica).
Esta abordagem multidimensional permite uma análise holística e rigorosa do mapa natal enquanto mandala psicoenergética.
Do ponto de vista epistemológico, a astrologia não se limita a uma prática empírica, mas constitui uma hermenêutica simbólica que visa revelar significados latentes e padrões subjacentes à experiência individual e coletiva.
Nota: Se considera que neste texto alguma coisa está errada, ou se quiser complementar alguma informação, agradecemos que nos informe.
Com recurso ao Chat GPT | imagem