José Valentim Fialho de Almeida | Autores Portugueses

José Valentim Fialho de Almeida – Síntese biográfica 1

Escritor, nasceu em Vilar de Frades, Alentejo, ano dia 7 de Abril de 1857, e faleceu em Cuba, no dia 4 de Março de 1911.

Filho de beirões (seu pai era professor primário), em Lisboa foi praticante de farmácia, formando-se (1875) em Medicina, que só esporadicamente veio a exercer.

Em 1893 casou-se (ficou viúvo 10 meses depois), indo dedicar-se à lavoura no Alentejo após 10 anos de vida boémia na capital. O mesmo desequilíbrio psicológico, associado a um constante ressentimento e a uma agressividade incontrolada, se projecta na sua obra impulsiva de crítico social.

Há no seu comportamento certo plebeísmo de sentimentos expresso em atitudes excessivas e brutais que ele assume conscientemente, sem se importar com o efeito causado, contanto que chame as atenções.

Foi um contista de mérito, como o mostram, entre outros, os seus Contos, 1881, e O País das Uvas, 1893, e sobretudo um panfletário. Os Gatos abrangem seis volumes, constituindo o conjunto de peças literárias publicadas mensalmente de 1889 a 1894.

A sua intervenção atempada e pertinente exprime-a num estilo caracterizado por um barroquismo contorcido e por uma turgidez verbal por vezes incontrolada a revelar falta de segurança e de gosto, a par de tentativas bem logradas de invenção e renovação de valores plásticos de linguagem.

(A.da Costa Pimpão, Fialho. Introdução ao Estudo da Sua Estética, Coimbra, 1943, A. Coimbra Martins, Portrait de Fialho, Coimbra, 1954, e João Décio, Introdução ao Estudo do Conto de Fialho de Almeida, Coimbra, 1969).

Fialho de Almeida 2

Fialho é um dos escritores portugueses que mais fortemente acusam a presença da sua terra nos seus livros, embora a formação citadina do seu espírito, predilecções cosmopolitas e um estilo laborioso e requintado o tenham impedido de se concentrar numa obra de expressão popular.  No seu vincado fundo alentejano e plebeu lutavam um esteta e um aristocrata.

Fialho nasceu em Vilar de Frades, no «campo branco», em pleno Alto Alentejo, numa zona de plainos e charnecas que ainda no fim do século XVIII um Bispo de Beja, o grande D. Frei Manuel do Cenáculo, teve de mandar colonizar, como faziam os Abades de Alcobaça a faixa central do país nos primeiros tempos da monarquia.

Era uma família de pequenos lavradores. O pai, mestre-escola, morreu cedo. Fialho frequentara um Colégio ao Conde Barão, em Lisboa, onde um ensino deficiente e um regime de internato tumultuário lhe feriram para sempre a sensibilidade e o espírito.

Alguns anos de praticante de farmácia agravaram esse recalque, que dominou toda a vida do escritor, fazendo dos seus contos e panfletos uma desforra fantástica, imaginária; uma verdadeira e por vezes estupenda descarga verbal.

Obrigado a ganhar a vida e a administrar de longe a pequena casa paterna, Fialho conseguiu fazer o curso de Medicina com grande dificuldade, dado o seu feitio boémio e a sua indisciplina estrutural.

A sua frequência da Escola Médica e dos cafés de Lisboa, por onde desfila toda a sociedade portuguesa e onde se cruzam as classes, completou-lhe uma larga experiência dos homens e da vida. Médico, uma efémera clínica na Bairrada ampliou e variou essa experiência, encetada na sua infância de aldeão e de onde em onde renovada ao contacto com a terra natal, de longe desejada e ao perto aborrecida.