Nuno Álvares Pereira: herói da independência e santo guerreiro
D. Nuno Álvares Pereira, conhecido como o Condestável de Portugal, é uma das figuras mais reverenciadas na história portuguesa.
Nascido a 24 de junho de 1360, em Cernache do Bonjardim, D. Nuno desempenhou um papel crucial na defesa da independência de Portugal durante a crise de 1383-1385, tornando-se um símbolo de bravura, lealdade e fé.
A sua vida foi marcada por feitos militares notáveis, que culminaram na sua canonização em 2009 como São Nuno de Santa Maria.
Infância e juventude
Filho ilegítimo de Dom Álvaro Gonçalves Pereira, prior da Ordem do Hospital, e de Iria Gonçalves do Carvajal, Nuno cresceu em meio a um ambiente profundamente religioso e militar.
Desde cedo, demonstrou uma inclinação natural para a vida guerreira. Aos 13 anos, foi nomeado escudeiro da rainha D. Leonor Teles, esposa do rei D. Fernando I, o que lhe proporcionou um contato direto com a corte e a nobreza, moldando o seu caráter e as suas convicções.
O contexto da Crise de 1383-1385
A morte de D. Fernando I, em 1383, sem um herdeiro masculino, precipitou uma crise de sucessão em Portugal.
A nobreza dividiu-se entre aqueles que apoiavam a rainha viúva D. Leonor Teles, regente em nome da sua filha Beatriz, casada com o rei João I de Castela, e os defensores da independência portuguesa, liderados pelo Mestre de Avis, futuro D. João I.
D. Nuno, com apenas 23 anos, rapidamente se destacou como um dos principais apoiantes do Mestre de Avis, colocando as suas habilidades militares e a sua pequena, mas bem treinada, força ao serviço da causa independentista.
Batalha de Atoleiros
A primeira grande prova de fogo para D. Nuno e para as forças portuguesas ocorreu na Batalha de Atoleiros, a 6.04.1384. Enfrentando um exército castelhano numericamente superior, D. Nuno demonstrou uma extraordinária habilidade tática.
Ao adotar uma formação defensiva conhecida como quadrado, os portugueses conseguiram infligir uma derrota devastadora ao inimigo sem perder um único soldado. Esta vitória consolidou a reputação de D. Nuno como um líder militar genial e inabalável.
Foi nomeado Condestável do Reino a 7.04.1385, no dia imediato à aclamação de D, João I, nas Cortes de Coimbra, e conquistou o Minho.
Batalha de Aljubarrota
O ponto culminante da carreira militar de D. Nuno foi a Batalha de Aljubarrota, travada em 14 de agosto de 1385.
Comandando as forças portuguesas ao lado do Mestre de Avis, D. Nuno enfrentou um exército castelhano numericamente muito superior e melhor ocupado, liderado pelo próprio rei João I de Castela.
Mais uma vez, a sua liderança e estratégia foram cruciais para a vitória. Utilizando o terreno de forma vantajosa e empregando formações defensivas eficazes, as forças portuguesas conseguiram desbaratar as tropas castelhanas, assegurando a independência de Portugal.
A vitória em Aljubarrota não só confirmou a independência do país, como também cimentou D. Nuno como um dos maiores heróis militares da história portuguesa.
A 15/16.10.1385 dá-se a jornada heroica de Valverde.
Vida posterior e vocação religiosa
Após a consolidação da independência, D. Nuno continuou a servir o rei D. João I, participando em várias campanhas militares. No entanto, com o passar dos anos, começou a afastar-se da vida militar, dedicando-se cada vez mais à vida espiritual.
Em 1423, depois da morte da sua esposa, D. Nuno repartiu os seus título e domínios entre os 3 netos, e distribuiu grande parte das suas riquezas pelos pobres, após o que ingressou no Convento do Carmo, em Lisboa, que ele próprio havia fundado, tendo professado como irmãos donato a 15.08.1423.
Adotando o nome de Frei Nuno de Santa Maria, passou os últimos anos da sua vida em oração e penitência, vivendo de forma humilde e devota até à sua morte, em 1 de abril de 1431.
Legado e canonização
O legado de D. Nuno Álvares Pereira perdurou ao longo dos séculos. Para além de ser lembrado como um herói nacional, a sua vida de fé e devoção inspirou gerações de portugueses.
Em 1918, foi beatificado pelo Papa Bento XV, um reconhecimento do seu exemplo cristão.
Finalmente, em 2009, D. Nuno foi canonizado pelo Papa Bento XVI, sendo declarado São Nuno de Santa Maria. É venerado a 6 de novembro.
A sua vida é celebrada tanto pela Igreja Católica quanto pelo povo português, que o venera como um símbolo de coragem, fé e patriotismo.
Conclusão
D. Nuno Álvares Pereira é uma figura central na história de Portugal, cujo impacto transcende a esfera militar.
Como Condestável, ele garantiu a independência de Portugal num dos momentos mais críticos da sua história.
Como homem de fé, ele dedicou os seus últimos anos à espiritualidade, tornando-se um exemplo de humildade e devoção.
A sua canonização como São Nuno de Santa Maria é um testemunho do seu caráter excecional, que continua a inspirar e a moldar a identidade portuguesa.
Oração a São Nuno de Santa Maria
Pai Santo, em Jesus Cristo mostrastes a São Nuno de Santa Maria o valor supremo do vosso Reino. Para o conquistar, ele exercitou-se com as armas da fé, do amor a Cristo e à Igreja, da Palavra de Deus, da Eucaristia, da oração, da confiança em Maria, da caridade, do jejum, da castidade, da fortaleza, do serviço, da rectidão de espírito e da justiça. Para vos servir de modo mais total como único Senhor, e a Maria Santíssima, Senhora do Carmo, a quem se consagrou na vida religiosa carmelita, de tudo se despojou. Concedei-nos, por sua intercessão, a graça… (nomeá-la), para que sem obstáculos da alma e do corpo possamos nós também viver sempre ao vosso serviço e, combatendo o bom combate da fé, mereçamos tomar parte no Banquete do Reino dos Céus. Por Cristo, nosso Senhor. Amen.Nota:
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