Plantas – as utilidades do imenso património vegetal existente
Propriedades aromáticas, condimentares e medicinais das plantas bravias
Para além das plantas de cultivo, propriamente ditas, associadas ao aproveitamento agrícola e que servem de “sustento” às populações locais como a cultura da batata, milho, couves, nabos, castanha, centeio, vinha e mais recentemente a maçã, existe uma lista enorme de plantas bravias ou “aculturadas” que integram, também elas, a riqueza gastronómica da região [de Trás-os-Montes e Alto Douro].
Estas plantas são comumente usadas como condimentares, aromáticas ou medicinais.
Da mesma forma que parte das pessoas consegue diferenciar as várias espécies de cogumelos de forma a usá-los como complementos alimentares, também algumas plantas bravias comestíveis, integram o vasto roteiro gastronómico local.
A morugem d’água – Calitriche stagnalis – encontrada em regatos, poços e outros locais aquosos é usada pelas pessoas do campo em sopas e saladas.
Um outro exemplo, com utilização idêntica, são as azedas, Rumex induratus bem conhecidas dos pastores locais.
O labresto, Brassica barrelieri e a leituga, Chondrilla juncea são também utilizadas.
Para ler: Receitas com plantas comestíveis ou medicinais
Depois não podemos deixar de referir as mentas, genericamente chamadas de hortelãs e os tomilhos (Thymus zygis e Thymus pulegioides), que constituem suporte condimentar de muitos pratos típicos da Região.
Os orégãos (Origanum virens), o louro ou loureiro (Laurus nobilis), parecem também ser indispensáveis.
Temos ainda referência da utilização do medronheiro (Arbutus unedo), para destilação alcoólica e consumo de frutos.
E, ainda para além das utilizações propriamente alimentares e medicinais, há todo um imenso património de saberes ligado com o uso dos recursos vegetais silvestres de cada região.
É o caso do artesanato onde abundam exemplos de sábias utilizações de madeiras de certos arbustos para instrumentos utilitários, e musicais, assim como a tradicional cestaria à base de madeira, junco, palha, vime e até de cascas de silvas.
Para ler: 4 plantas com propriedades fantásticas
Fonte: “Etnobotânica – Plantas bravias, comestíveis, condimentares e medicinais“, José Alves Ribeiro, António Monteiro e Maria de Lurdes Fonseca da Silva (texto editado e adaptado) | Imagem