O astrolábio é um instrumento de origem grega

O astrolábio

O instrumento astronómico denominado «astrolábio» é de origem grega, mas dele derivaram dois utensílios diferentes:

– o astrolábio redondo, ou esférico,

– e o astrolábio plano,

que se tornaram correntes na Europa medieval.

Podemos hoje reconstituí-los com toda a precisão porque há um grande número de trabalhos desse tempo dedicados à construção e ao uso dos astrolábios, e em especial do segundo citado. Estão neste caso também os Libros del Saber de Astronomia, que Afonso X de Castela mandou compilar.

A cada um daqueles instrumentos dedica essa monumental enciclopédia dois capítulos, descrevendo

– no primeiro, como deviam ser fabricadas as diferentes peças do astrolábio e,

– no segundo, as múltiplas aplicações astronómicas que ele tinha.

O astrolábio plano

É o astrolábio plano que mais interessa à história de Portugal, pelo intenso uso que dele fizeram pilotos e navegadores.

Compunha-se essencialmente de um disco de latão graduado na periferia, de um anel de suspensão e de uma medeclina, rodando em torno do centro do disco, e com as suas duas pínulas nas extremidades, perfuradas no ponto central.

Rodando a medeclina até uma posição conveniente e fazendo leituras na escala periférica, podiam com ele medir-se alturas de astros.

A utilização na agrimensura

Todavia, o astrolábio podia ser usado em outras operações astrológicas ou de agrimensura. Para esse fim eram traçadas nas duas faces do disco certas linhas, além do zodíaco e da representação de algumas estrelas principais.

Para os problemas de agrimensura, o dorso do astrolábio tinha também desenhado um quadrado trigonométrico.

A navegação de alturas no séc. XV

Quando foi introduzida a navegação de alturas, durante o século XV, cedo os pilotos se deram conta de que este era dos instrumentos mais úteis, e até sem qualquer dúvida o mais útil para as observações solares. E também não levou muito tempo a reconhecerem que toda a complicada rede de linhas traçadas nas duas faces do instrumento era dispensável para o uso que dele faziam.

Assim, o astrolábio plano tradicional foi muito simplificado, reduzindo-o a um anel graduado, à argola de suspensão e à medeclina, com as suas pínulas. Assim construído, passou a ser designado por «astrolábio náutico».

Tornou-se corrente em Portugal decerto antes de 1517, pois data deste ano a informação de um veneziano que descreve as suas simplificações em relação ao astrolábio astronómico e toscamente o representa à margem do texto.

A aceitar o testemunho de Gaspar Correia, teria sido o astrólogo judeu Abraão Zacuto, na década de 1490, o autor dessas modificações introduzidas no instrumento corrente. [L. A.]

Fontes: Dicionário Enciclopédico da História de Portugal – vol. 1 (texto editado e adaptado) | Imagem