Amarante nos Caminhos de Santiago de Compostela

Amarante e o rio Tâmega

Misto de água e terra, Amarante sobressai de toda a paisagem nortenha pela sua beleza única, recantos inesquecíveis, momentos inigualáveis.

Nas franjas do Marão, a cidade de Amarante impõe-se também por um património eterno, que as suas gentes souberam preservar. Todo um património benzido pelo rio, o Tâmega, que corre sereno, cobrindo de verde as suas margens.

No centro ergue-se o convento de S. Gonçalo, cuja imagem, acompanhado pela ponte de S. Gonçalo, tornaram a cidade num verdadeiro ex-libris.

Também as suas ruas estreitas, ladeadas por um casario singular, são quase únicas. Exemplos de um património que se estende pelas muitas aldeias vizinhas:

– Igreja de Jazente, Lufrei, Telões, Travanca, Gatão, Gondar, Freixo de Baixo ou Mancelos,

– ou ainda os vestígios arqueológicos que permanecem na serra da Aboboreira.

Depois, a casa do poeta Teixeira de Pascoaes e a do pintor Amadeo de Souza Cardoso são também pontos a merecer a atenção de um olhar mais atento.

Um olhar que se completa, literariamente, na Biblioteca Albano Sardoeira, enquanto a pintura tem o seu ponto mais alto no Museu Amadeo de Souza Cardoso.

Após captar instantes do património amarantino, mergulhar nas águas calmas do Tâmega e sentir a imponência do Marão, recomenda-se ao visitante que passe por Amarante que não deixe de saborear os seus doces conventuais:

– Papos d’anjo, lérias, foguetes ou brisas

são um festim a completar um delicioso repasto onde não faltará

– o cabrito assado e a truta do Marão,

acompanhados do estaladiço pão de Padronelo e do famoso Vinho Verde.

Nas recordações de uma cidade única, impõe-se, também, o artesanato cuja originalidade a artesania preserva.

Bordados a ponto de cruz, crivo e recheio, cestaria de lódão, sacos e meias de lã são lembranças a levar para casa, para que um dia sinta vontade de regressar.

A Ponte de Amarante

Posta de lado a questão de saber se a primitiva ponte de Amarante foi ou não de construção romana, a verdade é que a povoação se desenvolveu por ser local de muito trânsito.

Sugere-o a vizinha Ponte de Canavezes, essa indesmentivelmente romana, citada no Itinerário de Antonino. Mas por ali passava também a Estrada Militar que, de Guimarães, seguia para Trás-os-Montes.

Foi ao longo desta via que se ergueram mosteiros tão importantes na Idade Média, como os de

– Pombeiro,

– Caramos,

– Santa Maria do Freixo

– e mesmo Telões.

Assim se explica que, ainda no século XII, tivesse sido fundado em Amarante um convento de Santa Clara.

O lugar, tão próximo de Guimarães, mas dele aliás já tão distante, conheceria a partir daí um desenvolvimento notável, em ligação íntima com a cidade berço e muito particularmente com a sua Colegiada de Santa Maria, do que muita documentação dá conta.

E quando, no século XIII, Gonçalo Pereira ali se instalou como eremita, Amarante seria não um grande povoado compactamente urbanizado, mas apesar de tudo uma razoável povoação, com os arredores ocupados por agricultores dispersos, e ladeada por florestas que se adensavam certamente Marão acima e rio Tâmega abaixo.

O trânsito dos peregrinos jacobeus

O trânsito de peregrinos para Compostela ter-lhe-á dado uma nova vida, também porque, a partir dos finais de Duzentos, o túmulo do eremita entretanto ali falecido – então já São Gonçalo de Amarante – se transformou rapidamente num dos santuários de mais intensa romaria do Norte português.

É possível que Gonçalo tenha animado a reconstrução ou reparação da velha ponte, entregando-se desse modo às tarefas da Caridade. Ele próprio, de resto, havia sido um peregrino, na fidelidade à espiritualidade da época.

Como quer que tenha sido, as duas devoções – jacobeia e gonçalina – interpenetraram-se de tal modo que alguns dados lendários da primeira se reproduziram na segunda: Dona Loba, o dragão, os bois ferozes amansados.

Mas, por cima de tudo, e tal como ainda hoje – tempo de autoestradas – acontece, quem desce de «para lá do Marão» à costa Atlântica, ou sobe do Douro (entre a Régua e, no mínimo, Porto Antigo) para o Minho, como pode não passar em Amarante?

Fonte: folhetos promocionais diversos (texto editado e adaptado) | Imagem