Borrego de Montemor | Produtos regionais de Portugal
Borrego de Montemor
O Marquês de Pombal incentivou a criação de gado merino.
No Alentejo surgiram lãs finas e descobriu-se a delicadeza da carne de borrego em terras de Montemor.
Foi a transumância que trouxe para cá as primeiras ovelhas de raça merina. Esta espécie de rito coreográfico que conduz o gado de uma zona de pasto para outra quando o clima se transmuta gradualmente de Verão para Inverno, começou há largos séculos na Península Ibérica.
Desde a Idade Média que os espanhóis conduziam os seus rebanhos para as terras raianas do Alentejo em busca de melhores pastos. O movimento inicial era esporádico e servia apenas para evitar alguns rigores climáticos do outro lado da raia.
A raça merina é tida como originária de Espanha, provavelmente através do cruzamento com ovinos do Norte de África. Foram os movimentos de transumância que introduziram gradualmente as ovelhas na pecuária alentejana.
A criação desta raça quase se extinguiu com o início das guerras da Restauração, que puseram fim ao domínio filipino.
Mais tarde, quando o Marquês de Pombal oficializou a introdução de ovelhas espanholas de raça merino, de presença pontual nos pastos da planície dourada passou a fonte de rendimento na economia local.
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Um pouco por toda a Europa
Os rebanhos foram sendo aclimatados às diversas regiões do país para se obter lã, peles e carne. A partir do século XVIII a raça merina expandiu-se também a outros países da Europa e Portugal começou a exportar lãs de qualidade.
No século XIX o distrito de Évora já gozava deste prestígio como documenta O Archivo Rural de 1867:«É alli que se produzem as lãs brancas de typo merino, algumas d’ellas bastante finas, como são por exemplo: as de Montemor.»
O aperfeiçoamento da criação deu origem à raça ‘merino branco regional‘ e demonstrou que a zona de Montemor possuiu um ecossistema peculiar que salienta as qualidades da carne.
Desde meados do século passado que a produção de carne tem sido melhorada pelos criadores locais. Este empenho permitiu certificar o borrego de Montemor-o-Novo em 1996.
Os pastos de azinheiras, sobreiros e zambujeiros contribuem para a qualidade de alimentação dos pequenos ruminantes após os 60 dias de aleitamento materno.
É nessa fase que a bolota, as forragens e os cereais transmitem à suculenta carne um gosto que distinguem os borregos montemorenses de outros existentes na região e também certificados com as Indicações Geográficas de ‘Nordeste Alentejano‘ e ‘Baixo Alentejo‘.
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Passaporte gastronómico
Nome:Borrego de Montemor-o-Novo IGPPaís:PortugalMorada:14 freguesias distribuídas pelos concelhos de Arraiolos, Évora, Montemor-o-Novo e Mora, numa área de 138.000 hectares.Data de nascimento:Século XVIIIParticularidades:Borregos da raça ‘merino branco regional’, com 90 a 120 dias de idade, nascidos e criados numa das freguesias da zona delimitada. Deve ser temperada com poucos condimentos para realçar o sabor suave e característico.Texto de Fortunato da Câmara – Essencial/SOL – nº231